Cemitério é ponto de peregrinação em agradecimento a graças alcançadas. Várias sepulturas acumulam placas de gratidão
Atividade de limpeza e conservação de túmulos gera oportunidade de trabalho e garante renda
A poucos metros da entrada do Cemitério da Saudade na zona Oeste de Marília fica a sepultura do religioso e ex-presidente da Câmara Municipal, Monsenhor Bicudo. Nascido em 7 de outubro de 1906, o líder católico veio a falecer em 5 de agosto de 1960, quando participava de um congresso religioso em Munique, na Alemanha.
Mais de 20 placas com graças alcançadas estão dispostas no interior da capela que abriga o túmulo. Na outra ponta deste mesmo cemitério, outra capela acumulava dezenas de placas, mas, recentemente existem poucas. Tudo indica que foram retiradas por conta da aparente reforma que o local está passando. Trata-se da sepultura de um fora-da-lei: Guaraci Marques Pinto, morto durante um confronto com a polícia aos 21 anos.
Chamado de Pé-de-Veludo, a Guaraci são atribuídas inúmeras graças e milagres. Neste 2 de novembro, tanto a sepultura de Monsenhor Bicudo, quanto a de Pé-de-Veludo estão entre as mais visitadas.
O Cemitério da Saudade, além de concentrar a história de Marília, também consiste em ambiente para geração de trabalho e renda.
Com uma média de 150 limpezas por mês, Eliana Silva trabalha no Cemitério da Saudade há uma década. “Cobro entre R$ 30 a R$ 50 por limpeza. Quando o túmulo é menor, faço por R$ 30. Agora, capelas e sepulturas maiores, acabo cobrando R$ 50”, comentou a trabalhadora.
As principais sujeiras encontradas são do tempo: como folhas, poeira e terra. Eliana informou que nesta época do ano as demandas aumentam e ela acaba realizando limpezas para novas famílias que a contratam esporadicamente. Existem famílias que são fixas e, geralmente, ela acaba realizando a limpeza periodicamente sempre às quintas ou sextas-feiras.
O Cemitério da Saudade é o principal e mais antigo da cidade. Além dos túmulos de Monsenhor Bicudo e de Pé-de- Veludo, existem outros que concentram placas com graças alcançadas, como o do ex-prefeito de Marília, Pedro Sola – nascido em 10 de maio de 1919 e falecido em 22 de maio de 1978 – e o da menina Iracema Rufino dos Santos, morta vítima de violência aos 7 anos de idade, em março de 1953. Outra sepultura que chama atenção pela originalidade – é a reprodução de um piano – quanto pela quantidade de placas de graças alcançadas, é a do garoto Antônio Carlos. Falecido no começo dos anos de 1960, o jovem músico recebeu aproximadamente 30 placas com gratidão por graças recebidas de fiéis.
FONTE : JORNAL DA CIDADE (MARILIA)