Fukuoka Kenjinkai celebra 110 anos de imigração e seu 90º aniversário com comitiva da província mãe
Fundada em junho de 1930, a Associação Fukuoka do Brasil celebrou os 110 Anos da Imigração dos Provincianos de Fukuoka e o 90º Aniversário de Fundação da Associação Fukuoka do Brasil no último dia 23, no Espaço de Eventos Hakka, no bairro da Liberdade, em São Paulo, com a presença de uma comitiva oriunda da província mãe, composta, entre outros, pelo vice-governador de Fukuoka, Ryosuke Shojima, e pelo presidente interino da Assembleia Legislativa daquela província, Motoaki Yoshimatsu; além de deputados estaduais.
Participaram ainda do evento o presidente do Fukuoka Kenjinkai, Agostinho Toshio Minami; o cônsul geral do Japão em São Paulo, Ryosuke Kuwana; o vice-presidente da Kenren (Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil), Alfredo Makoto Ohmachi; o vice-presidente do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – e presidente da Fundação Kunito Miyasaka, Roberto Nishio; o presidente da Enkyo – Beneficência Nipo-Brasileira de São Paulo, Paulo Saita; o vereador Aurélio Nomura e o ex-deputado federal Walter Ihoshi, além de diretores, associados e representantes de kenjinkais.
Após as execuções dos hinos nacionais do Brasil e do Japão, foi feito um minuto de silêncio em homenagem aos pioneiros. O presidente Agostinho Minami abriu a série de discursos lembrando que o atraso de dois anos nas comemorações ocorreu por conta da pandemia do coronavírus, que fez aproximadamente 700 mil vítimas fatais no Brasil. “Estou muito feliz por ver tantos associados reunidos aqui para comemorarmos juntos essas datas tão importantes. Isto demonstra a força de nossa associação”, disse Agostinho, lembrando que a história da imigração de Fukuoka para o Brasil com a vinda de 21 famílias totalizando 79 pessoas de Fukuoka, que desembarcaram no porto de Santos em 06 de junho de 1910 no navio Ryojun Maru, o segundo navio a aportar em Santos vindo do Japão trazendo os pioneiros japoneses..
Intercâmbio – “Desde a fundação da nossa associação, em 1930, por 68 anos, tivemos à frente presidentes isseis. Em 1998, mudou a gestão para nissei, por cinco anos”, recordou Agostinho, que assumiu em 2008, tornando-se- o primeiro presidente sansei da Associação Fukuoka, e, “provavelmente o primeiro dentre de todos os kenjinkais”.
Ex-bolsista, Agostinho destacou que assumiu com o objetivo de criar novos líderes e passar o comando da associação para as novas gerações. Para ele, que cumpre o sexto mandato – sendo quatro consecutivos desde 2008 (atualmente cumpre o segundo mandato após a sua volta) – o desafio dos associados da segunda e terceira gerações, é “como manter vivo e forte o vínculo que nos une à província mãe. “Também é importante passar aos futuros líderes o que aprendemos dos nossos senpais”, afirmou, acrescentando que, “para que possamos manter viva a nossa associação, é muito importante que os jovens conheçam Fukuoka, terra dos seus antepassados, e sintam orgulho e gratidão por serem descendentes de Fukuoka”.
“Para tanto, pedimos ao governo de Fukuoka que sejam mantidos o programa de bolsas de estudo e o programa de intercâmbio de crianças de 11 anos, indispensáveis para termos líderes que darão continuidade a nossa associação e serão a ponte de ligação com o Japão no futuro”, discursou. Ao jornal Nippon Já, Agostinho Minami explicou que, desde 1967, quando teve início o programa de bolsas, já foram enviados cerca de 240 estagiários. Já o Programa de Crianças de 11 anos Descendentes da Província é dirigido aos filhos dos associados e os participantes, que não precisam necessariamente falar o idioma, são convidados a vivenciar a cultura e os costumes da terra de origem dos seus familiares através de diversas atividades e estada de dez dias no Japão.
Em sua fala, o vice-governador também deu ênfase ao programa de bolsa e fez um breve relato da história da província de Fukuoka.
Parceiros – Já o cônsul Ryosuke Kuwana lembrou que os pioneiros de Fukuoka se dedicaram com afinco à formação das primeiras colônias no Brasil e “com muito esforço fundaram a matriz da associação de Fukuoka na cidade de Bauru, no interior de São Paulo. Em seguida, se formaram outras associações, como as de Suzano, Campinas e Curitiba. Entre os descendentes ilustres dos imigrantes de Fukuoka, o cônsul destacou, como exemplos, os ex-deputados federais João Sussumu Hirata e Antonio Ueno.
Ryosuke Kuwana também destacou a participação de “muitos jovens brasileiros que participam nos programas de bolsas de estudos e estágios oferecidos pela província e que, após retornarem ao Brasil, têm atuado nas mais diversas áreas”. “Acredito que o intercâmbio interpessoal é a base das relações de amizade entre os nossos países”, disse.
Amigo de Agostinho Minami dos tempos do Arquidiocesano, o vereador Aurélio Nomura disse que o momento é para agradecer. “Agradecer, primeiro, os pioneiros de Fukuoka que vieram na segunda leva ao nosso país e com muito trabalho, muita dedicação, com sangue, suor e lágrimas ajudaram a construir o nosso país”.
Meio ambiente – Em seu discurso, a exemplo do cônsul, o parlamentar também citou a participação dos políticos João Sussumu Hirata e Antônio Ueno, “contemporâneo” do seu pai, o também ex-deputado federal, Diogo Nomura. “Nós vemos que a participação de Fukuoka teve um papel decisivo para mudar a imagem daqueles nikkeis recém-chegados às grandes cidades. Era necessário nos mostrarmos perante a sociedade brasileira, mesmo porque a grande maioria dos nikeis ainda moravam nos sítios e era importante nós abrirmos o diálogo, mostrando com orgulho o trabalho, a dedicação e a história de todos aqueles imigrantes, mas colocando os nikkeis perante a sociedade brasileira como pessoas de respeito, de caráter, de dignidade e de honestidade”, salientou o parlamentar, explicando que, “agora, iniciando uma nova fase, precisamos ter um estreitamento cada vez maior entre o Brasil e o Japão, mas principalmente em relação à Fukuoka porque sabemos que Fukuoka tem uma grande expertise nesta relação com a questão ambiental”.
Samba e taikô – A cerimônia prosseguiu com homenagens aos idosos, troca de presentes, doação do governo de Fukuoka para as três entidades nipo-brasileiras (Bunkyo, Kenren e Enkyo), o kagami biraki e o tradicional Kanpai.
Após o almoço teve início a parte de apresentações artísticas com o grupo de taikô Mika Youtien e a Escola de Samba do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo, Acadêmicos do Tucuruvi, que colocou todo mundo para sambar.
FONTE: NIPPON JÁ (Aldo Shiguti)