Reunião na ONU debate risco de discurso de ódio e fake news para operações de paz
O Conselho de Segurança debateu, nesta terça-feira em Nova Iorque, a importância da comunicação estratégica em missões de paz das Nações Unidas.
A sessão, organizada pelo Brasil, foi dirigida pelo ministro das Relações Exteriores do país, Carlos França. A presidência do Conselho este mês é do Brasil.
Minusma/Harandane Dicko
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Fonte confiável
Além do secretário-geral da ONU, António Guterres, o comandante da Força de Paz na República Democrática do Congo, Monusco, também falou aos membros do Conselho de Segurança. O general brasileiro Marcos de Sá Affonso da Costa ocupa a posição desde abril de 2021.
Esta foi a primeira vez que o Conselho de Segurança dedicou um debate ao papel das comunicações estratégicas em operações de paz. Para o chefe da ONU, a comunicação eficiente é uma questão de “vida ou morte” e a diferença entre paz e guerra.
Guterres diz que esse é um meio essencial para o engajamento e apoio à “missão vital” da entidade.
Ele lembra que no atual cenário de instabilidade e aumento de ataques aos boinas-azuis, a desinformação e discurso de ódio são cada vez mais usados como armas de guerra e para justificar “atrocidades”.
Ao afirmar que a ONU deve ser vista como fonte confiável, o secretário-geral pontuou seis ações que estão sendo implementadas para fortalecer a comunicação das missões de paz.
Ações concretas
Segundo o líder das Nações Unidas, uma abordagem integrada entre todas as partes da missão deve ser adotada, tanto no corpo militar como entre os civis. Ele afirma que os líderes das missões devem garantir que as comunicações sejam parte do planejamento e tomada de decisões.
Para Guterres, as melhores ferramentas precisam ser implantadas para combater e o discurso de ódio e o treinamento é crucial nesse contexto.
Ele também pediu um monitoramento contínuo das campanhas de informação da ONU, para avaliar sua eficácia. Por fim, Guterres afirmou que mecanismos devem ser adotados para fortalecer a responsabilidade e acabar com a má conduta, incluindo o combate à exploração e ao abuso sexual.
O secretário-geral explicou que, em um mundo cada vez mais digital, “a comunicação direta continua sendo a maneira mais poderosa de construir confiança e combater narrativas falsas.”
ONU/Marco Dormino
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Notícias falsas
Já o comandante da Força Monusco avaliou que um “sentimento antimissão” prevaleceu em partes da República Democrática do Congo, onde grupos armados controlam grandes áreas do território.
Para o general Marcos de Sá Affonso da Costa, mais do que nunca uma força efetiva depende de uma estratégia de comunicação mais forte.
Ele acredita que as notícias falsas, que são difundidas por meio de mensagens e mídias sociais, “são difíceis de distinguir da realidade e em breve serão praticamente indetectáveis”.
FONTE: ONU NEWS