Em discurso no 15º FIB, cônsul Ryosuke Kuwana anuncia sua despedida do país
Em discurso no 15° FIB – Fórum de Integração Bunkyo, o cônsul geral do Japão em São Paulo, Ryosuke Kuwana, anunciou que recebeu orientação do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão para que retorne no final de outubro para o Japão.
Em tom de despedida, Kuwana lamentou, mas disse que faz parte da carreira diplomática.
“Devo ser enviado para algum outro país da América Latina, mas qualquer que seja ele, levarei São Paulo no meu coração”, disse o cônsul, que foi aplaudido de pé pela plateia.
Ryosuke Kuwana assumiu o posto em agosto de 2020, em plena pandemia. Por conta disso, ficou um bom tempo de “molho” até o retorno dos eventos presenciais. Desde então tem viajado pelo interior do Estado de São Paulo e localidades que abragem a jurisdição do Consulado conhecendo e fazendo amigos.
Em 2022, na 19ª edição da Japan Fest realizada na sede campestre da Associação Cultural e Esportiva Nikkey de Marília (Nikkey Marília), o cônsul Kuwana deixou seu “cartão de visitas” ao cantar, em português, a música “Não deixe o samba morrer”.
E a partir daí conquistou a comunidade nikkei com sua simpatia e estilo de “galã”.
Solou Pink Floyd e dançou em vários Bon odoris.
Sobre o FIB, lembrou que era sua terceira participação no fórum e reforçou a importância do evento para fomentar o contato entre as diversas entidades e participantes de diferentes idades.
Conexão – Realizado nos dias 16 e 17, a 15ª edição do FIB – Fórum de Integração Bunkyo – evento que reúne líderes das entidades nipo-brasileiras, apresentou como tema “Conexão Brasil-Japão”. Com atividades no Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – no bairro da Liberdade, e no Pavilhão Japonês, no Parque do Ibirapuera (zona Sul de São Paulo), o FIB é considerado um dos importantes eventos para incrementar o relacionamento entre as entidades e formação das lideranças jovens do país.
Abertura – A cerimônia de abertura contou com a presença do presidente do Bunkyo, Renato Ishikawa; do presidente da Kenren (Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil), Toshio Ichikawa; do cônsul para Assuntos Políticos e Gerais do Consulado Geral do Japão, Hiroyuki Ide; do presidente da Fundação Kunito Miyasaka, Roberto Nishio; do representante chefe da Jica Brasil (Japan International Agency Cooperation), Masayuki Eguchi e do presidente da Associação Cultural Nipo-Brasileira da Alta Sorocabana, Toshio Koketsu.
Em seus discursos, todos destacaram a importância do FIB, evento idealizado por Marcelo Hideshima em 2007. Hideshima, aliás, foi lembrado não só nas falas dos oradores como também em uma exposição.
Reflexão – Toshio Koketsu, que trouxe um grupo de 14 jovens para participar do evento, disse que “todos estamos aqui para aprender, não para ensinar”. “Essa é a importância do FIB, para fazer refletir sobre o futuro”, explicou Koketsu.
Masayuki Eguchi destacou alguns programas de bolsas e treinamentos oferecidos pela Jica e falou também sobre o movimento dekassegui. “Há uma preocupação do governo japonês em oferecer melhores condições para os residentes estrangeiros em se fixar no país, e a Jica matriz também participa desse processo”, explicou Eguchi, que citou ainda algumas iniciativas da Jica Brasil nesse sentido, como os projetos para desenvolvimento profissional através do Programa de Projetos Comunitários bem como programas de bolsas e treinamentos para a comunidade nikkei.
“Uma iniciativa mais recente que chamamos ‘Programa de Promoção da Interação Multicultural, os participantes são nikkeis que oferecem apoio profissional aos brasileiros no Japão, ao mesmo tempo em que aprofundam seus conhecimentos sobre o sistema educacional e assistencial japonês”.
A cerimônia de abertura contou ainda com uma participação do embaixador do Japão no Brasil, Teiji Hayashi.
Dekassegui – Coordenado por Takayuki Kato, o 15º FIB contou ainda com uma palestra do jornalista e sociólogo Angelo Ishi, professor da Universidade Musashi, em Tóquio. Ele falou sobre os 30 anos do movimento dekassegui e o que o Bunkyo pode oferecer paraa comunidade brasileira no Japão, hoje estimada em mais de 200 mil pessoas. E apresentou como sugestões a transmissão de know-how sobre associativismo e como preservar a memória coletiva e compartilhar com os jovens brasileiros no Japão o modelo de “soma de identidades”, além de procurar “interesses em comuns” e organizar gestões conjuntas para concretizá-las.
Destacou que a grande notícia para a conexão Brasil-Japão é a isenção de visto de curta permanência, que entrará em vigor a partir do dia 30 de setembro. Disse ainda que, em outubro, mediará um painel no Kaigai Nikkeijin Taikai, em Tóquio, com jovens nikkeis que estão engajados em iniciativas “muito interessantes”.
Na sequência, Yoshio Yoshizane que retornou recentemente do Japão após término de sua bolsa de estudos, coordenou um bate-papo sobre “Os estudantes do Japão”. A dinâmica em grupo que enfocou o tema “110+10 – o que foi feito até os 115?”, fechou o primeiro bloco.
A segunda parte da programação contou uma palestra sobre estudos no Japão com Margarida Terao, coordenadora das bolsas de estudos da Jica e um painel reunindo representantes de Salvador, Manaus e Campo Grande, e um coquetel no 9º andar do Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil.
No domingo, dia 17, os participantes se deslocaram para o Pavilhão Japonês, no Parque Ibirapuera, para continuidade dos trabalhos.
FONTE: NIPPON JÁ (Aldo Shiguti)