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Entenda por que a 3ª geração de descendentes de japoneses não consegue embarcar ao Japão

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, o governo japonês restringiu a entrada de estrangeiros no país e tomou medidas de proteção em portos e aeroportos com o intuito de controlar a propagação do vírus. A partir do dia 01 de outubro de 2020 foi liberada a entrada de estrangeiros de todos os países, mas com o surgimento de uma mutação do novo coronavírus, após aproximadamente três meses, no dia 28 de dezembro, o governo japonês voltou a fechar as fronteiras pausando também a emissão de vistos.

Com isso, pessoas, famílias e, principalmente, descendentes de japonês de 3ª geração (sanseis) que já tinham planos para embarcar ao Japão entre o final de 2020 e começo de 2021, acabaram presos no Brasil e estão preocupados com essa situação imprevisível.

No dia 5 de novembro deste ano, considerando a redução de novos contaminados pela Covid-19 em vários países, o Japão também reformulou suas medidas de proteção, atenuando a restrição de entrada dos estrangeiros, inclusive descendentes de 3ª geração. A nova medida consiste em um novo documento, além dos que já eram necessários, que é um “certificado de exame” solicitada pelo responsável contratante para a jurisdição.

Parecia ser uma luz no fim do túnel. No entanto, cientistas que trabalham na África do Sul detectaram uma nova variante do Sars-CoV-2, a chamada ômicron. que levou o Japão a reformular suas medidas preventivas, paralisando até dia 31 de dezembro a emissão de novos vistos e cancelando também a validade dos vistos já emitidos.

No meio de toda essa confusão, está também a questão sobre o visto da 3ª geração com intenção de trabalhar no país.

A reportagem do Nikkey Shimbun conversou com cinco descendentes da 3ª geração que desejam ir ao Japão e também ouviu o Consulado Geral do Japão em São Paulo, sobrecarregado com atendimento aos departamentos envolvidos afetados pelas frequentes alterações nas medidas preventivas.

Cancelamento repentino
“Muitas das pessoas que planejavam trabalhar no Japão foram prejudicadas pela pandemia da Covid-19 e estão sem emprego para se sustentarem. Espero conseguir o visto o mais rápido possível para trabalhar no Japão”, diz Keiko Hirota, de 25 anos, residente na capital paulista. Keiko planejava ir para cidade de Izumo, em Shimane, onde seus pais já estão morando, no primeiro semestre de 2020, mas foi obrigada a adiar sua viagem devido a pandemia. No dia 1 de outubro, quando voltou a emissão dos vistos, ela entrou com o pedido, e finalmente, no dia 18 de dezembro, foi notificada a sua aprovação. Porém, no dia 29, a empreiteira a informou sobre o cancelamento temporário do visto por conta do fechamento de fronteiras para todos os países estrangeiros anunciado no dia 28, apenas 10 dias após a aprovação do seu visto.

A empreiteira já havia comprado a passagem aérea da Keiko com data marcada para 30 dias depois, preparando até as malas. Mas o voo foi cancelado.

Dificuldades
No caso do Brasil, a entrada das pessoas que já estavam com o visto emitido até dia 3 de janeiro de 2021 foi autorizada, e o cancelamento do visto foi temporário e não permanente. Mas considerando o prazo de validade do visto de 3 meses, também teve casos de pessoas com o visto que a validade foi cancelada no dia 28 de dezembro e durante o período do cancelamento passou o prazo de validade não conseguirem entrar no Japão.

Enfim, Keiko não conseguiu embarcar ao Japão mesmo depois de 2 anos de tentativa, ainda com a vida instável aqui no Brasil. Atualmente vive com a avó em Diadema (Região do Grande ABCD paulista) e se sustentam com a poupança e o dinheiro que seus pais – que adquiriram o visto permanente – mandam do Japão.

