EntretenimentoVariedades

Nara Leão ganha a voz de Zezé Polessa em musical, 60 anos após a edição do histórico primeiro álbum da cantora

Quando a atriz carioca Zezé Polessa conheceu o ator, diretor e dramaturgo Miguel Falabella, em 1979, a cantora Nara Leão (19 de janeiro de 1942 – 7 de junho de 1989) já contabilizava 15 anos de carreira fonográfica, iniciada em 21 de fevereiro de 1964 com a edição de álbum, Nara, que se tornaria histórico na música do Brasil.

Nesse primeiro álbum, a cantora evocou a bossa nova nos arranjos ao mesmo tempo em que se conectou com compositores dos morros do Rio de Janeiro (RJ) – já então uma cidade partida pelo apartheid socioeconômico – e que vislumbrou uma MPB que ganharia contornos mais nítidos a partir de 1965, na era dos festivais.

Decorridos 60 anos do lançamento do álbum Nara, Zezé Polessa dá voz e corpo à cantora de origem capixaba – e vivência carioca – em musical de teatro escrito e dirigido por Miguel Falabella.

Com direção musical e arranjos de Josimar Carneiro, o musical Nara entra em cena em 29 de fevereiro no Teatro Firjan Sesi Centro, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), onde fica em cartaz até 21 de abril, de quinta-feira a domingo.

Na narrativa do monólogo musical, Nara Leão aparece na figura de Zezé Polessa e, através de fluxo de consciência, compartilha com o espectador momentos e músicas de trajetória emblemática que abarcou ruptura com a bossa nova, aparições em festivais, as participações em shows teatrais – como Opinião (1964) e o espetáculo Liberdade, Liberdade (1966) – e a incursão pela Tropicália, além de uma ida para França, onde Nara gravou em 1971, em Paris, álbum duplo que a reconciliou com o repertório da bossa nova (cancioneiro que até então nunca gravara em disco, mas do qual nunca se afastara totalmente nos shows).

Ao longo das cenas e das músicas de roteiro que inclui Corcovado (Antonio Carlos Jobim, 1960), Diz que fui por aí (Zé Kétti e Hortênsio Rocha, 1964) e A banda (Chico Buarque, 1966), entre outras composições associadas a uma cantora visionária que deu voz a compositores então iniciantes como Chico Buarque e Sidney Miller (1945 – 1980), chegam à cena no musical Nara temas como a repressão política no período da ditadura militar, a maternidade e o avanço do debate feminista na voz da artista.

Passados 35 anos da morte física daquela que, na definição poética de Carlos Lyra (1933 – 2023), foi não a musa, mas “a música da bossa nova”, o canto livre de Nara Leão reverbera na cena teatral carioca na voz de Zezé Polessa.

FONTE: G1 ( POR : MAURO FERREIRA)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *