Mapa ouve fintechs e empresas do agro digital para formatar crédito
Mecanismo simplificado para adoção de linhas diferenciadas de financiamento foi discutido com diferentes setores
Para formatar uma política pública que favoreça os produtores mais comprometidos com a sustentabilidade, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) realizou uma série de agendas com representantes dos setores de carbono, bioinsumos, tecnologia financeira (fintechs) e agro digital. Os encontros aconteceram na sede da Superintendência Federal de Agricultura (SFA) em São Paulo.
O financiamento diferenciado, levando em conta critérios como sequestro de carbono, uso de bioinsumos e práticas sociais em prol dos trabalhadores é uma das prioridades no projeto que está sendo desenvolvido pelo ministro Carlos Fávaro.
Com a proposta de captar as ideias do próprio mercado para que o plano proposto seja o mais eficiente possível, dezenas de empresários dos setores ouvidos apresentaram sugestões para viabilizar essa estratégia e os principais gargalos para que um mecanismo simplificado seja adotado. Uma das empresas presentes, a fintech Campo Capital, de Patrocínio (MG), já financia produtores de café da região com taxas diferenciadas e exemplificou como funciona.
Na primeira categoria, estão os chamados produtores responsáveis, que cumprem a legislação brasileira, como a reserva legal de 20% da área. Já a categoria verde oferece vantagens aos produtores que possuem alguma certificação auditável. A terceira categoria, chamada de sustentável, promove descontos para os cafeicultores que pretendem utilizar o financiamento para a adoção de novas práticas, como a instalação de biofábricas, energia fotovoltaica, entre outros. De acordo com Bruna Nunes Ferreira de Aguiar, a fintech planeja implementar descontos adicionais para produtores que pratiquem a agricultura regenerativa.
O Assessor Especial do Mapa Carlos Ernesto Augustin disse aos empresários que as certificações que vão garantir as práticas sustentáveis precisam ser simplificadas e auditáveis. Alessandro Cruvinel Fidelis, coordenador-geral da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo (SDI), destacou que o Mapa busca uma forma de chancelar algumas práticas para tornar o processo mais célere. Protocolos simples, atestados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por exemplo, poderiam servir de indicador para essa política.
As fintechs ainda informaram que o volume de recursos para crédito, neste momento, seria mais relevante que as taxas variáveis de juros. Com recursos disponíveis, o mercado iria se autorregular e a competitividade entre empresas forçaria uma baixa nas taxas de juros. O Brasil tem hoje 1.289 fintechs, com 100 milhões de clientes e que geram 100 mil empregos formais e movimentam R$ 50 bilhões em investimento direto. Metade dessas empresas são associadas à ABFintechs (Associação Brasileira de Fintechs), que esteve na reunião e apresentou os dados.
FONTE: MAPA