COP28 começa com acordo histórico sobre Fundo de Perdas e Danos
Os negociadores reunidos em Dubai na 28ª Cúpula do Clima, COP28, anunciaram nesta quinta-feira a operacionalização de um fundo que ajudará a compensar os países mais vulneráveis que lutam para lidar com perdas e danos causados pelas alterações climáticas.
Esse é considerado um grande avanço no primeiro dia da conferência deste ano.
Começo promissor
O secretário executivo da ONU para Mudanças Climáticas, Simon Stiell, disse que “as notícias de hoje sobre perdas e danos dão um começo promissor a esta conferência”.
Em conversa com jornalistas, ele afirmou que “todos os governos e negociadores devem aproveitar este impulso para alcançar resultados ambiciosos em Dubai”.
Segundo agências de notícias, o presidente da COP28, Sultan al-Jaber, disse que o seu país, os Emirados Árabes Unidos, firmou um compromisso de investir US$ 100 milhões para o fundo.
A Alemanha também prometeu uma contribuição de US$ 100 milhões. O Reino Unido, os Estados Unidos e o Japão também anunciaram contribuições.
O fundo é uma exigência de longa data das nações em desenvolvimento que estão na linha de frente das alterações climáticas e que tem de arcar com o custo da devastação causada por fenômenos meteorológicos extremos cada vez maiores, como secas, inundações e subida do nível do mar.
Após anos de intensas negociações nas reuniões anuais da ONU sobre o clima, os países desenvolvidos ampliaram o seu apoio à necessidade de criação do fundo no ano passado, durante a COP27 em Sharm el-Sheikh, no Egito.
Avanço lento
Na abertura da conferência, Stiell disse que “estamos engatinhando e avançando muito lentamente para encontrar as melhores respostas para os complexos impactos climáticos que estamos vendo”.
O evento acontece em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, no campus da Expo City, que foi decorado com árvores e vegetação para a ocasião. São esperados mais de 70 mil participantes.
A reunião deste ano acontece logo após Organização Meteorológica Mundial, OMM, publicar um relatório alertando para os novos recordes climáticos em 2023, acompanhados por condições extremas que causaram grandes impactos pelo mundo.
COP28/Walaa Alshaer
Participante da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas COP28 em Dubai, Emirados Árabes Unidos
Ano mais quente para a humanidade
O chefe para mudança climática da ONU destacou que este foi o ano mais quente para a humanidade, com inúmeros “recordes aterrorizantes” sendo quebrados. Ele acrescentou que os dados apontam que temos cerca de seis anos antes da capacidade do planeta de lidar com as emissões se esgotar e a meta de 1,5ºC ser superada.
Uma série constante de relatórios publicados antes da COP28 mostrou que o mundo está muito longe de alcançar as metas climáticas e, na ausência de ações ambiciosas, o planeta caminha para um aumento de temperatura de 3ºC até o final deste século.
Simon Stiell pediu aos países que apresentem novas Contribuições Nacionalmente Determinadas, as NDCs. Elas são os planos nacionais de ação climática em que cada compromisso em 2025 – em finanças, adaptação e mitigação – deve estar alinhado com um mundo de 1,5ºC.
Progresso nos Objetivos de Paris
A COP em Dubai terá um processo conhecido como “Balanço Global”, que examina o progresso para alcançar as metas do Acordo de Paris. O documento prevê a contenção das emissões de gases de efeito estufa, construção de resiliência climática e mobilização de apoio financeiro para países vulneráveis.
Assim, o secretário executivo da Unfccc advertiu que “se não sinalizarmos o declínio terminal da era dos combustíveis fósseis como a conhecemos, damos as boas-vindas ao nosso próprio declínio terminal”
Ele destacou que o evento deste ano é a maior COP já feita, mas participar das reuniões não pode ser encarado como uma ação suficiente. “As credenciais em seus pescoços os tornam responsáveis por entregar ações climáticas aqui e em casa”, disse ele aos participantes.
Os eventos desta quinta-feira marcaram a abertura procedural da reunião, mas a conferência começará de fato nesta sexta-feira com a Cúpula de Ação Climática.
Além da participação do secretário-geral da ONU, diversos líderes mundiais devem falar sobre o que seus governos estão fazendo para enfrentar a crise climática global.
FONTE: ONU NEWS