PIB do terceiro trimestre, votação da PEC dos Precatórios no Senado e variante Omicron da Covid-19: o que acompanhar na próxima semana
A última semana de novembro começa com os mercados abatidos pelo tombo da última sexta-feira (26) e investidores apreensivos com o avanço de Omicron, nova variante da Covid-19. As Bolsas na ocasião desabaram em um dia de baixa liquidez, com a sessão em Nova York reduzida, após o feriado de Ação de Graças. Em um pegão de poucas horas, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram mais de 2%, mas as Bolsas europeias sentiram ainda mais, caindo entre 3% e 5%. O Ibovespa caiu mais de 3% selando mais uma semana negativa.
O principal destaque da agenda de indicadores internos sai na quinta-feira (2), o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro referente ao terceiro trimestre de 2021. Os analistas do Itaú preveem estagnação em relação ao segundo trimestre e crescimento de 4,3% na comparação com o mesmo período do ano passado, que ainda estava fortemente impactado pela pandemia.
No PIB do terceiro trimestre, segundo o Itaú, o setor agrícola deve apresentar retração de 5,4%, a indústria deve permanecer estável e o setor de serviços pode apresentar uma expansão de 1,4% na comparação trimestral. “O setor de bens está em declínio, enquanto a fonte de crescimento marginal é a normalização do setor de serviços”, escreveram os analistas.
“Após exibir retração de 0,1% no segundo trimestre, a atividade econômica deve ter ficado estável nos três meses seguintes”, afirma relatório do Bradesco.
Na seara política, o destaque fica com o andamento da PEC dos Precatórios no Senado. A votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) está, inicialmente, marcada para a próxima quarta-feira. Caso a votação ocorra, a PEC poderá ser votada no plenário do Senado. Porém, se houver alterações significativas no texto-base, a matéria poderá retornar à Câmara, o que atrasaria o trâmite há poucas semanas do recesso parlamentar.
O presidente do Senado Rodrigo Pacheco disse que a aprovação da PEC é uma prioridade, mas que ela não será votada, necessariamente, esta semana. A PEC é fundamental para o governo aprovar o orçamento do ano que vem e abrir espaço para financiar o Auxílio Brasil de R$ 400, substituto do Bolsa Família.
Na terça-feira, os investidores vão conhecer os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) referente a setembro. Segundo o Itaú, o indicador de emprego pode trazer revisões importantes que podem impactar a série histórica do PIB, levando em conta que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o utiliza como referência para medir o PIB de alguns setores.
A taxa de desemprego estimada pela Itaú está em 12,9% no trimestre encerrado em agosto. “E esperemos que continue caindo até 12,2% até o final do ano”, afirmam os analistas. No mesmo dia, deverá ser divulgado o Caged (Cadastro Geral de Empregos e Desempregados) referente a outubro, já que a publicação do indicador foi adiada na semana passada.
A produção industrial de outubro é o principal indicador da sexta-feira e o Itaú prevê uma queda 0,1% na comparação mensal, frente a setembro (e uma queda anual de 6,9%).
A balança comercial de novembro será divulgada quarta-feira, com um déficit esperado pelo Itaú de US$ 1,7 bilhões, número bem pior que o superávit registrado no mesmo período do ano passado, de US$ 28,2 bilhões. O consolidado das contas públicas de outubro sai na quinta e os analistas do Itaú esperam um superávit de R$ 31,4 bilhões.
EUA e corporativo
Nos Estados Unidos, o destaque é o payroll, compilado de dados do mercado de trabalho americano. “Os dados de emprego e criação de vagas de trabalho, na próxima sexta-feira, serão importantes para compor o cenário inflacionário do país”, afirmam os analistas do Bradesco.
Segundo eles, apesar da inflação elevada nos EUA, nos últimos meses, o desempenho do mercado de trabalho ainda não representa uma preocupação para o Fed. Essa divergência é o que ainda sustenta a leitura de alguns membros do comitê de política monetária de transitoriedade das pressões sobre os preços.
A agenda no Congresso americano também deve ser agitada. A prioridade deve ser um acordo sobre o orçamento público, tema que tem calendário apertado para aprovação. Volta a ameaça de um shutdown e, a partir do dia 3 de dezembro, o governo poderia entrar em paralisação.
As discussões sobre o teto da dívida americana devem ser retomadas. Segundo Janet Yellen, secretária do Tesouro Americano, o teto poderia ser infringido em meados de dezembro. Por ora, não houve sinal de aproximação entre os partidos sobre a pauta, o que implica que o teto teria que ser elevado por uma manobra de reconciliação, o que permite aprovação de pautas por maioria simples, sem a necessidade de votos republicanos.
Na seara corporativa, Petrobras, Vale (VALE3) e Taesa (TAEE11) estão entre as companhias que promovem encontros com investidores nos próximos dias.
A Vale realiza evento anual com os investidores na segunda-feira (29). Depois de apresentar seu plano de negócios ajustado para os próximos 5 anos e revisar a política de dividendos, a Petrobras promove nova reunião na terça-feira (30), desta vez em Nova York.
No mesmo dia, a Gerdau (GGBR4) reunirá investidores em encontro promovido pela Apimec; a Embraer (EMBR3) reunirá acionistas em Assembleia Geral Extraordinaria (AGE) para discutir a incorporação da Yaborã Indústria Aeronáutica; e a Arezzo (ARZZ3) realizará seu Investors Day.
Camil (CAML3), BrasilAgro (AGRO3) e Ânima (ANIM3) também promovem encontros com investidores ao longo da semana.
FONTE :INFOMONEY (Por Mitchel Diniz)