Aliança Cultural do PR celebra data com culto aos pioneiros e inauguração de Memorial
A Aliança Cultural Brasil-Japão do Paraná, que reúne cerca de 60 associações filiadas no estado, realizou, no dia 17 de junho, dois grandes eventos para marcar os 115 Anos da Imigração Japonesa no Brasil. Apesar das baixas temperaturas registradas no sul do país no último final de semana, autoridades, convidados, diretores, representantes regionais e alunos da escola de língua japonesa participaram do Culto em Homenagem aos Pioneiros Imigrantes. O Ireisai, coordenado pela monja Jishun Morioka, do Templo Budista Soto Zenshu Dokozan Bushinji, de Rolândia, foi o primeiro a ser realizado na sede da Aliança, em Londrina – até então era realizado em Rolândia.
Participaram do culto o presidente da Aliança, Eduardo Suzuki; o vice-prefeito de Londrina, João Mendonça; o cônsul geral do Japão em Curitiba, Keiji Hamada, e sua esposa, a consulesa Taiko; o deputado federal Luiz Nishimori e sua esposa, a presidente da Abrac (Associação Brasileira de Canção), Akemi Nishimori; o presidente do Conselho Deliberativo da Aliança, Ricardo Origassa; o empresário Atsushi Yoshii e sua esposa, dona Kimiko; o vereador Jairo Tamura; a presidente da Acel (Associação Cultural e Esportiva de Londrina), Luzia Yamashita; e o presidente da Fundação Kunito Miyasaka e vice-presidente do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – Roberto Nishio.
Em sua mensagem de homenagem póstuma, Eduardo Suzuki lembrou que, desde a chegada dos primeiros imigrantes, em 1908, “por mais de um século, os nossos antecessores e seus descendentes vieram trabalhando duro aqui no Brasil”. “Com isso, na atualidade, estão se destacando nos setores agrícolas, nas áreas comerciais e industriais, na Medicina e na Educação, entre outras”, destacou o presidente da Aliança.
Reflexão – Segundo ele, “constatamos que hoje os descendentes de terceira, quarta e até mesmo de quinta gerações estão se destacando”. “Nos sentimos na obrigação de transmitir às novas gerações os sofrimentos enfrentados e as conquistas alcançadas pelos pioneiros e, assim, nos esforçarmos constantemente para que a sociedade nikkei possa progredir cada vez mais”, discursou Suzuki, que explicou a importância do Ireisai.
“Temos realizado este encontro anualmente no intuito de lembrarmos dos pioneiros e a eles externar nossos sentimentos de gratidão”, disse. “Além disso, é um dia para refletirmos sobre o futuro da comunidade nikkei”, explicou Suzuki, que manifestou suas condolências e gratidão às almas dos pioneiros.
Cônsul geral do Japão em Curitiba, Keiji Hamada também expressou seus sentimentos às almas dos pioneiros falecidos. Ele lembrou que, nesse mais de um século de história, os imigrantes japoneses e seus descendentes demonstraram virtudes valiosas, tais como diligência e honestidade, superando grandes dificuldades e construindo uma comunidade nikkei sólida e próspera no Brasil.
“É muito gratificante ver os nikkeis do Estado do Paraná ocuparem papeis de destaques além da agricultura. Hoje, ao refletir sobre as grandes realizações e conquistas dos pioneiros externo meu profundo apreço e respeito pelos seus incansáveis esforços”, disse o cônsul, lembrando que era a primeira vez que o Ireisai estava sendo realizado na cidade de Londrina. E finalizou reafirmando seu compromisso de transmitir este importante legado às novas gerações.
Memorial – Após o oferecimento do incenso, os convidados se dirigiram à área externa da Aliança para a inauguração do Memorial da Imigração. Com projeto da Claudio Furukawa e Fernando Kuriki Arquitetos, o espaço conta com um jardim e o monumento Estátua dos Imigrantes, formada por uma família. Inaugurada em 1978 por Suas Altezas Imperiais, o então príncipe herdeiro Akihito e a princesa Michiko – hoje imperador e imperatriz eméritos, a estátua – que estava em Rolândia – simboliza uma família de imigrantes representada pelo pai, mãe e dois filhos – sendo a criança mais nova no colo da mãe.
A inauguração do Memorial marcou também o “reencontro” da família. Explica-se. Confeccionada em bronze, a figura do pai e do filho, que haviam sido furtadas de Rolândia, foram refeitas, agora com outro material. O espaço conta também com mudas de cerejeiras doadas pelo ex-vereador de Apucarana, Satio Kayukawa.
Koshinkai – Após a inauguração do memorial, teve início, no salão social, da Aliança, a terceira e última etapa da celebração: o Koshinkai (confraternização entre os participantes), já com a presença do vereador Eduardo Tominaga.