Keiko morou na cidade de Minokamo (Gifu) dos 3 a 12 anos de idade, quando seus pais decidiram trabalhar naquele país. Frequentou escola brasileira, com professores e amigos que maioria eram brasileiros, por isso quase não havia oportunidade para praticar a língua japonesa. Mas conheceu diversos lugares do Japão com seus pais e se apaixonou pelo país.

Retorno
Voltaram ao Brasil quando ela tinha 12 anos. Enquanto estudava, também ajudava na perfumaria que os seus pais abriram por aproximadamente 5 anos. Em 2016 foram ao Japão novamente e seus pais até hoje trabalham em Izumo. Mas Keiko voltou para o Brasil em 2019 para ingressar na faculdade. No entanto, foi difícil morar sozinha conciliando os estudos, trancou sua faculdade em 2020 com intuito de trabalhar no Japão para poupar um dinheiro e pensar nos próximos passos.

Neste ano, seus pais adquiriram o visto permanente no Japão. Seu pai tem doença renal que necessita de hemodiálise e está decidido que continuará com os tratamentos no Japão. Keiko é filha única e pensa na possibilidade de também se mudar permanentemente para o Japão. Mas atualmente está bem difícil de imaginar como as coisas serão daqui dez anos.

Frustração
“De qualquer forma, o meu maior desejo é reencontrar os meus pais no Japão. Tem muita gente como eu, impossibilitada de cuidar dos pais doente, e crianças em sua preciosa idade escolar perdendo oportunidades de aprendizado tanto no Brasil quanto no Japão” conta Keiko, frustrada com a dificuldade que estrangeiros e descendentes de 3ª geração enfrentam para obtenção do visto.

Ômicron
No site do Consulado Geral do Japão em São Paulo foi publicado que nas “Novas Medidas Relacionadas à Segurança nas Fronteiras (19)” é autorizada a entrada no Japão com fins comerciais, a trabalho, intercâmbio e estágio técnico com a condição de terem passado pela análise de aprovação do “Ministério Pertinente” através do “Receptivo Responsável” (apresentar a “Certidão de Análise e Aprovação do Ministério Pertinente” ou ainda o “Shinsazumisho”), respeitando o número limite de imigrantes.

Mas devido à variante Ômicron foi publicada as “Novas Medidas Relacionadas à Segurança nas Fronteiras (20)” e as solicitações e análises de novas Certidões estão suspensas.

Durante 3 semanas, do dia 5 a 29 de novembro deste ano, o Consulado Geral do Japão em São Paulo explicava que, “para a solicitação do visto é possível dar entrada com a análise de aprovação do Ministério Pertinente através do Receptivo Responsável junto com os demais documentos necessários entregues a Embaixada do Japão no Brasil e que este procedimento era aplicável também para os descendentes de japonês de 3ª geração”.

No entanto, com o surgimento da variante Ômicron, “‘Novas Medidas Relacionadas à Segurança nas Fronteiras (20)’ publicado no dia 29 de novembro suspendeu temporariamente as solicitações e análises de novas ‘Certidões’ até o dia 31 de dezembro de 2021 assim como as solicitações do visto através da ‘Certidão de Análise e Aprovação do Ministério Pertinente’” voltando atrás as restrições de imigração que parecia ter dado um passo à frente.

Passos de tartaruga
A empreiteira Avance do Brasil, que realiza também solicitações de vistos, diz que “foi autorizada a solicitação de visto através da ‘Certidão de Análise e Aprovação do Ministério Pertinente’. Mas o processo para a aprovação é bastante complicado e são poucos que estavam conseguindo progresso. Ainda com passos de tartaruga voltamos com os processos, foi quando fomos pegos pelas Medidas Relacionadas à Segurança nas Fronteiras do dia 29 e tivemos que começar com o cancelamento das viagens ao Japão”, explicando as dificuldades enfrentadas pelos descendentes de japonês de 3ª geração, pelo próprio Consulado Geral do Japão em São Paulo e pelas empreiteiras.

