Polos da Terra são atingidos por ondas de calor sem precedentes
Os polos da Terra estão apresentando temperaturas extremamente altas nos últimos dias. Estações meteorológicas registraram na sexta-feira (18) uma marca 40º C acima do normal em partes da Antártida e 30ºC acima da média no Ártico, segundo a agência de notícias Associated Press (AP).
No continente antártico, a estação Concordia apresentou a marca de -12,2ºC, sendo que o mais comum para essa época seria de -27,8º C. A Antártida como um todo ficou 4,8ºC mais quente do que a temperatura de referência entre os anos 1979 e 2000, segundo o Climate Reanalyzer da Universidade do Maine, nos Estados Unidos.
Já a estação Vostok, na região ártica, chegou a marcar uma temperatura de -17,7 ºC, quando o normal seriam -47,7ºC. No mesmo dia, o Polo Norte ficou 3,3°C mais quente do que a média de 1979 e 2000, de acordo com o Climate Reanalyzer,
Em comparação, o mundo de modo geral alcançou uma temperatura 0,6ºC acima da apresentada nesse intervalo de 21 anos. Nesse período, as temperaturas já eram cerca de 0,3ºC mais quentes do que a média do século 20.
Zachary Labe, cientista climático da Universidade Estadual do Colorado escreveu no Twitter que ambos os eventos na Antártida e no Ártico podem estar relacionados a um transporte de calor semelhante a rios atmosféricos. Esses fenômenos são compostos por uma umidade que traz ar quente e úmido para determinadas regiões.
Para Walt Meier, cientista do Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo em Boulder, no Colorado, as marcas registradas nos polos são definitivamente incomuns. “São estações opostas. Você não vê o polo norte e o sul derretendo ao mesmo tempo”, disse à AP.
Junto com Matthew Lazzara, meteorologista da Universidade de Wisconsin, Meier considera que o que ocorreu na Antártida é provavelmente apenas um evento aleatório, e não um sinal de mudança climática. Porém, os pesquisadores dizem que, se isso voltar a ocorrer repetidamente, poderá ser um sinal do aquecimento global.
Por outro lado, Matt King, que lidera o Centro Australiano de Excelência em Ciência Antártica, explicou ao jornal britânico The Guardian que a falta de registros de temperatura a longo prazo dificulta a contextualização histórica das ondas de calor nos polos do planeta. “O primeiro dos registros precisos de temperatura começou no final da década de 1950, então é muito difícil descobrir o que é notável e o que não é”, disse King.
Mas ele alerta que a crise climática já significa que eventos como esses seriam uma tendência. “Em algum momento, dependendo do que fizermos com nossas emissões de carbono, poderemos ver esses tipos de temperaturas com muito mais regularidade”, alertou.
FONTE: AMBIENTE BRASIL (VIA GALILEU)