Black Friday chegou, mas a “Black Fraude” já está aí faz tempo
No dia da chamada Black Friday, Edgard Matsuki, editor do Boatos.org, mostra como a semana de ofertas também aquece o “mercado de fake news” e da “Black Fraude” no WhatsApp.
Em tempos de crescimento do PIB em desaceleração e inflação no sentido contrário, a Black Friday pode ser uma oportunidade para as pessoas economizarem na compra de alguns produtos. Seria tudo maravilhoso se o “dia de ofertas” não escondesse tantos golpes e, inclusive, ajudasse no aquecimento do “mercado das fake news”.
No dia da chamada Black Friday, Edgard Matsuki, editor do Boatos.org, mostra como a semana de ofertas também aquece o “mercado de fake news” e da “Black Fraude” no WhatsApp.
Em tempos de crescimento do PIB em desaceleração e inflação no sentido contrário, a Black Friday pode ser uma oportunidade para as pessoas economizarem na compra de alguns produtos. Seria tudo maravilhoso se o “dia de ofertas” não escondesse tantos golpes e, inclusive, ajudasse no aquecimento do “mercado das fake news”.
Quem tem interesse em comprar algo com “aquele desconto” precisa se atentar em tentativas de golpes nos sites de compras. Lá nos idos de 2017, o Boatos.org listou alguns destes tipos de golpes mais comuns na Black Friday. Três ainda são populares.
O primeiro golpe é o do site falso de e-commerce. No ano passado, páginas em redes sociais se espalharam com uma espécie de “superoferta”: produtos grátis com uma “pequena taxa de frete”. Aí que o golpe se escondia. Você entrava no site, fazia a compra “grátis”, pagava o frete e o produto? Esse nunca chegava.
Como explicamos no artigo, há algumas ações que podem nos prevenir deste tipo de golpe. Uma delas é verificar se a URL do site que promete a venda (principalmente quando a referência vier de uma rede sociais) é mesmo oficial da loja. Outra é verificar se a página está na lista negra do Procon.
Um segundo tipo de golpe (que se encaixa mais na categoria “propaganda enganosa”) é utilizado, inclusive, por lojas populares. É a famosa oferta pela “metade do dobro”. Basicamente, o preço dos produtos sobe dias antes da Black Friday para dar a impressão de que o desconto na sexta-feira de ofertas é maior. Neste sentido, a dica é buscar por um site comparador de preços e verificar se, de fato, a oferta de Black Friday é “oferta mesmo”.
O terceiro tipo de golpe é muito conhecido por leitores do Boatos.org e se multiplicou no último mês: o da “distribuição de brindes grátis no WhatsApp”. Apenas em novembro, contabilizamos 10 fake news do tipo. Vimos informações falsas relacionadas a distribuição de brindes de Black Friday em nome do Mercado Livre, Amazon, Americanas, Magazine Luiza, Gol, Azul, Ipiranga, Chevrolet, Atacadão e JBS.
Em todos os casos, tratam-se de páginas falsas que visam roubar dados de internautas e fazer com que golpistas lucrem com publicidade nas páginas. É aí que a Black Friday tem uma dupla utilidade: 1) A temporada de ofertas é ideal para que se tenha um “tema” a ser utilizado nos golpes. 2) O período da Black Friday é o que a publicidade online melhor paga. Logo, o lucro “por pessoa enganada” é maior para estes golpistas.
Neste sentido, a nossa recomendação é de que você aproveite a Black Friday com o máximo de prudência. Verifique os sites que você vai fazer a compra, verifique se a oferta é realmente boa e, nunca (seja na Black Friday ou não) acredite em ofertas de distribuição de brindes grátis no WhatsApp. Almoço grátis, nem na Black Friday você encontra.
Trends da semana
As palavras mais buscadas no Boatos.org nos últimos dias foram, em ordem crescente, Mercado livre, Leite nan soy, Bananas da Somália, Banana da Somália, Lula, Banana, Leite nan, Gol, Bananas da somalia e Fábrica de mendigos.
Os desmentidos mais lidos do Boatos.org nos últimos dias foram, em ordem crescente, sobre a notícia falsa que apontava que bananas vindas da Somália estavam causando mortes no Brasil, que a Gol estaria dando passagens grátis no WhatsApp, que o “Hospital Universitário” estaria dando leite Nan Soy, que abrir a válvula do botijão pela metade economizaria gás e que o Mercado Livre estava dando prêmios em uma roda premiada.
No Twitter, o conteúdo com maior engajamento era o que desmentia que Lewis Hamilton havia elogiado o presidente Jair Bolsonaro. No Facebook e no Instagram, o conteúdo com maior compartilhamento era o que desmentia que abrir a válvula do botijão pela metade economiza gás. No Telegram, o conteúdo mais visto era o que falava que Silas Malafaia havia alertado para nova novela da Globo. Por fim, no YouTube, o conteúdo mais visto era o que desmentia que bananas da Somália estavam vindos com uma bactéria mortal.
Edgard Matsuki é editor do site Boatos.org, site que já desmentiu mais de 6 mil notícias falsas
Uma das novidades do Boatos.org para 2021 é a seção “A Semana em Fakes”. Periodicamente, faremos análises sobre os assuntos mais recorrentes em termos de desinformação na internet. Este conteúdo ficará aberto para republicação em outros veículos de mídia. No momento, publicamos o conteúdo no Portal Metrópoles, Portal T5, Conexão Marília e O Anhanguera (caso tenha interesse, entre em contato com o Boatos.org para saber as condições). Para ver todos os textos da seção, clique aqui.