Custo de vida alto
Erika Hayakawa (nome fictício), descendente de japoneses de 32 anos da 3ª geração, deseja ir trabalhar no Japão em companhia do marido, Leandro (nome fictício), também de 32 anos, sem ascendência japonesa, e depois se mudarem para lá permanentemente.

Em maio de 2019, o casal viajou durante um mês a turismo e conheceu arredores de Tóquio. Foi quando se encantaram com a segurança e o ambiente bem estruturado e limpo do Japão e reforçaram a vontade de morar no país. Deram entrada a solicitação de visto em dezembro de 2020, quando estavam com planos de trabalharem no Japão em abril do ano seguinte. Mas não foi possível realizar por conta que o governo japonês suspendeu temporariamente o recebimento de solicitações.

Os dois trabalhavam em pesquisas da área de química após a formação na faculdade. Erika já tinha saído do seu emprego antes da viagem a passeio ao Japão e até hoje está desempregada. Leandro ainda atua na empresa multinacional americana.

“Trabalhei em empresas com meu título de doutorado, mas o salário é muito baixo enquanto que o custo de vida só aumenta” diz ele preocupado com a vida insegura aqui no Brasil. Mesmo estudando para se especializar em uma área, a vida de proletários brasileiros é instável, o salário não aumenta em contra partida dos preços em alta.

“Levo mais de 2 horas de carro só para ir até a fábrica onde trabalho. Mas a empresa só fornece 30% da despesa com transporte. A gasolina não para de subir, além de verduras e carnes. Não temos condições de ter e criar filhos” – conta.

Barreira
Erika tem intenções de trabalhar ou em Fukui ou em Shimane, já que o primo do seu pai já trabalha em Fukui e mora lá por vários anos. Leandro sempre foi fã de animações japonesas e se apaixonou pelo Japão durante a viagem por sentir que as pessoas lá são gentis. Os dois só falam inglês e japonês só sabem cumprimentos básicos, mas demonstram muito interesse pela cultura japonesa. Também se posicionam positivamente em aprender a língua e construir novas amizades lá.

“Dá muito trabalho para conseguirmos o novo documento da ‘Certidão de Análise e Aprovação do Ministério Pertinente’. E ficamos preocupados se a validade dos outros documentos que preparamos para a solicitação do visto já há 1 ano atrás não vai vencer.” Erika deseja que a pandemia diminua ainda mais e conta com as providências futuras do governo japonês.

Quer, mas não consegue voltar
“A vida agora aqui no Brasil é como se tivesse que viver no centro de Tóquio só com ¥60.000 por mês. Dá nem para comprar uma roupa para os filhos. São dias que eu nunca imaginei passar quando estava no Japão”, conta o Shinji Kawai (nome fictício), de 37 anos, descendente de japonês de 3ª geração, cabisbaixo.

Em 2017, quando o pai da sua esposa Reina (nome provisório, 40 anos) adoeceu, voltaram para sua terra natal Mogi das Cruzes, São Paulo, junto com sua filha que na época estava no 4 ano do ensino fundamental e seu filho de 3 anos. O pai da Reina faleceu ano passado então não tem mais motivo para permanecerem aqui.

Logo que voltaram para cá o Shinji já tentou se empregar, mas só conseguiu um emprego fixo 2 anos depois em um restaurante de sushi que fechou com a pandemia. Em seguida, trabalhou na seção de peixaria de um mercado, mas também acabou sendo demitido.

“Não encontro emprego desde que voltamos ao Brasil. Até trabalhei como diarista em fábrica, mas recebia só em torno de R$50,00 (¥1.000). No Japão um emprego desse dava condições básicas para a vida pelo menos, aqui no Brasil é diferente. Ficava até deprimido.”

Raízes italianas
Shinji é filho de pai descendente de japonês de 2ª geração e mãe brasileira com raízes italianas. Seus avós são de Akita e sua avó é imigrante pré-guerra. Mas Shinji possui só nacionalidade brasileira.

