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China segue comprando soja do Brasil com embarque curto, intensifica concorrência com os EUA e pressiona Chicago

Oleaginosa brasileira é mais competitiva em termos de preços e qualidade, com maior teor de óleo e melhor para o esmagamento imediato. Prêmio da soja do Brasil posto China está acima dos US$ 3, mas ligeiramente menor do que o da americana. Atenção ao mercado de farelo na nação asiática, bem como à suinocultura.

A China segue comprando soja brasileira para embarques já em novembro e com rumores no mercado nesta semana de que teria vendido também alguns barcos para embarque em dezembro mesmo com a chegada efetiva da nova safra norte-americana ao mercado. Como explicou o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, há produto disponível e competitivo em termos de qualidade e preços por aqui, o que segue atraindo a atenção dos maiores compradores mundiais neste momento. 

“O Brasil tem um melhor aproveitamento da soja do que a americana e a China e aí vai de acordo com a estratégia chinesa. Ao pensar em uma soja que vai ficar guardada por um bom tempo, é melhor que a Sinograin faça compras de soja argentina, uruguaia ou até mesmo no PNW, que são os portos do Pacífico nos EUA e que é produzida no norte do país. Essa soja tem menos óleo do que a brasileira e essa é melhor para armazenar”, explica o analista.  

O prêmio da soja posto China vendida pelo Brasil para dezembro foi de cerca de US$ 3,20 por bushel sobre o contrato janeiro na Bolsa de Chicago, enquanto a soja ofertada pelo Golfo, nos EUA, registrou o valor de US$ 3,30. Ou seja, além da qualidade, o basis também faz a oleaginosa nacional mais atrativa agora. 

E essa clara concorrência entre os dois maiores exportadores mundiais da commodity ajuda, de um lado, a pressionar as cotações da soja na CBOT e a dar suporte aos prêmios do produto disponível no Brasil. Nesta quarta-feira, parte das baixas de mais de 11 pontos entre os futuros da oleaginosa vieram por parte dessa demanda mais lenta pela soja dos EUA para embarques curtos veio deste cenário. 

Os contratos mais negociados em Chicago encerraram o dia com perdas de 11,50 a 12,50 pontos, levando o novembro a US$ 12,31 e o maio/22 a US$ 12,65 por bushel. 

No entanto, Vanin explica ainda que há também um teto bem estabelecido para os prêmios no Brasil, já que há bons volumes ainda a serem comercializados por aqui e com os produtores precisando escoar essa soja para liberar seus armazéns para a safra nova, a qual deverá chegar mais cedo nesta temporada 2021/22 por conta do ritmo de plantio que é o mais rápido da história. 

“O Brasil vai abocanhando um pedaço importante do programa americano de exportação. Daqui a pouco a China vai comprar muito pouco nos EUA e as vendas semanais vão ficar mais lentas e já há bastante soja comprada no Brasil, vai começar a receber essa soja, e será uma corrida contra o relógio. Os EUA precisariam vender mais agora”, diz o analista. 

E para entender com a demanda da China continuará se dando, que neste momento tem se dado da mão para a boca, vai depender de alguns pontos importantes, como a margem da suinocultura local e, consequentemente, a demanda interna por farelo de soja e também de óleo. 

Nas últimas três semanas, ainda como explica Eduardo Vanin, a China comprou bastante soja e o que deverá ser adquirido até o final de 2021 e começo de 2022 ainda é um tanto incerto, justamente diante da nebulosidade sobre o mercado de suínos, o consumo de derivados e em como será o feriado lunar. 

Outro ponto importante é a orientação do governo chinês sobre a estocagem de alimentos. Na análise de Vanin, este é um ponto importante também para o andamento de diversos mercados e que, consequentemente, terá que ser acompanhado de perto. 

“Pode ser que isso traga uma melhora agora nas compras de carne suína, por exemplo, já que agora no inverno é epoca em que a população estoca mais carne. Pode estocar também um pouquinho mais de grãos e óleos vegetais, dar um pico agora, só que depois cair mais a frente. E depende de uma recuperação da demanda e a cadeia da soja depende de um feriado lunar normal”, diz. 

Caso o contrário aconteça e o governo chinês ainda se veja obrigado a intensificar as medidas de restrição, principalmente impedindo as viagens das famílias no maior feriado chinês, a demanda por proteínas – em especial a suína – pode ficar comprometida e causar impactos em cadeia. 
 

FONTE: AGENCIA BRASIL (POR CARLA MENDES)

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