Brinco da Marquesa leva o Festival do Japão para o Sambódromo em ala só de nikkeis
Terceira escola do Grupo de Acesso II da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo a desfilar no Sambódromo do Carnaval de 2023 – o desfile está previsto para às 21h40 deste sábado (11) –, o Grêmio Recreativo Cultural Beneficente Escola de Samba Brinco da Marquesa vai levar para o Anhembi, além de muita empolgação e samba no pé, uma ala composta somente por foliões nikkeis.
Fundada oficialmente em 31 de janeiro de 1988, por Jorge Márcio, Lineto Basilio e Walter Camillo, entre outros, a escola da Vila Brasilina (zona Sul de São Paulo) vai tentar uma vaga para o Grupo de Acesso com o enredo “É Festa!! No Brasil é alegria o ano inteiro. E a Marquesa comemora com você”. Com as cores vermelho, branco, preto e amarelo (o amarelo e o preto inspirados na extinta escola Brinco de Ouro; o vermelho representando a garra da escola e o branco simbolizando a paz) a escola vai levar entre seus 800 componentes, 15 alas , 2 carros alegóricos, 3 casais de mestre-sala e porta-bandeira, mais de 50 foliões nikkeis – sendo 45 na ala Festival do Japão.
Padrinho – A tradição se repete desde 2018 e surgiu por conta do apoio institucional do vereador Aurélio Nomura, que tmbém é sócio benemérito e padrinho da agremiação. Ele indicou seu assessor, Diogo Miyahara para fundar a ala nikkei. “Hoje a ala nikkei é um dos nossos alicerces”, conta o atual presidente, Adriano Bejar Rodrigues.
De acordo com Miyahara – que é conhecido por frequentadores de matsuris (festivais japoneses), especialmente fãs de animes – a ala é formada por empresários e profissionais liberais. Diogo Miyahara, que também será o primeiro intérprete nikkei no Sambódromo, no ano passado, quem defendeu as cores do Brinco da Marquesa foi o empresário Hirofumi Ikesaki, em seu primeiro e último desfile em uma escola de samba.
Awa odori – Com o enredo “Estação Japão-Liberdade. Do Afro ao Oriental”, a agremiação se apresentou com cerca de 120 nikkeis e contou desde a chegada do Kasato Maru até a tradicional Feira de Arte, Artesanato e Cultura da Liberdade.
Em 2020, com “Oxalá criou o mundo e deu ao mundo civilizações…”, o Brinco da Marquesa conquistou o título do Grupo Especial de Bairros, que deu à escola o direito de fazer parte do Grupo de Acesso II, formado por 12 escolas.
Este ano, os componentes da ala virão com a fantasia inspirada no awa odori. Entre os nikkeis, destaques para os cantores Ricardo Nakase, o Rick Akio, e Shigueru Inoue, do Y.ES Band, que fará sua estreia na Avenida no carro alegórico “Baladão”, que fecha o desfile do Brinco da Marquesa apresentando as várias linguagens musicais, entre elas o karaokê.
Carnaval japonês – Destaque também para a passista Joe – como é chamada a japonesa Nobue Kasai – que também fará sua estreia no Brinco da Marquesa. Apesar disso, ela já tem experiência no carnaval paulistano. Já desfilou na Vai-Vai, Unidos do Peruche, Barroca Zona Sul e X-9 Paulistana. Este ano, sairá também na Unidos de Vila Maria, do Grupo Especial.
Natural de Saitama, Joe conta que no Japão já desfilava no Carnival Samba Asakusa, o “carnaval japonês” que acontece em agosto na capital japonesa. Desde 2008 no país, onde dá aulas de samba para japoneses, Joe conta que o refrão do samba-enredo do Brinco da Marquesa já está na ponta da língua: “Viva São João, Olha o Boi-Bumbá / Da Romaria ao Festival Oriental / Nessa Festança Cheia de Diversidade / Tem um Arco-Íris colorindo a cidade”.
(Aldo Shiguti)