Ele foi ao Japão quando tinha 3 anos, quando seus pais foram para trabalhar, e viveram na região de Tóquio e Saitama. Estudou em escola japonesa desde o ensino fundamental até o colégio e chegou a ingressar na universidade particular de Tóquio, mas por motivos financeiros teve que trancar. Após isso trabalhou como tradutor particular, foi aprendiz de sushiman e trabalhou em fábrica de autopeças através de uma empreiteira.

Nada o preocupava em relação a língua com a vida no Japão, e em casa ele praticava português, então, embora não seja tão fluente quanto japonês, também não passa dificuldade na fala e na leitura básicos.

Shinji conheceu Reina no Japão, e seus filhos, que hoje a filha mais velha tem 13 anos e o filho tem 7, também nasceram e cresceram no Japão. “As crianças não puderam receber uma educação sistemática no período mais importante de estruturação dos conhecimentos acadêmicos básicos. A minha filha que frequentou escola japonesa até os 8 anos prefere escola japonesa”.

Atualmente o que mais preocupa o Shinji é que o seu pai doente está precisando de uma grande cirurgia. Ele não tem outros parentes com quem pode contar no Japão, por isso o casal teria que cuidá-lo. “Preciso do visto o mais rápido possível para voltar ao Japão”, diz.

Despesas
Shinji começou os preparativos para voltar ao Japão já há 2 anos. Para ajuntar todos os documentos exigidos há um custo considerável, além de certidões de vários tipos e cerca de 30 fotos contando com os do passado, que levou mais tempo do que o esperado.

“Certificado de Elegibilidade” também passou a ser necessário na jurisdição do Consulado Geral do Japão em São Paulo. Esse Certificado é um dos documentos exigidos aos estrangeiros (inclusive os brasileiros descendentes de japonês) para a solicitação do visto. Para a emissão é preciso ter algum parente residente no Japão como procurador. Shinji conseguiu esse Certificado por seu pai que mora lá, mas isso é uma barreira para quem não tem nenhum parente no Japão.

Quando Shinji finalmente tinha conseguido juntar os documentos no Brasil e no Japão, o governo japonês suspendeu as solicitações e análises de novos vistos em 28 de dezembro de 2020. Desde então tem continuado a situação e ele nem entrada consegue dar.

Carteira de Trabalho
Shinji, que sempre trabalhou no Japão, enfrentou mais um problema no processo de procurar empregos aqui no Brasil: a questão da Carteira de Trabalho.

“Não sou o único que tem a Carteira de Trabalho em branco por voltar ao Brasil depois de adulto, também tem pessoas que migraram para cá de outros países. Geralmente, os responsáveis pela contratação levam em consideração o histórico da Carteira de Trabalho para avaliar a sua carreira. Então, se não tem carreira no Brasil, já é uma desvantagem. A Carteira para ‘proteger os empregados’, para pessoas como eu tem se tornado um grilhão”, diz.

Uma das razões para a dificuldade que as pessoas em torno de 30 anos que estão precisando de emprego enfrentam é essa seleção através da carreira registrada na Carteira de Trabalho. Shinji já viu casos em que pessoas na casa dos 40 e 50 anos com mais carreira registrada tinham mais facilidade para encontrar emprego. Reina descendente de japonês de 3ª geração, que foi ao Japão aos 15 anos por conta do trabalho dos seus pais, também só tem experiência profissional no Japão, passou por mesmas dificuldades e até hoje não conseguiu um emprego.

“No Japão, se você não fizesse muita questão, podia encontrar vários empregos. Mas aqui no Brasil nem bico eu consigo” – conta Reina, cabisbaixa.

Atualmente, Shinji trabalha em um petshop de Mogi das Cruzes que conseguiu no final de outubro. “Mesmo recebendo só um salário mínimo é muito bom ter um emprego” – diz aliviado.

