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Ibovespa descola do exterior e praticamente zera ganhos do dia; dólar fecha na maior cotação em seis meses

O Ibovespa correu para cima, mas desacelerou nas últimas horas de negociações e fechou a terça-feira (5) com ganhos moderados. Um avanço tímido comparado ao tombo da véspera e à valorização das Bolsas no exterior. Logo se encerrará a primeira semana de outubro e o principal índice de ações do Brasil ainda está longe de se recuperar das perdas de setembro, quando teve o pior desempenho em dezoito meses. No exterior, o mercado teve um dia de trégua, com os indicadores PMIs, que são considerados termômetro das economias, em níveis considerados saudáveis.

A cotação do petróleo alcançou os maiores níveis em sete anos, o que por um lado ajudou a valorizar ações de gigantes petrolíferas em todo o mundo, mas, de outro, contribui com a preocupação sobre a escalada global da inflação – uma das principais preocupações dos investidores do momento. Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos com vencimentos mais longos voltaram a subir hoje, com expectativa de alta de preços e, consequentemente, de elevação dos juros já no ano que vem. Mas isso não impediu que o mercado acionário em Nova York tivesse um dia de alta com os investidores aproveitando para comprar ações descontadas.

Aqui no Brasil, o dado de produção industrial veio pior do que o esperado, com queda de 0,7% em agosto frente julho, terceira baixa seguida. Nesse período, houve perda acumulada de 2,3%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Analistas acreditam que o desempenho deve impactar diretamente o PIB do terceiro trimestre e forçar uma rodada de revisões de crescimento para o ano.

“Fica evidente a descontinuidade nas cadeias produtivas globais, muito por conta do desabastecimento de matérias-primas e insumos para a produção de bens finais. Além disso, se mantém no horizonte o impacto da demanda reprimida e do encarecimento dos custos de produção, pelo lado da oferta”, afirma Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos.

O Ibovespa chegou a subir mais de 1% hoje, mas encerrou o dia próximo da estabilidade, com leve alta de 0,06% aos 110.397 pontos. O volume de negócios ficou em R$ 29,376 bilhões.

O dólar comercial subiu 0,71% e teve a maior cotação de fechamento desde abril: R$ 5,484 na compra e R$ 5,485 na venda. O dólar futuro com vencimento em novembro de 2021 avança 0,39% a R$ 5,497 nos negócios do after market.

“O sentimento de que os juros nos Estados Unidos podem subir já no final do ano que vem puxa recurso para o dólar e as outras moedas, principalmente a de países emergentes, se desvalorizam”, explica Gustavo Cruz, estrategista da RB investimentos.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 teve leve alta de dois pontos-base, a 7,24%; DI para janeiro de 2023 avançou quatro pontos-base, a 9,26%; DI para janeiro de 2025 subiu cinco pontos-base a 10,30%; e o DI para janeiro de 2027 registrou variação positiva de seis pontos-base a 10,69%.

O desempenho do Ibovespa ficou bem abaixo ao das Bolsas em Nova York. O índice Dow Jones fechou em alta de 0,92%; o S&P 500 avançou 1,05%; e o Nasdaq terminou a segunda-feira com ganhos de 1,25%.

As ações do setor de tecnologia, as mais penalizadas com a queda de ontem, voltaram a subir. O Facebook pediu desculpas publicamente após ficar fora do ar por mais de seis horas, prejudicando negócios no mundo todo. A empresa informou que houve um erro de configuração interna, negou a hipótese de um ataque cibernético e descartou vazamento de dados.

Para Daniel de Paula, sócio-fundador da Nexgen Capital, a combinação de juros mais altos com incertezas fiscais impede a Bolsa brasileira de ampliar ganhos. “O mercado de renda fixa já está oferecendo retorno de dois dígitos no longo prazo, o que tira a atratividade para o investidor local. Se o ‘gringo’ não vem, a gente cai mais do que lá fora e sobe menos também”, explica. Os juros mais altos também aumentam o custo de capital das empresas, o que impacta o preço das ações.

Os ruídos políticos também persistem. O Senado aprovou convites para que o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto expliquem seus investimentos em offshores (empresas constituídas no exterior).

Guedes e Campos Neto, também poderão ser investigados pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A PGR informou na segunda-feira que vai abrir apurações preliminares para investigar offshores ligadas a ambos, citadas em reportagens do caso “Pandora Papers”.

Mas o cenário externo também continua preocupando. No Congresso americanos. parlamentares continuam a discutir a possibilidade de elevação ou suspensão do limite de endividamento dos Estados Unidos. A secretária de Tesouro Janet Yellen voltou a dizer hoje que caso o teto de gastos não seja ampliado, a economia americana poderá cair em recessão.

Na Europa, o preço do gás natural bate recorde com a oferta restrita, enquanto os preços do petróleo não param de subir. O preço do Brent, para dezembro de 2021, agora é negociado acima US$ 82. O WTI, para novembro de 2021, encosta nos US$ 80. Os preços da matéria-prima voltaram a subir, depois que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+) manteve o nível de produção para novembro em 400 mil barris de petróleo por dia.

Ainda que a preocupação com a inflação global continue no radar, as bolsas na Europa também aproveitam o momento de alívio nos mercados e fecharam em forte alta. O Stoxx 600, que reúne empresas de 17 países europeus em setores-chave subiu 1,17%. A Bolsa de Londres (FTSE100) avançou 0,94% e Frankfurt (DAX) tem alta de 1,05%.

Os investidores também segue de olho na China, que também passa por uma crise energética e no setor imobiliário. As ações de Evergrande, gigante do segmento, continuam com negociações interrompidas. A empresa deve vender alguns de  seus ativos na tentativa de aliviar a dívida de aproximadamente US$ 300 bilhões de dólares. Porém, a situação de outras duas empresas do setor de imóveis chinês também preocupa: a Fantasia Holdings e a Sinic Holdings estão com o caixa apertado e não pagaram dívidas. Analistas estimam que o setor imobiliário responda a 15% do PIB chinês.

FONTE:INFOMONEY(Por Mitchel Diniz)

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