Lideranças indígenas discutem financiamento de projetos na COP-26
Nesta quinta-feira (4/11), às 8h (hora de Glasgow, 5h em Brasília), lideranças indígenas brasileiras fazem um importante debate na Conferência do Clima (COP-26), em Glasgow. Será discutida a importância dos fundos operados por organizações indígenas para captar e aplicar recursos em projetos que promovam conservação e desenvolvimento sustentável nos territórios dos povos originários na Amazônia.
Valéria Paye, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), vai apresentar o Fundo Podáali (palavra na língua Baniwa que significa “celebração”), uma iniciativa criada e gerenciada por indígenas, para financiar projetos na Amazônia brasileira.
“Os modelos vigentes jamais foram facilitados para que os povos indígenas e suas associações acessassem recursos. A Coiab viu a necessidade de construir seu próprio mecanismo, um instrumento que apoie os povos indígenas e tenha a missão de ser captador de recursos para viabilizar nossas iniciativas”, observou Valéria Paye.
A Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica), que representa entidades dos nove países do bioma, também fará a apresentação de um fundo para financiar projetos na região. A fala fica por conta de José Gregorio Díaz Mirabal, coordenador-geral da Coica. O evento terá, ainda, participação de Nara Baré, coordenadora-geral da Coiab. Alexandre Prado, diretor de Finanças Verdes do WWF-Brasil, fará a moderação.
As terras indígenas representam a principal barreira ao desmatamento da Amazônia. Os povos originários, com seus modos de vida tradicionais, mantêm a floresta em pé, algo fundamental para conter a elevação das temperaturas na terra. Estudos em escala mundial e discussões que acontecem na Conferência do Clima (COP-26) demonstram que os projetos voltados para a conservação dos territórios indígenas podem ser efetivos para frear o aquecimento global.
A presidência da COP-26 identificou 11 temas prioritários para conter as mudanças climáticas e um deles é facilitar o acesso a mecanismos financeiros para povos vulneráveis. O financiamento climático consiste no fluxo de recurso destinados a iniciativas de mitigação, adaptação, pesquisa e capacitações, destinadas a reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Esses recursos deveriam totalizar US$ 100 bilhões/ano, mas a cifra ainda não foi atingida.
“Fundos como o Podáali representam um passo fundamental para que os povos indígenas sejam protagonistas em todas as fases que envolvem os projetos de clima em seus territórios, desde a captação, passando pela gestão e a execução”, concluiu Alexandre Prado.
O debate será transmitido ao vivo e ficará disponível no canal de Clima e Energia da Rede WWF no YouTube.
FONTE : WWF BRASIL