Comunidade Okinawana celebra 105 Anos da Imigração de Aza Oroku-Tabaru em grande estilo
A famílias okinawanas nascidas nos bairros de Aza Oroku e Aza Tabaru – que pertencem à região de Oroku (uma das quatro que compõem a cidade de Naha – as outras são Naha (antiga), Mawashi e Shuri) celebraram, em grande estilo, os 105 Anos da Imigração de Aza Oroku-Tabaru ao Brasil no último dia 20, no Espaço de Eventos Hakka, no bairro da Liberdade, em São Paulo. O salão ficou lotado em uma cerimônia que contou com a presença de delegações da Província de Okinawa, formada por 30 membros, e do Havaí, com quatro representantes.
A programação – que teve início com uma Missa em Memória dos Associados Falecidos – foi dividida em dois blocos. O primeiro contou com discursos das autoridades e homenagens. Já o segundo foi dedicado às apresentações artísticas, incluindo a apresentação de frevo.
Também marcaram presença o presidente da Enkyo – Beneficência Nipo-Brasileira de São Paulo – Paulo Saita, e a cônsul geral adjunta do Consulado Geral do Japão em São Paulo, Chiho Komuro.
Presidente da Associação de Administração do Patrimônio de Aza Oroku, Masayuki Takara explicou que visita regularmente o país para prestigiar a cerimônia, realizada a cada cinco anos, mas ainda fica surpreso com a dimensão do evento.
Vice-presidente da Comissão Organizadora, Mario Tadashi Ueta Uehara declarou aberta a cerimônia.
Gratidão – Presidente da Associação Oroku-Tabaru Azajin do Brasil, Masaaki Yogi lembrou que a comemoração foi adiada em um ano devido a atual epidemia global. “Isso, no entanto, não impediu nossos esforços na transmissão do espírito shimanchu para a próxima geração de jovens”.
Ele manifestou sua profunda gratidão e respeito “a todos os pioneiros desde os primeiros imigrantes, em 1917, hoje falecidos” e expressou seu desejo em continuar transmitindo a cultura e o “chimugukuru que eles construíram incansavelmente ao longo desses anos”.
Presidente da Comissão Organizadora da Comemoração dos 105 Anos da Imigração de Aza Oroku-Tabaru ao Brasil, Marcos Teruya disse que pertence a terceira geração de imigrantes e carrega “um grande sentimento de gratidão pela história de luta, sacrifícios e superação dos meus antepassados”.
‘Somos o sonho’ – “Há 105 anos, meu odi Kana Teruya, e obá Kamado Teruya, vieram no navio que trouxe os primeiros urukunchus. Além da pouca bagagem, eles trouxeram suas inseguranças, receio das terras desconhecidas e no coração muita esperança de encontrar prosperidade numa terra fértil no Brasil”, disse Marcos, acrescentando que “tenho certeza que no pensamento daqueles primeiros imigrantes mais otimistas, não imaginariam que seus descendentes conseguiriam manter vivo e ativo os valores, a cultura, os laços familiares e a união entre urukunchus e tabarunchus. Somos o sonho dos nossos antepassados”, afirmou, destacando que que em 2022 teve a honra de receber do governo de Okinawa o “Minkan Taishi – Título de Embaixador da Boa Vontade”. “E, como forma de retribuição, quero passar aos jovens, que são nosso futuro, a importância de mantermos ativos os nossos costumes, valorizar a cultura e a espiritualidade”, afirmou Marcos Teruya.
Longa trajetória – Já o presidente da Associação de Administração do Patrimônio de Aza Oroku, Masayuki Takara, lembrou que, até a realização desta celebração, “foi uma longa história de 105 anos desde que o povo das antigas vilas de Oroku e Tabaru desembarcaram em Santos, em 1917, enfrentando todo tipo de dificuldades e provação em uma terra estrangeira”. “Atualmente, eles são atuantes e prósperos em diversas áreas no Brasil. Isso é uma honra e motivo de grande orgulho para nós de Oroku e Tabaru de Okinawa”, afirmou Masayuki Takara em seu discurso.
Identidade – Tsutomu Yogi, representando o presidente da Associação de Administração do Patrimônio de Aza Tabaru, leu a mensagem de Kenichi Uehara em que destacou a importância de passar para as próximas gerações o espírito uchiná, “construído como base de nossas vidas por nossos antecessores”. “A perda da identidade também está ocorrendo em Okinawa e a transmissão do uchinaaguchi corre perigo. Todos queremos proteger a nossa valiosa cultura”, explicou.
Shinji Uehara, presidente da Associação Autônoma de Aza Oroku (representado por Yukihide Takara), destacou que não pode estar presente à cerimônia no Brasil porque, na mesma data a associação realizou o Otsunahiki (Grande Cabo de Guerra) no dia 13 de agosto após uma interrupção de quatro anos ponta da Covid-19. “Estamos muito felizes e orgulhosos das atividades dos urukunchus e tabarunchus em diversas áreas de atuação, incluindo a política, economia e educação”, assinalou.
Conectados – Representante de Jason Takara, presidente do Clube Oroku Azajin, Terence Teruya leu mensagem na qual Jason Takara afirma que, “para manter nossa identidade cultural, precisamos nos manter conectados – do Havaí ao Brasil e a Okinawa”. “A celebração dos 105 Anos demonstra o apreço aos primeiros urukunchus no Brasil”, afirmou.
Em nome da Associação Okinawa Kenjin do Brasil, Ritsutada Takara explicou que os 105 Anos da Imigração de Aza Oroku-Tabaru deve ser comemorada com uma grande festa, com muito amor, cheia de alegria e, principalmente, com a força e a união que simbolizam o espírito uchinanchu”.
Orgulho – “Tenho muito orgulho por estar participando desta grande festa, pois sou filho de pais imigrantes nascidos em Naha, Aza Oroku. Portanto, sou muito grato aos meus pais e aos meus avós pela educação que me deram e ensinaram os valores que caracterizam o espírito uchinanchu, de respeito aos mais velhos, de solidariedade, de gratidão a Deus, à família e aos antepassados que nos deram a vida e a identidade de quem somos”, discursou.
Em seguida, houve troca de presentes e homenagens a idosos acima de 85 anos de idade aos convidados e autoridades presentes (sendo 8 de Okinawa, 1 do Havaí e 4 do Brasil).
Após o kagami biraki, Akeo Yogui (ex-presidente da Associação Oroku Tabaru Azajin do Brasil) comandou o Kampai. O corte do bolo teve direito ao tradicional “parabéns para você”
(Aldo Shiguti).