Secretaria de Direitos Humanos traz informações sobre a comunidade Surda
Deficiente auditivo, surdo ou surdo-mudo? Secretaria ajuda a esclarecer dúvida
Ao longo da história da humanidade as pessoas com deficiência sempre foram excluídas do contexto social e vistas como objeto de caridade da comunidade.
Os surdos eram considerados dignos de pena e vítimas da incompreensão, não apenas da sociedade como também da própria família. No entanto, essa visão vem sendo modificada ao passo em que é cada vez mais discutida por profissionais de diversas áreas do conhecimento em conjunto com a comunidade Surda, o que tem contribuído para conquistas e avanços dos direitos desta população.
São cerca de 2% da população que representam aproximadamente 10 milhões de brasileiros Surdos (IBGE, 2010).
Recentemente o programa Big Brother Brasil, através de uma de suas participantes do programa, conceituou os termos utilizados para comunidade surda, que contribuiu para repercussão nacional, colocando mais informação na opinião pública, desmitificando termos pejorativos que muitas vezes acabam sendo discriminatórios e preconceituosos.
Mas afinal, qual é o termo correto? Surdo-Mudo? Deficiente Auditivo? Mudinho?
Para esclarecer essa dúvida é que a Secretaria de Direitos Humanos de Marília preparou esse trabalho, entrevistando a pedagoga e intérprete de Libras, Inis Prado, que coordena o Núcleo de Libras, serviço oferecido pela secretaria desde 2021.
Confira a entrevista:
Afinal Professora, qual termo está correto? Podemos chamar surdo de surdo-mudo?
- Não é correto dizer que todo surdo é “surdo-mudo”, a maioria dos surdos tem as cordas vocais em perfeito funcionamento. Portanto, não falam porque não aprenderam a falar, mas se comunicam com a língua de sinais, através da Libras. Por isso não são surdo-mudo, são poucos os surdos que também são mudos. Uma pessoa é muda quando não consegue utilizar o seu aparelho fonador, órgãos que produzem os sons da fala; portanto qualquer pessoa, inclusive os surdos, que tenha esse aparelho em perfeito funcionamento, pode desenvolver a fala, geralmente com ajuda de especialistas”, disse a pedagoga Inis Prado.
E o termo deficiente auditivo, quando podemos usar?
-O uso da terminologia “deficiente auditivo” tem sido rejeitada pela comunidade surda, por ser fruto de representações construídas pela área da saúde, que para eles se considera como um ser “doente” ou “deficiente”, inferiorizando suas capacidades, o que tecnicamente os categoriza de acordo com o grau da surdez, entre leve, moderado, severo ou profundo”.
Como devemos se referir aos surdos? - Quando formos nos referir ao surdo ou surda, o uso correto dos termos são: deficiente auditivo será para pessoa com perda auditiva, seja moderada ou total, e com a palavra “Surdo” em letra maiúscula para se referir a integrantes da Comunidade Surda, que têm Libras como a língua materna.
Quais suas considerações e que mensagem você deixaria a população mariliense que aprendeu bastante com suas informações?
-Reforço que ser “Surdo” é para além de categorias, são seres humanos como nós, merecem respeito, eles gostam, comem, bebem, adoram musica, dançam, namoram, choram, estudam, têm profissão, possuem vida social e cultural, são pessoas inteligentes e capazes, que precisam ser visibilizados pela sociedade, incluídos socialmente e seus direitos garantidos e respeitados. Eles são grupos sociais, que possuem identidade própria, identidade compartilhada por pessoas que usam a Língua de Sinais, membros de uma cultura própria, que não vêm a si mesmos como pessoas “deficientes”, assim como é a comunidade LGBTTQIA+, culturas indígenas, religiões, cada um tem sua diversidade cultural, linguagem social, vivem em comunidades, que se integram e se relacionam, assim são os surdos.
ACESSE OS SERVIÇOS DA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS
Núcleo de Libras da Secretaria de Direitos Humanos é um serviço que conta com duas pedagogas, intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais), que por meio de videochamadas, intermediam a comunicação entre pessoas surdas e os serviços públicos ofertados pela Prefeitura de Marília.
O atendimento é de segunda a sexta, das 7h30 às 17h, via WhatsApp. Aos finais de semana, somente urgências:
(11) 91038-8641 – Jéssica Roberta da Silva Corrêa (manhã – das 7h30 às 13h);
(11) 91038-9577 – Inis Marques da Silva Prado (tarde).