WWF-Brasil promove oficina de capacitação da Plataforma SMART em Presidente Figueiredo, no Amazonas
De 17 a 24 de novembro, o WWF-Brasil promoveu uma oficina de capacitação da Plataforma SMART – software de código aberto que otimiza a coleta e o uso de dados sobre áreas protegidas – para cerca de 40 gestores de unidades de conservação, monitores, usuários e administradores da plataforma em Presidente Figueiredo (AM).
Além do treinamento, que incluiu também uma parte prática em campo, foi realizada a doação de equipamentos como telefones celulares, rádios, powerbank, armadilhas fotográficas e computadores.
A entrega dos equipamentos aconteceu em cerimônia que contou com a presença da prefeita de Presidente Figueiredo, Patrícia Lopes e o secretário de meio ambiente da cidade, Luís Schwade; de Fabrícia Arruda, secretária adjunta de gestão ambiental da Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Amazonas (SEMA-AM); do chefe do departamento de gestão de unidades de conservação Gleidson Aranda; do chefe da unidade de conservação da APA Caverna do Maroaga Jaime Júnior; e de Guillermo Estupiñán, representante da ONG WCS, integrante da Rede Global SMART.
A oficina foi ministrada por Felipe Spina e Jorge Duarte, e dá sequência ao trabalho iniciado pelo WWF-Brasil em 2019, quando foram promovidas ações para adaptar e trazer a tecnologia ao Brasil, incluindo a promoção de um treinamento, também no estado do Amazonas, na APA do Rio Negro, nas proximidades de Manaus.
Em 2020, a SEMA-AM publicou uma portaria adotando a ferramenta SMART como meio oficial do estado para monitoramento em campo de suas Unidades de Conservação.
“A implantação da plataforma SMART para o fortalecimento das Unidades de Conservação estaduais do Amazonas é pioneira no Brasil e no uso da ferramenta em português. Esperamos que essa tecnologia contribua para aumentar a capacidade local e a agilidade das ações de proteção e monitoramento, contribuindo para uma gestão mais efetiva dessas áreas protegidas”, avalia Spina, coordenador do projeto SMART no WWF-Brasil.
Jaime Gomes Neres Jr, gerente de manejo de conservação e ponto focal da ferramenta SMART na SEMA-AM, destaca a consolidação de um trabalho de dois anos envolvendo diferentes instituições: “O SMART pode agregar muito em relação à sistematização de informações, e está integrado a outros sistemas de monitoramento, tendo papel muito importante no incremento da efetividade do Sistema de Unidades de Conservação”.
Segundo informações da SEMA-AM, a APA Caverna no Maroaga guarda as formações geológicas mais antigas do flanco norte da Amazônia brasileira. A fauna de vertebrados é extremamente diversificada, e a maioria dos animais é de médio e grande porte, necessitando de extensos territórios para sobreviver. Há grande diversidade de espécies de morcego, que contribuem, em grande parte, para a diversidade da flora local. Cerca de 42 comunidades habitam a APA.
“A plataforma SMART vai ser fundamental para dar mais visibilidade ao trabalho das SEMAs e maximizar o trabalho de fiscalização e monitoramento, trazendo a Secretaria de Meio Ambiente para o século 21”, avalia Luís Augusto Soares, secretário municipal de meio ambiente de Presidente Figueiredo.
Ferramenta SMART já foi implementada em mais de 600 áreas protegidas, em 55 países
SMART, da sigla em inglês Spatial Monitoring and Report Tool (Ferramenta de Monitoramento Espacial e Criação de Relatórios) é um software de código aberto desenvolvido por agências e organizações de conservação ao redor do globo, preocupadas em melhorar a eficácia da gestão e proteção de áreas protegidas.
A ferramenta permite coletar, armazenar, comunicar e analisar dados sobre biodiversidade, assim como sobre atividades ilegais, rotas de ações de campo e ações de gerenciamento para melhor uso dos recursos.
Possibilita que atividades de campo sejam captadas e analisadas, com alertas em tempo real, registro de vários tipos de informação em uma mesma base de dados e um olhar mais apurado para os problemas e ocorrências de determinada área.
Informações como o tempo gasto em saídas de campo, áreas percorridas e distâncias, armadilhas removidas e infrações, por exemplo, podem ser registradas na SMART e ficar disponíveis para os técnicos e gestores envolvidos naquela ação.
O mecanismo já foi implementado em mais de 600 áreas protegidas, em 55 países, e 11 governos já adotaram o SMART como ferramenta oficial para todo o sistema de áreas protegidas.
Depoimentos dos participantes
► Fabrícia Arruda Moreira, secretária adjunta de gestão ambiental da SEMA-AM
“A plataforma só veio trazer benefícios para o monitoramento das Unidades de Conservação. Foi uma plataforma que eu testei pessoalmente, então estou me sentindo apta para falar dos benefícios que trará, bem como da facilidade de manuseio”
► Gilmar Nicolau, Chefe da REBIO Atumã (ICMBio)
“O uso de tecnologia é um desejo antigo nosso dentro da reserva, pois somos poucas pessoas e temos que usar a tecnologia da melhor forma para otimizar o nosso trabalho. Vejo oportunidade não só de coletar, como devolver os dados já em relatórios e ajudar a equipe ao longo dos anos a consultar dados acumulados de outros gestores.”
► Guillermo Moisés Bendezú Estupiñán, WCS
“Gostaria de destacar o poder que têm essas ferramentas hoje para apoiar iniciativas de monitoramento, proteção e gestão de dados que integram o manejo de áreas e os órgãos que gerenciam as Unidades de Conservação. O SMART se conecta com várias outras bases de dados que podem ser complementares, perpetuando o melhor uso da informação.”
► Artur Neto F. Duarte, SOS Amazônia
“O evento foi bem importante para nós, enquanto representante da SOS Amazônia. A ideia é utilizar a plataforma do SMART em nossos projetos em parceria com o ICMBio e no fortalecimento das comunidades tradicionais em pelo menos quatro reservas extrativistas do estado do Acre.”
► Miqueias Santos, gestor da RDS do Rio Negro pela SEMA
“Estamos muito felizes com o resultado dessa capacitação e eu, como gestor de Unidade de Conservação, saio com muito conhecimento adquirido, que vou levar para o meu dia a dia da gestão. Com certeza essa ferramenta vai otimizar o tempo das nossas atividades.”
► Aldeíza Lago, gestora do Mosaico do Apuí pela SEMA.
“Eu acredito que, em uma região como a que sou gestora, com dificuldade de acesso e logística para levantamento de dados, o SMART vem para simplificar a coleta e otimizar o tempo que costumávamos levar para agregar dados de diferentes locais dentro das Unidades”.
► Luana Bohrer, ONG Curicaca/RS
“Está sendo ótimo ter a parceria do WWF-Brasil para nós, do Instituto Curicaca, darmos mais um passo no apoio à efetividade de Unidades de Conservação do Sul do Brasil.”
FONTE:WWF BRASIL