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Jorge Ben Jor dá um baile no salão de hotel carioca com show movido por potente usina de hits e suingue

Resenha de show

Título: Baile do Ben Jor

Artista: Jorge Ben Jor

Local: Hotel Copacabana Palace (Rio de Janeiro, RJ)

Data: 26 de novembro de 2022

Cotação: ★ ★ ★ ★

♪ Chovia chuva na orla carioca no fim da noite de ontem e, do Leme ao Pontal, não havia nada igual ao que acontecia dentro do salão do hotel Copacabana Palace. Aos 83 anos, Jorge Ben Jor dava um baile nos sentidos figurado e literal no salão do hotel em que o artista reside desde 2018 na cidade natal do Rio de Janeiro (RJ).

Durante duas horas, o Baile do Ben Jor – como foi intitulado o show apresentado pelo cantor na volta aos palcos cariocas após três anos – movimentou o público que lotou o salão do aristocrático hotel.

Munido da guitarra, com a voz ainda viçosa, Ben Jor acionou o suingue da Banda do Zé Pretinho e a potente usina de hits para impedir que alguém ficasse parado ao longo do baile-show encerrado com Taj Mahal (1972) e a reprise de A banda do Zé Pretinho (1978) quase às duas da madrugada de hoje, 27 de novembro.

Ben Jor ainda se deu ao luxo de disparar Do Leme ao Pontal (Tim Maia, 1981) no roteiro quase inteiramente autoral em número em que a Banda do Zé Pretinho emulou o arranjo da banda Vitória Régia como saudação a Tim Maia (1942 – 1998), de quem Jorge foi amigo desde a juventude vivida no bairro carioca da Tijuca na segunda metade da década de 1950.

Feita com a adição insossa dos versos “Vem comer o meu mingau de aveia / Vem comer o meu mingau de fubá” na receita do Síndico, a homenagem a Tim no funk Do Leme ao Pontal foi a única saída da rota autoral de show calcado em obra referencial na música brasileira pós-bossa nova.

Há 60 anos, quando o organista Zé Maria apresentou as músicas Mas que nada e Por causa de você, menina no álbum Tudo azul (1962), Jorge Lima de Menezes virou Jorge Ben – ao qual foi adicionado o sobrenome artístico Jor a partir de 1989 – e começou a construir obra que apresentou admirável mundo novo ao público do Brasil com um samba que é misto de soul, bossa nova, rock e funk.

A reboque da musicalidade personalíssima do toque do violão, instrumento trocado pela guitarra a partir do álbum África Brasil (1976), Jorge Ben Jor tem manifestado o orgulho de ser negro e exaltado as meninas e mulheres da pele preta com a sintaxe singular de cancioneiro que, quando posto na pista, inebria pelo balanço irresistível.

Foi o que se viu no show desde que Ben Jor entrou no palco, por volta das 23h40m, e sacou logo as armas ao cantar Jorge da Capadócia (1975) após dar o habitual “bom dia, boa tarde, boa noite” e o também recorrente “salve Simpatia!”. Na sequência, o canto de A Banda do Zé Pretinho (1978) animou ainda mais a festa com o suingue e a energia da metaleira da banda batizada com o nome do álbum de 1978.

E o que se viu e ouviu, dali em diante, foi sucessão de sucessos, quase todos de poder aliciante. Santa Clara Clareou (1981), Zazueira (1967), Que maravilha (Jorge Ben Jor e Toquinho, 1969) – canção que motivou o coro forte do público – a menos ouvida Magnólia (1974), Ive Brussel (1979), Por causa de você, menina (1962), Chove chuva (1963) – música que a plateia chegou a cantar sozinha, escorada no groove da banda – o mais recente baladão apaixonado Quero toda noite (Jorge Ben Jor, Umberto Tavares, Wagner Vianna e Jefferson Junior, 2011)…

As músicas foram sendo encadeadas no roteiro como se o tempo nunca tivesse passado para Ben Jor. A rigor, o Baile do Ben Jor poderia ter sido apresentado há dez anos com o mesmo roteiro, não fosse a (pouco atraente) música inédita Copacabana, composta há pouco tempo para saudar o bairro em que o artista se abriga dentro do hotel-cartão postal da cidade do Rio de Janeiro (RJ).

Seja evocando o som da Pilantragem ao cantar O namorado da viúva (1974), seja revivendo Balança pema (1963) ou regendo os metais em Os alquimistas estão chegando (1974), Jorge Ben Jor faz shows atemporais com músicas sem prazo de validade.

A catarse acionada no Baile do Ben Jor pelo samba País tropical (1969) – mixado pelo cantor no show com Spyro Gyro (1991) – acontece há décadas. Assim como o efeito provocado por W/Brasil (Chama o Síndico) (1993) e o gol de placa feito sempre que o cantor põe Fio Maravilha (1972) em campo.

E por falar em craque, Ponta de lança africano (Umbabarauma) (1976) foi arremessado com o peso de guitarra em número de ambiência heavy em outro momento memorável de show em que Jorge Ben Jor deu um baile no salão do hotel onde mora.

Chovia chuva em Copacabana, mas, dentro do hotel Copacabana Palace, o vocalista da Banda do Zé Pretinho jamais deixou o tempo esfriar.

♪ Eis o roteiro seguido em 26 de novembro de 2022 por Jorge Ben Jor na apresentação do show Baile do Ben Jor em salão do hotel Copacabana Palace, na cidade do Rio de Janeiro (RJ):

1. Jorge de Capadócia (Jorge Ben Jor, 1975)

2. A Banda do Zé Pretinho (Jorge Ben Jor, 1978)

3. Santa Clara Clareou (Jorge Ben Jor, 1981)

4. Zazueira (Jorge Ben Jor, 1967)

5. Que maravilha (Jorge Ben Jor e Toquinho, 1969)

6. Magnólia (Jorge Ben Jor, 1974)

7. Ive Brussel (Jorge Ben Jor, 1979)

8. Por causa de você, menina (Jorge Ben Jor, 1962)

9. Chove chuva (Jorge Ben Jor, 1963)

10. Quero toda noite (Jorge Ben Jor, Umberto Tavares, Wagner Vianna e Jefferson Junior, 2011)

11. O namorado da viúva (Jorge Ben Jor, 1974)

12. Balança pema (Jorge Ben Jor, 1963)

13. País tropical (Jorge Ben Jor, 1969) /

14. Spyro Gyro (Jorge Ben Jor, 1991)

15. Do Leme ao Pontal (Tim Maia, 1981)

16. W/Brasil (Chama o Síndico) (Jorge Ben Jor, 1993)

17. Carolina Carol bela (Jorge Ben Jor e Toquinho, 1969)

18. Os alquimistas estão chegando (Jorge Ben Jor, 1974)

19. Zumbi (Jorge Ben Jor, 1974)

20. Bebete vãobora (Jorge Ben Jor, 1969)

21. Take it easy, my brother Charles (Jorge Ben Jor, 1969)

22. Copacabana (Jorge Ben Jor, 2022) – música inédita

23. Mas que nada (Jorge Ben Jor, 1962)

24. Ponta de lança africano (Umbabarauma) (Jorge Ben Jor, 1976)

25. Fio Maravilha (Jorge Ben Jor, 1972)

26. O homem da gravata florida (Jorge Ben Jor, 1974)

27. Taj Mahal (Jorge Ben Jor, 1972)

28. A Banda do Zé Pretinho (Jorge Ben Jor, 1978) – reprise

FONTE: G1 ( POR MAURO FERREIRA)

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