Brasileiro que cumpriu pena e na fila da deportação quer uma nova chance no Japão
O projeto de lei para a revisão da Lei de Controle da Imigração e Reconhecimento de Refugiados está sob apreciação para aprovação da Dieta do Japão (câmara legislativa). Uma das mudanças é “os estrangeiros que não tiverem permissão para permanecer serão imediatamente deportados”.
Por outro lado, existem cerca de 4 mil estrangeiros em liberdade provisória (karihomen), que estão vivendo fora dos centros da Imigração, sem status de residência. Embora estejam “livres”, sofrem restrições pois não podem trabalhar.
Brasileiro já sem visto quer nova chance no Japão, sua “terra natal”
Um brasileiro de 34 anos tem em mãos um formulário de solicitação de liberdade provisória, onde estão escritas todas as condições para viver fora do presídio da Imigração.
Ele foi condenado a 6 anos de prisão por crime de furto de carro. Perdeu seu status de residente enquanto estava na penitenciária e está vivendo sob o karihomen, na província de Aichi.
“O que estou procurando agora é a última chance. Apenas uma. Quero uma oportunidade de recomeçar no meu país natal”, disse. País natal para ele é o Japão e não o Brasil. E explicou por que.
Veio ao Japão quando tinha apenas 2 anos, trazido pelos seus pais em busca de trabalho. É no país do Sol Nascente que viveu a maior parte de sua vida. Relatou que quando voltou um tempo para o Brasil “não consegui me acostumar às diferenças culturais”.
Como foi para o caminho do crime
Contou para o jornalista do Asahi que há 8 anos trabalhava em uma fábrica de montagem de tratores na província de Shiga como haken shain.
Nessa ocasião recebeu uma mensagem em português de uma pessoa que não conhecia, via Facebook. “Tenho um bico para furto de carros. Você vem?”, dizia o texto.
Despreocupadamente teria respondido “o que significa isto?”. Em seguida, recebeu uma lista de carros para o furto. Como tinha noção da mecânica, logo veio à cabeça como fazer o furto e colocou em prática. Furtou um e o levou para o local indicado. Na noite seguinte recebeu 400 mil ienes.
Mas, mais tarde foi preso pelo crime.
Relembra que na fábrica fazia as árduas tarefas de instalar grandes peças. “Os estrangeiros são vistos de cima para baixo”, opina.
E acabou se sujando com o crime. Olhando para trás disse que “percebi o peso do crime que cometi e tudo de valioso que perdi enquanto estive na prisão”. Mas agora enfrenta outra dificuldade depois de ter saído do cárcere.
Só quer mais uma chance depois de ter se deixado seduzir pelo dinheiro “fácil”.
Sem poder trabalhar enquanto está em liberdade provisória, o caminho a percorrer para que o brasileiro possa se manter no Japão poderá ser outro desafio.