Chiaki Ishii, primeiro medalhista olímpico do judô brasileiro, receberá Troféu Adhemar Ferreira da Silva do PBO 2023
Prêmio Brasil Olímpico será realizado no próximo dia 15 de dezembro; Ishii receberá homenagem pelo pioneirismo e legado que construiu na modalidade detentora de 24 medalhas em Jogos Olímpicos
Toda grande história tem um começo. Se o judô brasileiro é respeitado no mundo todo e se tornou a modalidade que mais medalhas olímpicas deu ao Brasil, muito se deve a Chiaki Ishii. O japonês naturalizado brasileiro foi o responsável por conquistar a primeira de 24 medalhas do judô em Jogos Olímpicos, o bronze em Munique 1972. Mas, além de ser pioneiro, o trabalho dele no dia a dia em sua já lendária academia na Lapa, em São Paulo, gerou outros medalhistas olímpicos como Walter Carmona e Rafael “Baby” Silva. Por suas conquistas e seu legado no esporte olímpico brasileiro, o Sensei (mestre em japonês) foi o escolhido pelo Comitê Olímpico do Brasil para ser homenageado com o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, oferecido aos atletas brasileiros que se destacaram e construíram um legado consistente e eterno.
“Eu me sinto honrado por fazer parte do grupo seleto de grandes atletas que fizeram história e contribuíram para o esporte olímpico brasileiro. Para mim é um orgulho ver o judô que antigamente era visto como Arte Marcial e Defesa Pessoal se transformar em um Esporte Olímpico que traz medalhas e esperanças ao Brasil. Faz sentido o ditado do Mestre Jigoro Kano ‘Seiryoku Zenyo’, que significa ‘o uso mais eficiente da força’ e ‘Jita kyoei’, que significa ‘princípio de prosperidade e bem estar mútuo’. Eu sempre tive como objetivo o crescimento do Judô no Brasil e esses ensinamentos, como forma de respeito ao próximo, eu sempre preguei ao longo da minha carreira”, disse Ishii.
Chiaki, que significa 1000 outonos, resolveu se mudar para o Brasil depois de uma grande desilusão esportiva. Perdeu a Seletiva japonesa para os Jogos Olímpicos de 1964, a primeira edição em que o judô seria disputado, para Isao Okano, que acabaria sendo campeão olímpico. Viajou por diversos países da América do Sul, mas resolveu parar no Brasil e virar caubói, inspirado nos filmes norte-americanos que via. Chegou ao Brasil com apenas um judogi e precisou trabalhar na agricultura, mais precisamente numa colônia japonesa em Presidente Prudente, antes de mostrar suas habilidades na arte do “Caminho Suave”.
“Com apenas um judogui nas costas, treinei e lutei muito até conquistar a medalha de bronze olímpica”, contou Ishii, que também foi o primeiro brasileiro a ganhar medalhas em Mundiais de judô, com o bronze em Ludwigschafen, em 1971.
“Acredito que consegui apresentar aos brasileiros Judô, Sumô, esportes que fazem parte da cultura japonesa para os brasileiros. E, através da minha conquista e treinamentos, passar a confiança e fazer acreditar que se eu consegui ganhar a medalha nos Jogos Olímpicos, então todos podem. O segredo é treinar, se dedicar. Passar essa autoconfiança aos atletas das quais treinei como Aurélio Miguel, Walter Carmona e Rogério Sampaio e vê-los conquistando as medalhas olímpicas é um motivo de muito orgulho para mim. Assim como ver o Judô se tornar um dos esportes olímpicos mais praticados no Brasil. Vejo a minha contribuição desta maneira”, completou o mestre de 82 anos.
Depois de sair dos Jogos Olímpicos Montreal 1976 e Moscou1 980 sem medalhas, vieram quatro em Los Angeles 1984. E, claro, com uma ajuda de Ishii.
“Aos 18 anos, eu tinha a certeza de que seu conhecimento e método poderiam contribuir muito para o meu desenvolvimento. Mudei-me para sua academia na Lapa e foi nesse período que ocorreu meu maior aprimoramento técnico. Todos da minha geração buscavam igualar seu feito, mesmo ele já tendo chegado ao Brasil com uma bagagem da maior escola de judô do mundo, achávamos que esse feito estava cada vez mais próximo”, contou Walter Carmona, que também conquistou medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de 1984 e foi o segundo brasileiro a subir ao pódio num Campeonato Mundial, com o bronze em Paris, em 1979.
