Inflação já é quase o dobro da registrada no 1° ano de Guedes
Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação de janeiro a setembro de 2021 já é de 6,90%, quase o dobro da registrada durante todo o ano de 2019, o primeiro de Paulo Guedes como ministro da Economia, que foi de 4,31%. O índice acumulado nos últimos 12 meses já é de 10,25%. O número é o maior desde fevereiro de 2016 (10,36%). Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em setembro deste ano, o IPCA bateu recorde mensal de alta ao subir 1,16%. Trata-se da maior alta para o mês em 27 anos (desde 1994), quando o índice foi de 1,53%. O maior valor anterior em um único mês havia sido registrado em março de 2015: 1,32%. Em setembro de 2020, a variação mensal havia sido de 0,64%.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta em setembro. O maior impacto (0,41 ponto percentual) ocorreu na habitação, puxada especialmente pelo aumento nas tarifas de energia elétrica. Na sequência, veio o item transportes (0,38 ponto percentual), com crescimento acelerado pela alta no preço dos combustíveis e das passagens aéreas. No acumulado deste ano até setembro, o preço da gasolina já avançou 39,6% no país e o botijão de gás, 34,67%. Depois, vem o grupo alimentação e bebidas, que também teve aumento significativo (0,21 ponto percentual).
A inflação total acumulada durante o período em que Guedes está no cargo, de janeiro de 2019 até setembro de 2021, é de 16,54%. Os números vêm crescendo ano a ano desde a posse do ministro. Em 2019, a inflação foi de 4,31%. Em 2020, subiu para 4,52%. Neste ano, até setembro, o IPCA já está em 6,90%, conforme dados mencionados.
Segundo o economista Newton Marques, membro do Conselho Regional de Economia do DF e professor da Universidade de Brasília (UnB), esses aumentos se devem, em parte, à omissão da equipe econômica do governo. “Isso tudo começou com a pandemia. Depois, surgiu uma elevação no preço das commodities, sobretudo em relação às demandas, especialmente vindas da China, de grãos e minérios de ferro. Aí vieram o aumento do barril de petróleo e a desvalorização cambial pela saída de investimentos do país. O governo não fez nada, absolutamente nada. Botaram a culpa nos governadores e no Supremo Tribunal Federal. Aí veio um outro problema: o reajuste quase diário dos derivados do petróleo por conta do aumento do barril do petróleo, integralmente repassado ao consumidor.”
De acordo com o especialista, o governo federal não conseguiu emplacar projetos econômicos no Congresso Nacional, o que prejudicou mais ainda o cenário. “O governo acabou achando que as reformas seriam mais que suficientes para acelerar a economia, mas todas as reformas que a equipe econômica gostaria não foram aprovadas no Congresso. Mesmo que tivessem sido aprovadas, não haveria uma subida como a esperada”, ressalta.
Um dos culpados pela alta da inflação, para Marques, é justamente o ministro da Economia, Paulo Guedes. “Ele era justamente uma das autoridades que poderiam dar uma resposta, ninguém mais acredita. O governo agora não consegue resolver nem a questão do Auxílio Brasil. Não tem política econômica e há uma omissão do ministro da Economia.
O Ministério da Economia foi procurado pelo R7, mas não quis comentar o assunto.
FONTE: R7(Emerson Fraga, do R7, em Brasília)