Conclusões de Fórum Juvenil em Cabo Verde serão entregues à ONU
Terminou, em Cabo Verde*, uma série de debates sobre temas relevantes para a juventude focalizando sua participação em processos de governança.
Autoridades internacionais, regionais e locais também interagiram no 3º Fórum Anual da Juventude da África Ocidental e Sahel na mira da promoção do bem-estar e desenvolvimento nos 16 países representados.
Juventude bem organizada
O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, esteve no encontro com o representante especial da ONU para a região, Leonardo Simão.
A jovem Samara Lemos associa a paz duradoura ao desenvolvimento, mas explicou à ONU News, de São Vicente, que as perspectivas de jovens precisam estar presentes.
“A opinião dos jovens é importantíssima, porque nós vivemos na pele todas as dificuldades e os desafios que nós temos de enfrentar. E é muito importante que a juventude esteja bem organizada para ser ouvida. É muito fácil reclamar e falar mal das situações em grupinhos, mas precisamos nos organizar, enquanto associações e federações, para temos meios burocráticos e legais para sermos ouvidos”.
Em seu discurso, o chefe de governo cabo-verdiano elogiou a consciência ambiental e climática dos jovens. Correia e Silva pediu maia empenho juvenil na África em favor de ambientes favoráveis aos avanços políticos, econômicos e sociais.
Extremismo violento
Um outro jovem, Clóvis da Cruz, destacou a força de interação do grupo, do conhecimento e do reforço do intercâmbio. Ele citou um momento de incerteza global quanto à paz com novas guerras, exclusão social, efeitos da pandemia e inflação.
“Neste contexto, os jovens são desproporcionalmente afetados, gerando um legado que tem sido negativo por várias décadas. Eu creio que a realização deste Fórum aumenta os espaços para se contribuir para que se tomem melhores decisões, criando assim um futuro risonho e sustentável da humanidade e envolvendo jovens na concepção de políticas, na influência para a implementação de decisões com impacto, sobretudo nas nossas vidas, e na construção da paz que se quer nossa região.”
O enviado especial do secretário-geral para a África Ocidental e Sahel, Leonardo Simão, apontou o extremismo violento como uma preocupação constante do Conselho de Segurança.
Ele destacou o potencial da intolerância para comprometer o desenvolvimento de países onde ocorre o recrutamento.
“É uma iniciativa acolhida por Cabo Verde, justamente para dar espaço aos jovens de discutir essas questões todas. E fazerem recomendações, não só para os Estados-membros da ONU e para o sistema das Nações Unidas, sobre o que deve ser feito para que a participação dos jovens nos processos nacionais seja positivo e estes sejam mais resistentes ao aliciamento para a prática do crime, para o combate ao crime e ao extremismo violento.”
O enviado do secretário-geral defende uma melhora dos níveis de inclusão da juventude e da abertura dos espaços para sua participação na solução de crises e nos caminhos para o desenvolvimento.
Novo epicentro global do terrorismo
Este ano, uma pesquisa do Programa da ONU para o Desenvolvimento, Pnud, apontou o Sahel como a área mais afetada pelo terrorismo, ao registrar nos últimos 15 anos uma alta de 10 vezes nas mortes por terrorismo.
O estudo Jornada para o Extremismo na África: Vias para Recrutamento e Desengajamento aponta os jovens como os mais propensos a ser recrutados para as fileiras destes grupos, que tornam África Subsaariana um novo epicentro global.
O grupo tem promessas de altas recompensas, tidas como uma saída para as dificuldades em suas comunidades marcadas pela pobreza. A situação afeta a qualidade de vida, os meios de subsistência e as esperanças de paz e desenvolvimento.
*Reportagem da ONU em Cabo Verde.
FONTE: ONU NEWS