Alceu Valença é premiado pela UBC em ‘noite quente’, marcada pelo impacto dos cantos de Juliana Linhares e de Almério com Martins
♪ Choveu e fez frio na cidade do Rio de Janeiro (RJ) na noite de terça-feira, 8 de novembro, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Contudo, dentro da sede da União Brasileira de Compositores (UBC), os termômetros marcavam altas temperaturas.
Em “noite quente”, como bem caracterizou Paula Lima, integrante da diretoria da instituição, Alceu Valença recebeu o Prêmio do Compositor Brasileiro e teve a obra cantada por diversos artistas em show orquestrado sob a direção artística de Zé Ricardo.
A cerimônia de entrega da sexta edição do Prêmio UBC – que já laureou Gilberto Gil, Erasmo Carlos, Milton Nascimento, Herbert Vianna e Djavan pelo conjunto das obras desses compositores – foi apresentada pela cantora e atriz Juliana Linhares.
A trajetória artística do homenageado foi sintetizada nos versos do cordel escrito por Mari Bigio. A audição dos versos de O cordel pede licença para saudar Alceu Valença abriu noite que, na sequência, teve o discurso de boas-vindas de Marcelo Castello Branco, presidente da UBC, e a fala do presidente de honra Paulo Sérgio Valle, que exaltou Alceu, “ícone e referência”.
À frente do palco decorado com cenário de estética nordestina, em sintonia com as origens pernambucanas do compositor agraciado, um elenco formado majoritariamente por vozes jovens cantou as músicas de Alceu e, no fim, se reuniu em torno do homenageado para cantar Anunciação (1983).
Os destaques musicais da noite foram a cantora Juliana Linhares, a banda carioca Bala Desejo e a dupla formada pelos cantores Almério e Martins.
Juliana Linhares deu a devida densidade à interpretação de Na primeira manhã (1980) e impactou quem desconhecia o potencial vocal da artista potiguar residente na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Pernambucanos como Alceu, Almério e Martins também provocaram impacto e aplausos entusiásticos com a performance conjunta do canto de Solidão (1984).
Já o quarteto carioca Bala Desejo – formado por Dora Morelenbaum, Júlia Mestre, Lucas Nunes e Zé Ibarra – animou o público e evocou os Doces Bárbaros ao cantar Tropicana (Alceu Valença e Vicente Barreto, 1982).
Duda Beat pareceu titubear no início de Belle de jour (1991), mas logo encontrou o tom e fez o número fluir no embalo da memória da vivência no Recife (PE). Veterano do elenco, Ney Matogrosso assumiu que esqueceu a melodia de Cheiro de saudade (1986), mas se redimiu com a presença magnética e o poder da voz metálica.
Marina Sena buscou imprimir tom lânguido a Como dois animais (1982). Com o canto light, Silva pegou Táxi lunar (Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho, 1979) e foi conduzido pela potente banda do show a uma estação psicodélica.
Saulo Fernandes fez o coco Coração bobo (1980) bater com vivacidade ao fim da cerimônia festiva em que Alceu Valença, tímido, recebeu o troféu da edição de 2002 do Prêmio UBC pelo conjunto de obra elétrica marcada pela fusão da linguagem do pop e do rock com gêneros musicais nordestinos como baião, coco, frevo, maracatu e toada.
O Prêmio UBC 2022 foi justo tributo a um artista gigante dos Carnavais que, como poetizou a última estrofe do cordel, fez da Arte a crença para se tornar o mestre Alceu Valença.
FONTE:G1 )POR MAURO FERREIRA)