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Empresas de ônibus explicam falhas do sistema que é aplicado há mais de 30 anos em Marília

Audiência Pública ajudou população a atender quais melhorias são necessárias para se corrigir o sistema proposto na década de 90: entre elas, criação de corredores exclusivos, instalação de totens ou cobertura os pontos e subterminais para linhas exclusivas de bairros

A Câmara dos Vereadores de Marília realizou na noite de quarta-feira, dia 10 de maio, uma audiência pública sobre o transporte coletivo de Marília para poder entender melhor as reclamações da população sobre lotação em veículos e atraso nos horários. No encontro, representantes das duas empresas contratadas pela Prefeitura, a Grande Marília e a Sorriso de Marília, explicaram como é o sistema utilizado na cidade e quais as falhas que precisam ser corrigidas.
Na audiência, que levou quase três horas de duração, e envolveu vereadores, comunidade e a imprensa, as empresas destacaram que o atual sistema de transporte em uso na cidade está muito defasado. O sistema que se utiliza de apenas um terminal central, com apenas linhas radiais únicas, que transportam passageiros do centro até o final de cada bairro, impedem que os itinerários sejam mais rápidos (por causa das longas distâncias e do trânsito lento), ocasionando maior frequência de danos pontuais, como atrasos e maior congestionamento de uso por parte dos clientes.
SISTEMA MUITO ANTIGO
O atual sistema, radial, de terminal central único em que todas as linhas partem e chegam de um mesmo lugar, criado há mais de 30 anos, quando nem existia a realidade de Nóbrega, por exemplo, é um dos principais pontos que prejudicam a incapacidade de se reduzir o tempo de viagem e de lotações nos períodos de rush, pela manhã e fim de tarde”, explicou o diretor da Sorriso, Alexandre Santiago.
A alternativa seria a criação de subterminais nos bairros, com possibilidade de aumento de micro linhas de alimentação local, criando celeridade, multiplicando opções de horários e reduzindo as chances de atrasos pontuais (por causa do congestionamento ou outro fator que provoque maior tempo de viagem). Outra modernização para reduzir o tempo despendido nos percursos seria a criação de corredores exclusivos.
SUBTERMINAIS
“Linhas periféricas coletariam os clientes até os subterminais, que por integração teriam acesso a outras linhas que os levariam aos outros destinos da cidade, seja no centro ou outros bairros”, explicou o diretor da Grande Marília, Emerson Luz.
Segundo eles, a cidade vem crescendo muito e o sistema já estava defasado quando assumiram a operação, em 2013. Após 10 anos, não houve nenhuma inovação autorizada e as dificuldades em manter itinerários dentro do prazo aumentaram.
Os vereadores e a população apontaram outra queixa recorrente que foi esclarecida pelas empresas, sobre possíveis irregularidades de prática de superlotação no transporte coletivo. A legislação brasileira determina que superlotação é proibida, passível de punição, quando um ônibus transporta mais do que 6 pessoas por metro quadrado. Em Marília, a lotação ocorre apenas nos horários de pico, mas as empresas encerram o ingresso de clientes no veículo quando atinge, no máximo, 5 pessoas por metro quadrado, oferecendo outro veículo na sequência aos clientes.
SEM SUPERLOTAÇÃO
“Existe uma confusão entre ônibus circulando com capacidade máxima permitida e superlotação, quando passageiros viajam na porta ou até na janela. Compreendemos a sensação dentro de um veículo com ocupação máxima, mas é por isso que nos locais de grande demanda são ofertados veículos de três em três minutos. O problema é que ninguém quer esperar o próximo, vai no que está muito ocupado e depois se sente incomodado com o desconforto”, explicou Santiago.
Outro importante esclarecimento à população sobre como foi contratado o transporte coletivo pela Prefeitura, é a responsabilidade sobre o terminal e os pontos de parada, uma responsabilidade exclusiva do poder municipal. A população de Marília tem 1.340 pontos de parada para embarcar ou desembarcar na cidade, além do terminal central. A maioria não possui nem totem (haste de madeira) de identificação colocado pela Prefeitura, muito menos cobertura.
SEM TOTEM EM PONTOS
A audiência ainda ofereceu a oportunidade de usuários do sistema apontarem queixas pessoais. Houve grupo de aposentados que se queixou de não haver cobertura total da cidade, ou seja, dos ônibus não circularem em todos os lugares e em todos os horários, criando gargalos aos domingos e em bairros muito periféricos ou que não atendem as necessidades particulares de cada cliente.
O questionamento foi importante para as empresas conscientizarem a todos sobre as limitações naturais do transporte coletivo, em comparação ao transporte privado. “Diferente de um carro ou moto que nos leva a qualquer lugar em qualquer horário, o transporte coletivo em si tem a limitação de oferecer acesso, transporte, a maioria dos lugares na maioria dos horários, conforme detectado a demanda de interesse, pois não temos subsídio municipal para ficar circulando com o veículo vazio. Ele só pode ir até onde existe uma quantidade mínima viável para se transportar. Para resolver isso só com subsídio”, explicou Santiago.
Sobre os pontos de parada, a audiência esclareceu também outra falha do sistema. A criação desordenada de pontos, sem critério técnico, que são acrescidos aos itinerários das linhas, aumentando ainda mais o tempo de percurso. Ao abordar o tema, a sugestão foi a de se cumprir com a regulamentação do setor, de se manter distâncias mínimas de 200 a 300 metros entre cada ponto. Em Marília, algumas linhas tem pontos com 50 metros de distância entre si.
Quando todos os pontos de parada de Marília tiverem totens, um projeto de ampliação de informações aos usuários já está pronto para implantação, que oferece uma nova forma de acesso das linhas e horários que passam por aquele local. Um código QR code para cada ponto de parada já foi criado para mostrar quais os horários de embarque e desembarque daquele local. “Já oferecemos as informações nos sites e no terminal, mas também podemos informar em cada ponto de parada”, explicou Alexandre Santiago.
SEM SUBSÍDIOS
É que em Marília, diferente da grande maioria das cidades, não existe uma contrapartida da Prefeitura em arcar com os custos operacionais do transporte. O contrato feito é de que as empresas sobrevivam com o que o passageiro paga e para que seja viável a aplicação deste sistema defasado é preciso priorizar os locais e horários de maior procura.
Para os dois diretores das empresas a audiência foi muito importante para esclarecer a todos sobre o sistema falho adotado por Marília, os pontos necessários para sua modernização e correção e, principalmente, por encerrar o discurso de que os problemas do transporte são por desinteresse ou omissão. “Marília cresceu e mudou muito e seu transporte precisa se adequar à essas mudanças. Se não se modernizar, de nada adianta ficar discutindo suas falhas”, declarou Emerson Luiz.
PORTAS ABERTAS
De qualquer forma, de antemão, a audiência aproximou ainda mais os vereadores e a população das empresas, que enfatizaram que estão de portas abertas para analisar todas as sugestões de melhoria. As duas empresas destacam ainda que a Associação Mariliense de Transporte Urbano (AMTU), entidade criada para atender o cliente do transporte, oferece um site de informações e diversos canais de comunicação para receber as queixas e as sugestões dos clientes. O site é www.amtumarilia.com.br e o telefone é (14) 3402-9010.

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