Amazônia bate recorde de desmatamento em pleno período de chuvas, aponta Deter
Mesmo em plena temporada de chuvas, quando o desmatamento costuma ser mais baixo na Amazônia, a devastação bateu um novo recorde no mês de fevereiro. Foram mais de 198 km2 de florestas derrubadas, o maior valor para o mês de fevereiro em toda a série histórica iniciada em 2016, de acordo com dados do Sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Os dados também são preocupantes no Cerrado, onde o período de seca costuma ser em agosto.
Segundo Mariana Napolitano, gerente de Ciências do WWF-Brasil, os elevados níveis de desmatamento nos meses de chuva nesses dois biomas são um alerta da pressão que esses biomas sofrerão ainda neste ano. “Nesse ritmo de destruição, infelizmente teremos ainda mais queimadas, eventos climáticos extremos, problemas de abastecimento nas cidades e quebra de safra”.
Para Raul Silva Telles do Valle, diretor de Justiça Socioambiental do WWF-Brasil, os dados servem de alerta para o Congresso Nacional, que deve barrar iniciativas do “Pacote de Destruição”, que aceleram a destruição da Amazônia. “Se o Congresso Nacional transformar em lei os desejos de Bolsonaro – anistiar grileiros, liberar garimpo em terra indígena, liberar obras sem avaliação de impacto, proibir destruição de maquinário usado no crime ambiental – o Brasil vai bater recordes sucessivos de desmatamento por anos a fio. Não vai adiantar investir em polícia ou IBAMA, pois a legislação estará formatada para premiar quem desmata. Será um desastre completo.”
Dados alarmantes
Na Amazônia, a taxa de desmatamento já havia batido o recorde histórico para janeiro, com a destruição de 360 km2, reforçando que o aumento do desmatamento observado nos últimos anos não perde a força nem mesmo no período chuvoso.
Os estados que registraram os maiores índices de desmatamento em fevereiro foram o Mato Grosso, com 78 km2, o Pará com 49 km2, o Amazonas com 40 km2 e Rondônia, com 23 km2.
No Cerrado, a destruição da vegetação natural também segue em alta, mesmo na temporada de baixa, segundo os dados do Deter. O desmatamento no bioma costuma aumentar a partir de agosto. Em fevereiro foram desmatados mais de 282 km2 no bioma, igualando os valores de fevereiro de 2020. Em janeiro, haviam sido desmatados mais de 491 km2 de Cerrado, maior valor para janeiro desde 2019.
Os estados da região do Matopiba foram os responsáveis pelos maiores índices de desmatamento no Cerrado em fevereiro: a Bahia, com 82 km2, o Tocantins, com 59 km2, o Maranhão, com 42 km2 e o Piauí, com 33 km2.
FONTE; WWF BRASIL