Em seus discursos, os vereadores Eduardo Tominaga e Jairo Tamura, responsáveis por intercederem junto ao prefeito Marcelo Belinati para a doação do terreno onde foi construído o Memorial da Imigração, agradeceram o Brasil por ter acolhido os imigrantes e destacaram que a saga da imigração japonesa no país foi construída por diferentes histórias de diferentes famílias e que a Aliança Cultural Brasil-Japão do Paraná reúne as histórias das famílias nikkeis do Paraná e terá a missão de deixar um legado às futuras gerações.
“E quando falamos em legado, constatamos que o futuro ainda é um desafio. Quando olhamos as futuras gerações temos que nos lembrar, sempre, que a história precisa ser preservada”, explicou Tamura.
Brasilidade – Eduardo Tominaga destacou a participação das novas gerações afirmando que, se depender dos jovens, os valores incutidos pelos pioneiros serão preservados.
Para o presidente da Aliança, “o Brasil é um país construído por imigrantes de diversas etnias que aqui aportaram, trabalharam, sofreram, se dedicaram e realizaram seus sonhos”. “Ao povo brasileiro, que abraçou carinhosamente os pioneiros japoneses neste solo, nosso profundo agradecimento pela acolhida. Durante esses 115 anos os imigrantes japoneses e seus descendentes vieram semeando esperança, regando com trabalho árduo e superando todas as dificuldades. Para se chegar no dia de hoje, geraram suas proles e os formaram proporcionando na educação o sentimento de patriotismo que hoje conferimos nas atuações dos parlamentares deputado federal Luiz Nishimori, do vice-prefeito de Assaí, Cairo Koguishi e ainda dos vereadores Eduardo Tominaga e Jairo Tamura, de Londrina, e Sumitaka Tamura, de São Sebastião do Amoreira, que se dedicaram à missão nobre de construir um Brasil mais forte, próspero e promissor”, explicou, acrescentando que “as sementes de esperanças que brotaram se formaram e frutificaram”. “Os seus descendentes, hoje na quinta e sexta gerações, mostram que preservam suas origens e carregam em seu interior o sentimento de brasilidade, levantando as cores verde e amarela com bastante determinação”.
Presidente da Fundação Kunito Miyasaka, Roberto Nishio lembrou que esteve recentemente na Expo Japão 2023 organizada pela Acel (Associação Cultural e Esportiva de Londrina) e que teve oportunidade de constatar como a comunidade nikkei do Paraná está integrada à sociedade brasileira. Segundo ele, uma mostra dessa integração pôde ser observada tanto no bon odori quanto no matsuri dance, duas das principais atrações do festival realizado de 7 a 11 de junho na sede campestre da Acel. “A maioria dos participantes eram de não descendentes de japoneses”, disse Nishio, que destacou ainda o “espírito de coletividade do evento”, que mobilizou cerca de 250 voluntários. Para Nishio, é uma demonstração que “tudo que aprendemos dos nossos avós estão embutidos no nosso pensamento”.
União – Ao jornal Nippon Já, Luiz Nishimori explicou que a comunidade nipo-brasileira do Paraná é bastante unida através da Aliança Cultural Brasil-Japão do Paraná”. Na mesma semana, no dia 13 de junho, ele havia presidido uma Sessão Solene na Câmara dos Deputados com a participação do embaixador do Japão, Teiji Hayashi, e do presidente mundial da Jica (Japan International Agency Cooperation), Akihiko Tanaka, entre outras autoridades, na qual anunciou “duas conquistas bastante expressivas” para as novas gerações.
Vistos – A primeira, a flexibilização do visto para yonsei – descendentes da quarta geração – “que agora ficou bem mais fácil”. “A grande dificuldade desta geração que pretendia tirar essa modalidade de visto referia-se aos estudos da língua japonesa e o governo japonês, entendendo a situação, abaixou a exigência para N2, e agora também será permitido levar a família, o que antes não era”, disse o parlamentar, informando que a outra conquista é a isenção de visto de turismo para brasileiros.
Presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Japão, Luiz Nishimori também anunciou que, em breve, pretende apresentar o projeto Working Holliday, voltado para jovens. “Trabalho temporário no Japão tem de sobra. Pode ser arubaito ou outros serviços em que ele pode, ao mesmo tempo, fazer turismo e ganhar dinheiro”, disse, ressaltando, no entanto, que essas tratativas não dependem só dele, mas uma decisão que precisa ser tomada entre os governos dos dois países.
“De qualquer forma, é uma questão que acredito ser muito importante para a comunidade nipo-brasileira e acho que deve acontecer até setembro ou outubro deste ano”, afirmou Nishimori.
Após os discursos, os convidados puderam saborear um almoço especial preparado pelo Departamento de Senhoras.
(Aldo Shiguti)