Saudade das amizades
Shinji perdeu sua mãe aos 7 anos por motivo de doença. Os japoneses ao seu redor cuidaram dele para que não se sentisse só e até hoje ele agradece muito a isso.

“No Japão, mesmo depois do expediente passávamos um tempo com os colegas de trabalho, nos divertíamos juntos. Em contrapartida, a relação com as pessoas aqui no Brasil é pouca. Agora eu só tenho falado com meu amigo de outro estado da época que morava no Japão” – conta.

Sentiu medo com a falta de segurança daqui do Brasil. Sentiu diferença no sabor do sushi e até se surpreendeu da técnica de como monta que era muito diferente de como aprendeu durante o treinamento de sushiman no Japão. Shinji tem apenas nacionalidade brasileira, mas nesses últimos 5 anos aqui no Brasil, ele e sua família “se sentem mais estrangeiros” do que quando viviam no Japão.

“No Japão somos brasileiros, e aqui no Brasil também nos sentimos estrangeiros. Já aconteceu de japonês mais velho de Mogi das Cruzes me discriminar dizendo ‘você não é japonês’” – Shinji se sente desolado.

“Não entendo o porquê a 3ª geração não consegue mais solicitar visto depois que entramos na pandemia, sendo que a 2ª geração ainda continua conseguindo. Desde que nos conhecemos como gente vivíamos no Japão e desejamos viver nesse país que tanto gostamos.”

Na próxima vez que for para lá, Shinji planeja adquirir nacionalidade japonesa.

Somente em casos de “circunstâncias excepcionais” reconhecidos pelo Ministério da Justiça pode emitir o visto

Circunstâncias excepcionais
Segundo o Consulado Geral do Japão em São Paulo, mesmo durante a pandemia quando havia suspendido temporariamente a entrada de todos os estrangeiros no país, haviam casos que foi autorizado a emissão do visto por serem reconhecidos como “circunstâncias excepcionais” designadas pelo Ministério da Justiça.

Especificamente diz se de casos de pessoas estrangeiras que já estiveram no Japão com autorização de reentrada, cônjuges ou filhos de japoneses ou de residentes permanentes (incluindo descendentes de 2ª geração), pessoas que forem reconhecida a necessidade de reunião da família em caso de membros isolados, novas entradas que respeitam as exigências determinadas nas “Medidas Relacionadas à Segurança nas Fronteiras (19)” publicada no dia 5 de novembro de 2021, e principalmente os casos que devem ser analisados humanitariamente e casos públicos, foram analisadas suas particularidades e autorizados a entrada no país como “circunstâncias excepcionais”.

Atualmente, independentemente da nacionalidade, descendentes de 3ª geração que for reconhecida a situação de separação da família (que possua a “certidão de elegibilidade” do membro residente) é considerada como “circunstância excepcional” sendo autorizada a entrada no país.

Desejo de morar com a mãe
A mãe de Anna Suzuki (nome provisório, 18 anos), descendente de japonês da 3ª geração, residente em Guarulhos, trabalha no Japão desde 3 anos atrás. No final de 2019, Anna foi a passeio ao Japão e permaneceu durante 1 mês para passar com sua mãe que na época morava em Toyama.

“Eu já queria morar com ela no Japão, mas ela me disse que era melhor eu terminar o ensino médio aqui no Brasil antes.”

Com o sonho de viver no Japão com a mãe, Anna mora com a sua avó. Ela concluiu o ensino médio em 2020 e estava com expectativas de que até o maio deste ano estaria com o visto emitido para trabalhar no Japão, mas já estamos para terminar o ano. Ela já preparou todos os documentos necessários para a solicitação do visto e agora passa os dias estudando japonês aguardando o momento da viagem.

Atualmente a sua mãe mora na cidade de Izumo (Shimane), onde tem muitos outros brasileiros residentes, e trabalha na fábrica da Corporação Tamura. A previsão é que Anna more e trabalhe junto com a sua mãe.

