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Chuvas no Rio de Janeiro: organizações denunciam abandono do Estado e cobram ações

No último sábado, 27 de janeiro, organizações da sociedade civil se reuniram em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo do estado do Rio de Janeiro, para denunciar a falta de ações do poder público frente aos eventos extremos previstos, como as fortes chuvas que caíram nas últimas semanas. Doze pessoas morreram e mais de 100 mil moradores de favelas e periferias do Estado foram impactados, em 14 municípios. 

”É a lama da minha rua. É a lama que entrou na minha casa. É a lama que entrou na casa dos meus vizinhos. E não tinha ninguém do governo lá para poder ajudar a gente. Foi a comunidade que se juntou para ajudar a limpar a casa do vizinho e que levou alimento para quem estava precisando”, protestou Fabrícia Sterce, artista e jornalista de dados, moradora de Queimados, na Baixada Fluminense, que há 3 anos lidera um mutirão de mapeamento de enchentes e socorro às vítimas das emergências climáticas.

A lama à qual Fabrícia se refere foi levada dos territórios atingidos e cobria frases estampadas em faixas sobre coroas de flores com os dizeres “Claudio Castro, a culpa é sua”. Além de coroas de flores em memória às vidas ceifadas, foram abertos banners com mensagens como “Baixada Fluminense pede socorro. Chega de enchentes e tragédias”, “Basta de Tragédias”, “Cadê o plano de adaptação?” e “Rio de Janeiro não é a Disney, plano climático já”. Esta última fazia referência ao fato do governador Claudio Castro estar de férias em um parque de diversões nos Estados Unidos enquanto a população sofria com os impactos das fortes chuvas e da falta de políticas públicas que se antecipassem aos riscos.

O ato também teve como objetivo lançar o manifesto “Chuva não mata, omissão sim”, com mais de 110 assinaturas de organizações, coletivos, redes e instituições, entre eles, o Greenpeace Brasil. 

“Desde 2010, o Rio de Janeiro possui uma lei que criou a política estadual de mudanças climáticas que apontava como o estado deveria prevenir, mitigar e se adaptar, criando programas, projetos e ações para se prevenir de situações como as que estamos vivendo agora. Dez anos depois, em 2020, uma nova lei determinou que o Plano de Adaptação Climática fosse criado. Mais quatro anos se passaram e ainda estamos SEM PLANO e ações que nos preparem para enfrentar as próximas fortes chuvas que virão. Quando se sabe dos riscos climáticos e não se tem ação e política pública para reagir não é catástrofe, é crime! ”, denuncia o manifesto, que pode ser lido na íntegra neste link.

“Eventos climáticos extremos estão acontecendo no Brasil inteiro. Além das fortes chuvas, há regiões em que as pessoas estão sofrendo com estiagem, seca, altas e baixas temperaturas com características para além do normal. Isso precisa ser enfrentado com políticas públicas por meio de medidas de prevenção, adaptação e respostas aos eventos extremos. Essas ações precisam ser direcionadas principalmente para as pessoas que têm sido mais impactadas, que são majoritariamente as populações negras, indígenas, as mulheres, as crianças e os idosos”, destaca Igor Travassos, porta-voz da frente de Justiça Climática do Greenpeace Brasil, que esteve pessoalmente no ato representando a organização. 

Basta de tragédias

Cerca de 9,5 milhões de brasileiros moram em áreas de risco sujeitas a deslizamentos de terra, enchentes e outros desastres climáticos, segundo o Cemaden, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais. Ninguém mora em área ou situação de risco ou vulnerabilidade porque gosta de viver perigosamente, mas porque faltam assistência do governo e recursos para adaptar esses territórios para que vivam com segurança em relação à realidade climática.

O Brasil não está preparado para eventos extremos cada vez mais frequentes e intensos, e é inaceitável que as pessoas sigam perdendo suas casas e suas vidas. Precisamos de medidas que saiam do papel e se antecipem às tragédias, com políticas públicas que coloquem a população que mais sofre com os efeitos das mudanças no clima como prioridade.

FONTE: GREENPEACE BRASIL

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