Música inédita na voz de Adoniran Barbosa agrega valor ao álbum com gravação de show do cantor em 1980
Atenção que a música que vou cantar é muito importante…”, alerta Adoniran Barbosa (7 de agosto de 1910 – 23 de novembro de 1982) ao animado público que compareceu na manhã de um domingo, 20 de janeiro de 1980, ao Teatro Pixinguinha, do Sesc Consolação, em São Paulo (SP), para ver um show do cantor e compositor paulista.
A música em questão era um samba de tom jocoso, Vai da valsa, composto em 1953 por Adoniran, mas nunca efetivamente gravado em disco pelo artista. O único registro fonográfico de Vai da valsa foi feito pelo cantor Passoca em álbum editado em 2000, 18 anos após a morte de Adoniran.
Até por isso é alto o valor documental do álbum ao vivo que o Selo Sesc lança na próxima terça-feira, 5 de dezembro, com a gravação do show feito por Adoniran naquele 20 de janeiro de 1980.
Vai da valsa é a oitava das 11 músicas na disposição do disco Adoniran Barbosa – Ao vivo no Sesc_1980, quarto título da série Relicário, aberta em abril deste ano de 2023 com álbum ao vivo de João Gilberto (1931 – 2019) e continuada com registros de shows de Zélia Duncan e João Bosco.
O repertório do álbum Adoniran Barbosa – Ao vivo no Sesc_1980 é similar ao do disco Adoniran Barbosa ao vivo, lançado em 1990 com registro de show feito pelo artista no Ópera Cabaret, em São Paulo (SP), em 10 de março de 1979. Em ambos os shows, o cantor dá voz aos maiores sucessos com o toque do Conjunto Talismã.
A mais completa tradução do samba de Sampa, por traduzir a alma da parte da cidade habitada por descendentes de imigrantes italianos, a obra popular de Adoniran Barbosa inclui standards como Samba do Arnesto (1953), Saudosa maloca (1955), Trem das onze (1964), As mariposas (1955) e Iracema (1956), todos incluídos no roteiro do show perpetuado no álbum Adoniran Barbosa – Ao vivo no Sesc_1980.
Contudo, o repertório também abarca títulos menos badalados do cancioneiro do compositor, casos de Uma simples margarida (Samba do metrô) (1975) e Viaduto Santa Efigênia (parceria com Alocin, de 1979), sambas dos anos 1970.
Na época do show de janeiro de 1980, Adoniran estava a dois meses do 70º aniversário e já colhia as flores em vida pela construção de obra que, 43 anos depois, permanece singular e inimitável.
FONTE: G1( POR MAURO FERREIRA)