A vida com a sua avó é tranquila e Anna diz gostar tanto do Japão quanto do Brasil. Mas diz também que “no Brasil é difícil conseguir uma remuneração que cubra todos as despesas mesmo trabalhando duro”.

Também planeja voltar para cá para começar uma faculdade depois de trabalhar por cerca de 2 anos no Japão. Tem interesse em artes visuais além da cultura e costumes japoneses.

Marcelo Harada (nome fictício, 41 anos, natural de Maringá, Paraná), depois de ter concluído o ensino médio, trabalhou na fábrica da Yokohama Rubber na cidade de Ise (Mie) de 2010 a 2012.]

Enquanto trabalhava no Japão, conheceu a conterrânea Hiroko (nome fictício, 40 anos) e se casaram. Em 2012, a sua avó doente o motivou a voltar para Maringá e passar os dias com a família depois de muito tempo, quando começou a trabalhar como fotógrafo.

Fez fotografia para casamentos e eventos, mas durante a pandemia que impossibilitou a realização de eventos o serviço diminuiu consideravelmente. Atualmente sustenta a esposa e a sua filha de 7 anos com a poupança.

Preparativos
Desde o ano passado, Marcelo frequenta aula de japonês 4 vezes por semana com duração de 3 horas por aula. “A minha esposa sabe melhor japonês, logo mais ela prestará o nível 3 da Prova de Proficiência em Língua Japonesa”.

Marcelo é filho de pai descendente de japonês de 2ª geração e mãe brasileira com raízes italianas. O seu avô imigrante japonês pensou que não conseguiriam mais voltar ao Japão já que o país perdeu a guerra e por isso acabou deixando de ensinar a língua japonesa ao seu filho. Portanto, Marcelo também não aprendeu japonês enquanto criança.

“Tenho muita saudade de quando trabalhava em Ise. Meus amigos japoneses sempre me trataram muito bem, sempre fazíamos churrasco juntos.”

Marcelo começou os preparativos para ir ao Japão desde antes da pandemia do coronavírus e tinha planos para trabalhar na cidade de Izumo, em Shimane, onde os irmãos e primos da Hiroko também trabalham. Em dezembro de 2020 já deu entrada a solicitação do visto a trabalho, mas no dia 28 de dezembro de 2020 o governo japonês bloqueou a entrada de novos estrangeiros de todos os países suspendendo temporariamente também as novas solicitações e análises de visto, desde então não conseguiu obter o visto.

“Trabalhei 11 anos no Japão e 9 anos no Brasil, afinal acho que prefiro a vida no Japão. A segurança e também a educação para a minha filha é melhor lá. Na verdade, eu queria ter colocado a minha filha na escola japonesa desde o primeiro ano do fundamental em abril de 2021” – sua maior preocupação é com a educação da sua filha.

Futuro
O Consulado Geral do Japão em São Paulo apresentou que “a Organização Mundial de Saúde considerou a ‘variante Ômicron’ como uma variante que necessita de maior preocupação em 26 de novembro. Portanto, como medida preventiva de situação emergencial, suspendemos as Medidas Relacionadas à Segurança nas Fronteiras (19). Isto é uma providência temporária e sem precedente até que tenha mais informações sobre a variante Ômicron”.

Assim justifica por que suspendeu as solicitações e análises de novos vistos do dia 2 a 31 de dezembro, excetuando determinados casos, que tinham acabado de retomar no dia 5 de novembro com a adição do novo documento da ‘Certidão de Análise e Aprovação do Ministério Pertinente’.

Variante
Ainda há possibilidade de as medidas impostas pelo governo japonês progredirem ou regredirem dependendo do número de infectados pela nova variante. Não há nada a fazer além de esperar que o governo japonês abra os portões dos vistos seguindo as novas informações, para que os descendentes da 3ª geração que estão desejando levar uma vida melhor no Japão consigam o mais rápido possível e para que a necessidade de mão de obra para a economia do país seja atendida.

FONTE: ALTERNATIVA ON LINE

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