COLETA SELETIVA: QUANDO MARÍLIA VAI AVANÇAR NESTE SENTIDO?
Repercutiu bastante nos últimos dias a iniciativa de retirada de 13 (treze) pontos de entrega voluntária de materiais recicláveis, popularmente chamados de “ecopontos” em Marília.
Nas redes sociais e em reportagens veiculadas pela imprensa local, um dos responsáveis pela implantação do serviço, Ademar Aparecido de Jesus, apontou que a retirada dos dispositivos foi feita por causa de recorrentes episódios de mau uso pela população e pela falta de apoio do poder público municipal.
O curioso é que menos de um mês antes a imprensa havia noticiado o anúncio da própria Administração Municipal em tom de comemoração, de que um ano após o início do projeto, dez toneladas de recicláveis, como plásticos, papéis, metais e vidros, estavam sendo recolhidas por mês por meio dos ecopontos.
Embora o volume representasse apenas 5% da quantidade de lixo recolhida diariamente na cidade, conforme apontou uma fiscalização do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), realizada em março, já era um começo. O que se pergunta agora é: o que vai ser do meio ambiente e das pessoas que sobrevivem da reciclagem com esse gigantesco passo para trás? E que lições tiramos dessa experiência?
Que as gestões anteriores deixaram a desejar com relação à destinação correta do lixo e dos materiais recicláveis descartados em Marília é fato. Mas a atual gestão (governo Daniel Alonso) já está no segundo ano do segundo mandato, ou seja, faz seis anos que essa equipe está à frente da Prefeitura e até agora nenhum projeto concreto para a solução dos diversos problemas relacionados a isso, incluindo a implantação da coleta seletiva, foi apresentado à sociedade. Assim, continuamos dependendo de ações isoladas como a dos ecopontos que agora estão sendo retirados. Isso é lamentável.
Atribuir o fracasso dessa “parceria” à falta de consciência de parte da população é um argumento inaceitável! Se ainda existem pessoas que jogam lixo doméstico nos ecopontos é porque não existe uma política pública eficaz de educação ambiental, por exemplo. Por que ao invés de auxiliar na retirada dos ecopontos a Prefeitura não trabalhou na busca de soluções para mantê-los e até ampliá-los? É o mesmo que matar a vaca para eliminar os carrapatos.
É claro que esse cenário não será modificado da noite para o dia. O processo é longo, mas até a maior jornada começa inevitavelmente com o primeiro passo e o que a sociedade espera são passos à frente, mesmo que curtos no início. Eliminar os ecopontos não resolve o problema, pelo contrário. E o que mais preocupa é a falta de alternativas à situação, que contraria o interesse público. Não por acaso Marília ficou na 1.225ª posição do ranking nacional (567º lugar dentre os 645 municípios de São Paulo), do Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades, divulgado recentemente.
Lembramos que no dia 30 de maio um novo secretário assumiu a pasta do meio ambiente, que foi desmembrada da Secretaria Municipal de Limpeza Pública. O que a sociedade espera é que TODOS OS SETORES DA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL TRABALHEM JUNTOS em benefício da sociedade. Seja de quem for a atribuição burocrática da implantação da coleta seletiva e das demais ações relacionadas à destinação correta dos resíduos produzidos na cidade (limpeza pública ou meio ambiente), precisamos de ações concretas, de planejamento e de projetos. Afinal, “para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve”. Mas a população de Marília não vai se contentar com qualquer caminho, porque sabe muito bem onde quer chegar.
Uma prova disso foi a segunda Plenária do Lixo, realizada pela MATRA em agosto de 2019, em parceria com a Origem, o CADES (Conselho Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável), Conselho de Habitação e Política Urbana, ACIM (Associação Comercial e de Inovação de Marília) e o CODEM (Conselho de Desenvolvimento Estratégico de Marília).
O evento, que reuniu mais de 150 pessoas dos diversos segmentos da sociedade para discutir os problemas e buscar soluções para a destinação do lixo, foi um marco na história da cidade. Deste encontro por Marília, surgiram oito propostas objetivas para a mudança do cenário atual, em uma ação livre de interesses político-partidários.
O documento com o resultado dessa mobilização da sociedade civil organizada foi entregue para várias autoridades, dentre elas o Prefeito e o Secretário Municipal de Limpeza Pública que, na época, acumulava também a pasta do meio ambiente. O que estão esperando para ouvir a população? O que falta para o Poder Público aceitar a ajuda que a própria sociedade oferece espontaneamente na busca de alternativas para esse e tantos outros problemas?
Não dá para continuar nesse ritmo, é preciso acelerar! Garça e Pompeia, só para citar exemplos de cidades próximas, já contam com serviços de coleta seletiva de qualidade. Por que nestas localidades dá para fazer e aqui não?
Abaixo você vai encontrar várias publicações sobre a Plenária do Lixo.
Fique atento cidadão e cobre os seus direitos. Porque Marília tem dono: VOCÊ!
FONTE: MATRA