Ações de educação sanitária orientam população a controlar pragas e doenças
Em São Paulo, agentes públicos da União, do Estado e da iniciativa privada desenvolvem trabalhos de prevenção
Controle da fusariose da bananeira raça 4 tropical, doença que ainda não chegou ao país (Foto: Lucas Zago SFA-SP)
São Paulo tem desenvolvido um trabalho de educação sanitária que pode ser considerado modelo para o país. A Comissão de Educação Sanitária (CES-SP), criada há 12 anos, vem registrando uma postura proativa, levando informações relevantes para a sociedade por meio de conteúdos gratuitos e bastante acessíveis.
A CES-SP é vinculada à Superintendência Federal de Agricultura no Estado (SFA-SP) e sua função é desenvolver ações de prevenção a pragas e doenças que possam afetar a produção paulista. Ela é formada por membros que representam órgãos públicos da União, do Estado, dos municípios e da iniciativa privada.
De 2021 para cá foram lançados e-books da série “Diálogos” com material multimídia sobre a fusariose da bananeira (raça 4 tropical), peste suína africana e boas práticas no uso de produtos veterinários. Em breve será publicado mais um livro digital sobre a influenza aviária, doença que preocupa as autoridades sanitárias do país e que já teve casos confirmados em países próximos.
De acordo com Juliana do Amaral Moreira Vaz, auditora fiscal federal agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a notificação rápida de suspeitas de doenças e pragas pela população é uma das ações que podem colaborar com o controle. “Eles são nossos ‘braços e olhos’, muitas vezes são os primeiros a se depararem com um animal doente ou uma planta com determinada praga ou até com um produto contrabandeado”, afirmou. Daí a importância do trabalho de educação sanitária.
CONTROLE
Além da CES-SP, São Paulo também conta com uma estrutura modelo vinculada ao governo estadual – enquanto o Mapa foca na prevenção de doenças e pragas que ainda não chegaram ao país, a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) monitora e controla a situação de lavouras e animais já afetados.
É o caso, por exemplo, do cancro cítrico. O controle busca evitar que a doença seja transmitida de um Estado para outro, o que pode prejudicar as exportações. A CDA em São Paulo conta com 40 escritórios regionais que garantem capilaridade para captar e acompanhar as notificações.
De acordo com a engenheira agrônoma Camila Baptista do Amaral, do Departamento de Defesa Sanitária e Inspeção Vegetal da CDA, existem duas formas principais de comunicação de ocorrência de pragas. Uma delas é o link disponibilizado no site da CDA, onde qualquer cidadão pode informar a suspeita ou ocorrência de praga quarentenária. Quem preferir pode comparecer em um dos escritórios regionais para reportar a ocorrência.
A segunda forma de notificação é o relatório semestral de vistorias trimestrais de cancro cítrico e HLB (mais conhecida como greening), que é obrigatório para todos os produtores comerciais de citros.
Camila explica que é raro um habitante da cidade formalizar uma notificação. “Por mais que o morador urbano identifique que a planta está com algum problema, dificilmente vai chegar à conclusão de que se trata de uma praga que precisa ser comunicada à Defesa Agropecuária. Entretanto, no nosso site existe uma seção de educação sanitária, e lá a população pode encontrar informações de quais são e onde ocorrem tais pragas”, afirmou.
Segundo ela, na área vegetal as doenças mais notificadas são cancro cítrico, HLB e a pinta preta. O monitoramento do cancro cítrico é uma rotina da CDA, “por estarmos sob um sistema de mitigação de risco para esta praga”.
Enquanto as notificações envolvendo vegetais chegam de todas as regiões do Estado, as patologias animais tiveram uma concentração maior de notificações vindas das regiões de Avaré (93) e Itapetininga (92) nos anos de 2020 e 2021. Taubaté, Bragança Paulista, Botucatu, Sorocaba e Marília vêm em seguida, todas apresentando entre 54 e 40 notificações, respectivamente.
De acordo com a médica veterinária Izabelle Mariane Cordeiro, da CDA, 56 das 491 notificações (11,4%) registradas em 2021 foram feitas diretamente por proprietários, responsáveis pela criação, ou por funcionário ou prestador de serviço.
As doenças mais notificadas em animais no Estado em 2020 e 2021 foram raiva ou síndrome neurológica (230), síndrome respiratória e neurológica das aves – inclui influenza aviária e doença de Newcastle (214), além de anemia infecciosa equina (115).
FONTE: MAPA