Famílias japonesas reduzem consumo após alta de preços, mostra pesquisa
As famílias japonesas que tiveram a experiência de passar anos pagando os mesmos preços por seus produtos preferidos, agora, como era de se esperar, estão se tornando menos tolerantes com os aumentos no valor de mercadorias como alimentos e outros itens de necessidades diárias, revelou uma pesquisa feita pela Mizuho Research & Technologies Ltd.
O levantamento mostra a realidade contrária à observação feita pelo presidente do Banco do Japão (o banco central do país), Haruhiko Kuroda, que no início de junho disse que os consumidores haviam se tornado “tolerantes” com os aumentos de preços, publicou a Kyodo News.
Com as eleições para a Câmara Alta marcadas para julho, o governo do primeiro-ministro Fumio Kishida rapidamente forçou Kuroda a retirar o que disse, o qual precisou ainda pedir desculpas após as críticas do público.
A pesquisa da Mizuho Research revelou a tendência das famílias cortarem gastos com alimentos e bebidas.
Com base em dados trimestrais do BOJ, a Mizuho Research quantificou a tolerância das famílias subtraindo a porcentagem de entrevistados que consideraram os aumentos de preços “perturbadores” daqueles que os perceberam como “desejáveis”.
Ficou demonstrado que entre junho de 2004 e março de 2022 a tolerância das famílias diminui acentuadamente no segundo semestre de 2021, quando os brotaram os anúncios de elevação dos preços, como do petróleo, que teve consequências diretas na hora de abastecer os carros.
Entre os itens que as famílias já cortaram estão saquinhos de chá, futons, condicionadores de ar, óleo de cozinha, revelou a pesquisa, citando sua análise separada com base em estatísticas do governo, como o índice de preços ao consumidor e a pesquisa de gastos das famílias.
Saisuke Sakai, economista sênior da Mizuho Research, chamou a atenção para a carga desproporcionalmente alta que os preços crescentes impõem às famílias de baixa renda.
“Eles são menos tolerantes a aumentos de preços, pois as necessidades diárias representam uma proporção maior de seus gastos”, em comparação com seus pares mais abastados, disse Sakai.