Desde Los Angeles 1984, judocas brasileiros têm marcado presença no pódio, além de colecionarem conquistas em Campeonatos Mundiais e Jogos Pan-americanos, tanto no masculino quanto no feminino. E muito disso se deve ao “samurai brasileiro”.
“Sensei Ishii é patrimônio do esporte brasileiro, pioneiro e nossa base de referência. Ele permitiu aos futuros atletas continuarem sonhando. É um ídolo. Foi uma enorme referência para os meus técnicos e, consequentemente, para mim também. Sensei Ishii é a nossa base, ele precisa ser presente em todas as gerações”, completou Ketleyn Quadros, judoca que se tornou a primeira atleta brasileira a conquistar uma medalha em esporte individual, o bronze em Pequim 2008.
PRÊMIO BRASIL OLÍMPICO (PBO) 2023
A 24ª edição do Prêmio Brasil Olímpico terá um novo formato sem deixar de lado as já consagradas homenagens da noite de gala do esporte olímpico nacional. Ana Patrícia e Duda (vôlei de praia), Bia Haddad (tênis) e Rebeca Andrade (ginástica artística) no feminino, e Filipe Toledo (surfe), Hugo Calderano (tênis de mesa) e Marcus D´Almeida (tiro com arco) no masculino concorrem ao Prêmio de Melhor Atleta do Ano em 2023. Os vencedores serão revelados no dia 15 de dezembro, na cerimônia do PBO, na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro (RJ).
A festa de gala do esporte brasileiro celebrará um ano que ficará marcado pela histórica participação do Time Brasil nos Jogos Pan-americanos Santiago 2023. Ao fim da maior competição multiesportiva das Américas, em outubro e novembro no Chile, o Brasil conquistou a segunda colocação geral e quebrou o recorde de medalhas totais (205) e o de medalhas de ouro conquistadas em uma mesma edição (66). Além disso, em 2023, até este momento, o Brasil conquistou 19 medalhas em campeonatos mundiais ou competições similares.
A Cerimônia terá os já tradicionais prêmios aos melhores atletas de cada modalidade, mas também contará com categorias inéditas: Retorno do Ano, Equipes do Ano (masculina e feminina) e Atleta Revelação. Somam-se a estes os tradicionais Atleta do Ano (masculino e feminino), Melhor das Modalidades, Prêmio Espírito Olímpico, Melhor Técnico Individual, Melhor Técnico Coletivo e Troféu Adhemar Ferreira da Silva.
Os vencedores das principais categorias foram escolhidos por um colegiado eleitoral de especialistas no esporte olímpico em votação até o dia 29 de novembro. Já o público será responsável por definir quais atletas levarão para casa os prêmios de Atleta da Torcida e Prêmio Inspire e os novos Atleta Revelação e Retorno do Ano. As votações acontecem pelo site https://pbo.cob.org.br até o dia da cerimônia.
Homenageados com o Troféu Adhemar Ferreira da Silva
2001 – Nelson Prudêncio – Atletismo
2002 – João Gonçalves Filho – Natação e Polo Aquático
2003 – Amaury Antonio Passos – Basquete
2004 – Maria Lenk – Natação
2005 – Agberto Guimarães – Atletismo
2006 – Aída dos Santos – Atletismo
2007 – André Gustavo Richer – Remo
2008 – João Havelange – Natação e Polo Aquático
2009 – Joaquim Cruz – Atletismo
2010 – Eder Jofre – Boxe
2011 – Bernard Rajzman – Vôlei
2012 – Hortência – Basquete
2013 – Torben Grael – Vela
2014 – Vanderlei Cordeiro de Lima – Atletismo
2015 – Gustavo Kuerten – Tênis
2016 – Bernardinho – Vôlei
2017 – Lars Grael – Vela
2018 – Jackie Silva – Vôlei de Praia
2019 – Oscar Schmidt – Basquete
2021 – Janeth Arcain – Basquete
2022 – Daiane dos Santos – Ginástica
2023 – Chiaki Ishii – Judô
FONTE: COB