Brasileiros se mudam para Okinawa em busca de qualidade de vida
A qualidade de vida na praia é inquestionável, se souber aproveitar é claro. Esta é a principal razão que levou alguns brasileiros a deixarem a região industrial do Japão e partirem para o litoral do país, mais especificamente, para Okinawa.
Patrícia Midori, mora no Japão há 31 anos e decidiu trocar a província de Aichi por Okinawa, o motivo foi justamente a qualidade de vida para ela e sua filha. Residindo a cinco meses na ilha, no extremo sul do Japão, conta que sempre visitou a região a passeio, mas na última visita começou a pensar seriamente em ficar em definitivo no local. “Decidi que era aquilo que queria para minha vida e tudo foi encaminhado. Tenho a plena certeza de que fiz a escolha certa”, declara Patrícia.
Problemas de saúde levaram Ângela Takahashi, 46 anos, a conhecer Okinawa pela primeira vez, foi o refúgio encontrado para tentar se curar de uma diabetes e um forte estresse, adquiridos na rotina da sua própria empresa, um bentoya, na cidade de Hiekinan (Aichi). “Quando eu fiquei doente, todos me falavam vai para Okinawa, descansar. Eu vim e fiquei”, conta.
Ângela, com 12 anos de Japão, recebeu o incentivo da família e nos primeiros sete dias ficou como turista, até que resolveu procurar emprego e ficar na ilha. Sem pensar em voltar, ela garante que sua vida mudo para melhor. “Aqui eu trabalho e vivo. Acordo todo dia e vou para praia. Lá você trabalha e vai para casa, aqui tenho mais tempo para mim”.
Aproveitando a oportunidade – Durante um “baito” em um restaurante, na cidade de Kosai (Shizuoka), Walison Hideoshi Kamimura, teve a oportunidade dos sonhos, um emprego em Okinawa com o seu perfil, alegre, simpático e que falasse inglês. O jovem de apenas 26 anos, não pensou duas vezes em aceitar a proposta. “Olha que louco. Eu já tinha comprado a passagem para Okinawa, como eu estava desempregado eu combinei com meu amigo de vir passear. Vim e decidi já ficar, perdi a passagem de volta”, conta.
Consciente de que não se junta dinheiro em Okinawa, Walison quer aproveitar a oportunidade para aprimorar o inglês e conhecer mais sobre a cultura americana. A sua estadia na ilha não tem prazo e não vê problemas caso não dê certo e tenha que voltar para Shizuoka. “Não vou mentir, eu fiquei com muito medo. Lá tenho muitas pessoas, estou há oito anos no Japão. Lá tenho uma segurança, meu pai, minha madrasta, minha irmã, mas é uma oportunidade que se eu não agarrar não terei outra”, explica.
Empreendedorismo – A empresária Sheila Onishi, com 25 anos de Japão e um comércio de moda consolidado na província de Aichi, está entre os brasileiros que decidiram se mudar para Okinawa em busca de uma vida mais tranquila e com outras perspectivas na região. “Mudei para dar oportunidade para minhas filhas conviverem com estrangeiros e aprenderem o inglês”, conta.
Com visão empreendedora, Onishi percebeu uma necessidade em Okinawa e abriu uma locadora de veículos. “Não estava em meus planos”, conta. Mas abraçou a oportunidade e a oito meses reside na ilha, atendendo os turistas que desembarcam diariamente em Naha para curtir a região.
A mais recente – Cansada da falta de qualidade de vida e da correria na província de Aichi-Ken, onde residiu por 7 anos, a digital influencer Laís Ricci, 35 anos, decidiu se mudar para Okinawa. Ela é a mais recente brasileira a trocar a região, onde se concentra o maior número de brasileiros e de fábricas que empregam estrangeiros no Japão, pela ilha no sul do país.
Segundo Ricci, a princípio achou que a mudança seria fácil, mas não foi bem assim. Houve muito receio e insegurança, o que causaram crises de ansiedade. Agora, ela vive a fase de adaptação e já garante que fez a melhor escolha. “A diferença de morar aqui é gigante para mim, na qualidade de vida senti muita diferença! Aqui acordo às 6:30, vou caminhar, cuido de mim, vejo o mar, e só começo a trabalhar depois do meio-dia! Estou amando morar aqui”, finaliza.
Morar em Okinawa não é para qualquer um – Os entrevistados desta reportagem especial do Nippon Já, mostram consciência quanto a economia. Okinawa não é um lugar para se juntar dinheiro e sim para morar, por isso, a qualidade de vida é o principal objetivo de quem decide ficar na ilha.
“Não é pra se juntar dinheiro, o salário é baixo. Em Aichi, guardava dinheiro, mas gastei tudo com a saúde. Aqui, eu vivo com mais qualidade de vida”, explica Angela Takahashi.
Morando há um ano e meio na ilha, onde o clima lembra muito o Brasil, Ângela explica que para morar na região tem que ter a mente tranquila. “Pessoas que reclamam da vida, nem vem. Pessoas que gostam de arrumar confusão, ficar lembrando do passado, a energia daqui empurra de volta pra lá. As pessoas aqui querem viver com alegria, agradecer e apreciar”, afirma.
(Silvio Mori, especial para o Nippon Já)