WWF-Brasil e NINT lançam ferramentas para instituições financeiras com foco em desmatamento zero
Publicações pretendem auxiliar bancos, investidores e demais instituições financeiras na redução de riscos e adequação às tendências do mercadoO alinhamento com os princípios do desmatamento zero, ou conversão zero, é essencial para as instituições financeiras, considerando os amplos riscos relacionados às suas operações, tanto no campo do retorno de capital, quanto em questões reputacionais e de impactos socioambientais. Exemplos desses impactos são a degradação ambiental, a violação de direitos humanos, o agravamento da crise climática e o incentivo a atividades ilegais.
O WWF-Brasil e a NINT entendem que as instituições financeiras têm papel fundamental no combate ao desmatamento e por essa razão lançam duas ferramentas sobre riscos relacionados à biodiversidade e às oportunidades de investimentos para o público de investidores brasileiros.
O “Dashboard de ferramentas e metodologias com foco em conversão zero” reúne mais de 50 materiais para auxiliar gestoras de ativos e instituições financeiras no desenvolvimento de métricas relacionadas à biodiversidade, enquanto a “Tese de Impacto para investimentos em conversão zero” destaca oportunidades de investimentos e mostra como ampliar os resultados positivos, auxiliando esse público na elaboração de teses de impacto para seus negócios.
Entenda
As instituições financeiras se relacionam com a perda de biodiversidade quando financiam empresas que promovem a degradação e a supressão de vegetação nos biomas, por exemplo. No Brasil, o principal agente de desmatamento é a expansão da fronteira agrícola, em especial para a produção de soja e a pecuária. Dados de um estudo publicado pelo WWF-Brasil mostram que a maior parte das espécies já perdeu entre 25% e 65% da área original de distribuição, por causa do avanço agropecuária no Cerrado e na Amazônia.
“Quando os bancos, investidores e demais instituições financeiras estão engajados e preocupados com o desmatamento, implementando critérios e observando possíveis riscos em seus investimentos, isso gera um retorno positivo, tanto pelo ponto de vista financeiro, quanto pelo alinhamento às novas tendências do mercado”, explica Frederico Machado, líder da estratégia de conversão zero do WWF-Brasil.
Dashboard de ferramentas e metodologias
A fim de contribuir para que os investidores do mercado brasileiro identifiquem os riscos e impactos negativos para os negócios, o dashboard, que funciona em forma de painel virtual, reúne diversas ferramentas e metodologias focadas em biodiversidade. Dessa forma, a ferramenta pretende auxiliar os investidores na integração de questões ambientais, sociais e de governança (em inglês, ESG: Environmental, Social and Governance) para tomada de decisão e gestão dos investimentos.
Para a consultora em ESG da NINT, Julia Ferrato, o dashboard poderá auxiliar profissionais do mercado a encontrar informações de fontes publicamente disponíveis e aplicáveis ao contexto brasileiro.
“Esperamos que com o dashboard, investidores tenham maior facilidade para encontrar métricas e indicadores que contribuam para a identificação de riscos potenciais relacionados à perda de biodiversidade, além de medir o impacto negativo e positivo de seus ativos no tema.”
Para a construção do dashboard, as ferramentas foram analisadas e categorizadas de acordo com seu tipo (metodologias, guias e publicações, plataformas e bases de dados) e resultados (o tipo de commodity, a granularidade, ou seja, o nível de detalhe da estrutura de dados, e a geografia). Além disso, também foi considerada a cobertura geográfica e disponibilidade, ou seja, se possuem acesso gratuito, pago ou comercial.
Tese de impacto
Oportunidades de investimentos livres de desmatamento são consideradas fundamentais para o engajamento dos principais responsáveis nessa agenda. Segundo os autores da publicação: “Tese de impacto para investimento em zero conversão”, investidores ainda enfrentam desafios para identificar potenciais oportunidades e soluções nesse tema. No entanto, existe um movimento crescente e com destaque no mercado para esse assunto.
Por esse motivo, a tese de impacto tem o objetivo de contribuir para que os investidores possam entender e elaborar teses baseadas em desmatamento zero, além de acessar mais informações a respeito.
A publicação destaca as oportunidades e o potencial de ampliar resultados positivos nos negócios, como informa o diretor de Consultoria em ESG para Instituições Financeiras da NINT, Guilherme Teixeira. “O nosso esforço conjunto para a publicação tem o objetivo de permitir que investidores e empreendedores avaliem como as atividades investidas estão contribuindo para gerar impactos positivos ou negativos na biodiversidade”.
Frederico Machado, do WWF-Brasil, complementa. “A tese é uma vitrine de insumos relevantes, boas práticas e exemplos reais. Para mitigar riscos financeiros e gerar impacto positivo para a sociedade e o planeta, investidores devem criar sua própria tese de impacto, avaliando os desafios e explorando as oportunidades de investimentos em finanças verdes”, diz.
Para o Líder de Finanças Verdes do WWF-Brasil, Fabrício Campos, os investidores estão no centro dessa agenda. De acordo com ele, “uma vez que os investidores possuem partes das empresas (ativos, ações, shares), eles têm um papel central de incentivar e monitorar as transformações corporativas, e devem incidir sobre as políticas, as operações e a transparência das empresas que estão no seu portfólio. Não só no tema de desmatamento, como também em questões climáticas e de direitos humanos, atuando para alinhar discurso e prática, impedindo o greenwashing”, conclui.
FONTE: WWF BRASIL