Crianças que trabalham em plantações de tabaco no Malauí seguem fora da escola
Relatores de direitos humanos da ONU* alertam que muitos menores que trabalham em plantações de tabaco no Malauí continuam fora da escola.
O grupo apela ao governo e às empresas de tabaco na nação africana que melhorem as condições de trabalho dos adultos e garantam a proteção dos direitos humanos de todos.
Abuso de direitos humanos
Os especialistas falam de sérias preocupações em relação aos riscos de tráfico de crianças e trabalho forçado. Eles pedem aos países onde as empresas de tabaco estão sediadas para que fortaleçam as ações para prevenção.
Após denúncias de abusos de direitos humanos, os relatores estabeleceram um diálogo com algumas das principais empresas envolvidas na indústria do tabaco no país, incluindo British American Tobacco, Imperial, Philip Morris International e Japan Tobacco Group.
São mais de 7 mil adultos e 3 mil crianças em fazendas de tabaco no Malauí. Geralmente estão localizadas em áreas remotas, onde o acesso à assistência e à proteção contra abusos dos direitos trabalhistas é limitado e a ação para prevenir o tráfico de pessoas é fraca.
O afastamento das fazendas também tem um impacto negativo no acesso das crianças à educação e às escolas, de acordo com os especialistas da ONU. Após a pandemia de Covid-19, mais de 400 mil alunos não retornaram.
© OIT/Marcel Crozet
Mulher colhendo tabaco em Kasungu, no Malauí
Esforços não estão sendo suficientes
Os especialistas destacaram os esforços feitos pelo Malauí e por algumas empresas de tabaco, inclusive apoiando programas de alimentação escolar e bolsas de estudo, mas disseram que isso não foi suficiente.
Outra denúncia foi em relação à discriminação contra as mulheres nas áreas rurais, levando ao fechamento de contratos apenas com homens chefes de família, o que aumenta os riscos de exploração e abuso.
Os especialistas pediram monitoramento, aplicação e responsabilidade empresarial reforçados com urgência para evitar abusos dos direitos humanos e garantir que os códigos de conduta sejam efetivamente implementados na prática.
*Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho
FONTE: ONU NEWS