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OMS leva cuidados de saúde mental para jovens em Madagáscar

As crises humanitárias em curso no sul de Madagáscar pioraram a situação das pessoas com questões de saúde mental. Por isso, a Organização Mundial da Saúde, OMS, tem apoiado os pacientes, proporcionando mais consultas psiquiátricas.

Henrielle Emasignavy trabalha para a OMS em Ambovombe, onde está sediado o Hospital Regional de Referência de Androy. Ela falou sobre o cuidado que está sendo prestado às pessoas que enfrentam crises de saúde mental.

Henrielle Emasignavy da OMS no Hospital Regional de Referência de Androy

UN News/Daniel Dickinson

Henrielle Emasignavy da OMS no Hospital Regional de Referência de Androy

Ansiedade causada pela crise humanitária

Na cidade muitas pessoas enfrentam uma série de problemas de saúde mental, incluindo episódios psicóticos, esquizofrenia e depressão.

Segundo Henrielle, tem havido um aumento de jovens que sofrem dessas condições. Ela disse que entre os homens, os casos podem estar ligados ao consumo de cannabis, e entre as mulheres com idades entre os 13 e os 18 anos pode ser a ruptura de uma relação ou a depressão após o nascimento de um filho.

A profissional da OMS afirmou que ambos os sexos são afetados pela ansiedade de viver constantemente sob condições estressantes causadas pelas crises humanitárias em curso no sul de Madagáscar.

Henrielle destacou que recentemente, o país viveu secas e ciclones em diferentes regiões do sul, “o que agravou os efeitos das alterações climáticas, bem como do subdesenvolvimento profundamente enraizado”. Isto deixou muitas pessoas vulneráveis ​​que vivem no sul lutando para sobreviver.  

“Quando as colheitas falham, as pessoas não têm rede de segurança e muitas vezes passam fome. O acesso aos serviços de saúde e a outros serviços de proteção social também pode ser problemático”, disse ela.

Vítimas de feitiçaria

A representante da OMS disse que conheceu uma mulher chamada Elodie que sofreu psicose pós-parto após dar à luz aos 20 anos e perder o filho seis meses depois.

“Quando a conheci, percebi que uma corrente estava presa em seu tornozelo”, relatou.

A mãe dela informou que era para sua própria segurança, pois a filha tentava escapar. Henrielle explicou que em Madagascar há muito estigma associado às pessoas que sofrem de distúrbios de saúde mental. Muitos acreditam que eles estariam “possuídos” e são vítimas de feitiçaria.

A profissional de saúde ressalta que “os problemas de saúde mental são curáveis ​​do ponto de vista médico, mas o aumento da ignorância e da pobreza obriga as pessoas a recorrer a medidas drásticas, como amarrar os pacientes, o que agrava as doenças mentais de que sofrem”.

A mãe (centro) de Elodie (à direita) diz que ela respondeu bem à medicação

UN News/Daniel Dickinson

A mãe (centro) de Elodie (à direita) diz que ela respondeu bem à medicação

Acessando cuidados

O acesso ao tratamento é extremamente desafiador para os pacientes. O hospital especializado mais próximo fica a cerca de 600 quilômetros de distância. Por isso, para satisfazer a crescente necessidade de serviços, a OMS contratou equipes médicas para cuidados ambulatórios periódicos.

Durante um período de três dias, foram realizadas 93 consultas gratuitas, sendo 67% dos pacientes mulheres, incluindo Elodie, que foi atendida por um neurologista. 

Como resultado desta consulta, ela recebeu uma medicação que, segundo a sua mãe, está melhorando seu estado de saúde mental. Um dos sinais de melhora é que Elodie está cuidando melhor de si mesma, por exemplo, cuidando de sua higiene pessoal.

Henrielle disse que a OMS gostaria que houvesse mais serviços disponíveis para pessoas como Elodie.

A agência segue atuando para apoiar os pacientes no caminho para a recuperação, muitos deles rejeitados pela família e forçados a sair de casa. 

FONTE: ONU NEWS

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