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Roteiro do setor agrícola lançado na COP27 não é consistente

Empresas que juntas representam uma fatia dominante do comércio global de commodities florestais e de risco ecossistêmico publicaram nesta segunda-feira (7) um Roteiro para uma “ação aprimorada da cadeia de suprimentos consistente com um caminho de 1,5ºC”. Este roteiro potencialmente poderia fazer a diferença,  contribuindo com o fim do desmatamento global, da conversão de ecossistemas e, consequentemente, com a luta contra a mudança climática global. No entanto, o documento apresentado hoje não leva à transformação profunda e urgente que precisamos para a cadeia de suprimentos.

O documento foi construído sob a facilitação da Tropical Forest Alliance, sediado pelo Fórum Econômico Mundial, e foi assinado pela ADM, Amaggi, Bunge, Cargill, Cofco International, Golden Agri-Resources, JBS S.A, Louis Dreyfus Company B.V, Marfrig, Olam International, Viterra e Wilmar Internacional. As commodities florestais e de risco ecossistêmico comercializadas globalmente, como soja, gado, couro, óleo de palma, cacau e borracha, são de longe os maiores agentes  das emissões de gases de efeito estufa geradas por meio do desmatamento e da destruição de ecossistemas.

O Roteiro do Setor Agrícola para alcançar a meta de 1,5ºC não é ambicioso o suficiente para diminuir o desmatamento e a conversão de ecossistemas naturais até sua eliminação total dentro do prazo necessário para atingir o caminho de 1,5 graus Celsius. As empresas devem zerar os níveis totais de destruição de habitats com urgência, considerando uma data-alvo explícita e uma data limite até 2020, fundamental para qualquer compromisso significativo de desmatamento/conversão e respeitando todos os acordos setoriais previamente estabelecidos.

 “Este roteiro apresenta alguns avanços, pois as empresas estão finalmente reconhecendo que precisam eliminar a destruição de ecossistemas das cadeias de suprimentos. No entanto, ainda é frustrante que ecossistemas como o Cerrado não sejam considerados de forma completa e consistente nos compromissos apresentados dos setores de soja e pecuária”, afirma Mauricio Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil. “A ausência de uma data de corte clara e de metas para eliminar a conversão da cadeia produtiva da soja trava o setor em uma trajetória de altas emissões de carbono e perda contínua de emissões de carbono. A ciência demonstra que o desmatamento e a conversão devem ser eliminados urgentemente das cadeias de suprimentos de commodities para diminuir suficientemente as emissões globais de GEE e atingir a meta de 1,5ºC.”

FONTE: WWF BRASIL

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