Japão não abandonará participação em projeto de gás na Rússia, diz Kishida
O Japão não abandonará sua participação no projeto de gás natural liquefeito (GNL) Sakhalin-2 na Rússia, pois é essencial para a segurança energética, disse o primeiro-ministro Fumio Kishida nesta quinta-feira (31), os comentários mais claros até agora sobre os planos de Tóquio para o assunto.
Kishida também disse no Parlamento que espera que o Banco do Japão mantenha os esforços para atingir sua meta de inflação de 2%.
A crise na Ucrânia colocou o envolvimento do Japão no projeto Sakhalin-2 e outros similares na Rússia em foco, particularmente depois que as principais petrolíferas ocidentais disseram que se retirariam em protesto contra as ações da Rússia.
Enquanto o Japão, com poucos recursos, vem aumentando as sanções contra a Rússia, Tóquio disse repetidamente que o GNL russo é essencial para a segurança energética.
“Não é nossa política se retirar” do Sakhalin-2, disse Kishida em resposta a uma pergunta no Parlamento.
Separadamente, ele disse que o governo “tomará as medidas apropriadas sobre as políticas cambiais em estreita comunicação com as autoridades monetárias nos Estados Unidos e outros países, já que a estabilidade da moeda é importante e movimentos cambiais acentuados são indesejáveis”, quando questionado sobre o recente enfraquecimento do iene e seu impacto na economia.
Materiais importantes
O Japão tomará medidas de emergência para garantir o fornecimento estável de sete materiais estratégicos dos quais depende fortemente da Rússia ou da Ucrânia, pois a guerra e as sanções interrompem as cadeias de suprimentos, disse o ministro da Indústria nesta quinta-feira.
As ações incluem o apoio do governo para aumentar a produção nacional, compras alternativas e ajudar os desenvolvimentos tecnológicos para reduzir o uso de materiais que incluem GNL e materiais usados na fabricação de chips.
Os esforços para comprar participações em energia e metais também serão intensificados com o apoio da estatal Japan Oil, Gas and Metals National Corp (JOGMEC), disse o ministério no lançamento de uma nova força-tarefa.
O Japão pedirá aos países produtores de petróleo e gás que aumentem a oferta de energia e formem novas coalizões com aliados para fortalecer as cadeias globais de fornecimento de semicondutores.
O país com poucos recursos enfrenta um risco crescente de interrupções no fornecimento de energia e commodities essenciais à medida que a Rússia continua as ações militares na Ucrânia, nas quais Moscou chama de “operação especial”, e as sanções ocidentais à Moscou aumentam.
Os temores aumentaram ainda mais depois que o Kremlin indicou na quarta-feira que todas as exportações de energia e commodities da Rússia poderiam ser precificadas em rublos, endurecendo a tentativa do presidente Vladimir Putin de fazer o Ocidente sentir a dor das sanções impostas pela invasão na Ucrânia.
Para lidar com o risco, o ministério da indústria japonês identificou sete itens-chave para os quais medidas imediatas precisam ser tomadas para garantir o fornecimento estável, incluindo petróleo, carvão térmico e carvão metalúrgico, paládio usado como catalisador automático e ferroliga usado na fabricação de aço.
No ano passado, a Rússia respondeu por 9% das importações de GNL do Japão, 3,6% das importações de petróleo bruto, 13% do carvão térmico e 8% das importações de carvão metalúrgico.
A dependência do Japão da Ucrânia e da Rússia para o fornecimento de gases nobres, como o néon, um ingrediente-chave para a fabricação de chips, é de cerca de 6%, enquanto 43% do paládio e 50% do ferrocromo e 33% do ferrosilício vieram da Rússia em 2020.
“Estaremos nos comunicando de perto com empresas japonesas para aumentar a produção local e aquisições alternativas, e forneceremos apoio político ousado, se necessário”, disse um funcionário do ministério.
Sob a força-tarefa, o ministério também traçará planos de médio e longo prazo para reforçar as cadeias de fornecimento de energia e commodities, acrescentou.
FONTE ; ALTERNATIVA ON LINE