Plantio de cerejeiras lembra a importância do projeto contra as enchentes no Rio Tietê
A dois dias de comemorar 42 anos de fundação, o Parque Ecológico do Tietê, localizado na várzea do Rio Tietê (na zona Leste de São Paulo), ganhou de presente cinco cerejeiras da variedade Okinawa. O ato, simbólico, realizado nesta terça-feira (12), foi uma forma de lembrar a implementação do projeto de combate às enchentes da Região Metropolitana de São Paulo, na década de 1990, por meio da Assistência Oficial para o Desenvolvimento (ODA) do governo japonês.
Estiveram presentes o subsecretário do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Governo do Estado de São Paulo (Semil), Jônatas Souza de Trindade; o representante chefe do Escritório da Jica Brasil, Masayuki Eguchi; o presidente do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – Renato Ishikawa; o engenheiro Nelson Nashiro (representando a superintendente da DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica, Mara Ramos); o vice-presidente da ABJICA (Associação dos Ex-Bolsistas Jica-SP), Fábio Maeda; o presidente do Prêmio Kiyoshi Yamamoto / Bunkyo Rural, Nelson Kamitsuji; o diretor do Bunkyo, Celso Mizumoto e a representante sênior da Jica, Reiko Kawamura.
O projeto de combate às enchentes do Rio Tietê, executado em duas fases, envolveu um empréstimo no valor aproximado de US$ 500 milhões na época e resultaram em melhorias nos escoamentos de 66 afluentes.
Como resultado deste grandioso projeto realizado por intermédio da Jica e do Governo do Estado de São Paulo, houve significativas reduções nas ocorrências de transbordamento do Rio Tietê e estabilização no fornecimento de água à população.
Iminente – Masayuki Eguchi lembrou que as conversas do programa de rebaixamento da Calha de Rio Tietê tiveram início ainda em 1992, durante a Conferência do Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro. “Naquela época, o Japão também procurava apoiar projetos relacionados ao meio ambiente e a nossa agência, antecessora à Jica, foi encarregada de enviar uma missão composta por 15 pessoas para avaliar o projeto”, conta Eguchi, explicando que foram escolhidos quatro estudos de cooperação financeira para o Brasil e o de controle de inundação foi um dos candidatos.
Segundo ele, o problema de enchentes já era iminente. “O rio transbordava e atrapalhava o trânsito, prejudicando a atividade econômica de São Paulo”, lembra. A obra, executada pelo DAEE, durou muito tempo e, por fim, com a implementação de duas fases, concluíram o projeto. “Depois disso, apesar das fortes chuvas, o Rio Tietê nunca mais transbordou”, disse Eguchi, acrescentando que já se passaram cerca de 20 anos da conclusão da obra, “mas muitas pessoas ainda não sabem que essa cooperação foi feita pelo Japão, através da agência governamental do Japão”.
Outros projetos – Eguchi conta que outros projetos que tiveram cooperação da Jica, como no Cerrado brasileiro – através do Prodecer (Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para o Desenvolvimento Agrícola dos Cerrados) – e a cooperação técnica para o cultivo de maçã em Santa Catarina, já são bastante conhecidos, “mas este [de combate às enchentes da Região Metropolitana de São Paulo] também é muito importante ser lembrado”.
Ele enfatizou que a cerimônia do plantio de cerejeiras representa um reconhecimento da cooperação da Jica no passado.
Segundo ele, ainda há muitos desafios a serem superados na questão do meio ambiente. “Quero lembrar o dia de hoje como um reconhecimento da cooperação passada, mas também como um compromisso para a continuação da cooperação do Japão para o Brasil através do Estado de São Paulo”, afirmou Eguchi, lembrando que a cooperação econômica nipo-brasileira vem desde 1959, portanto, há 65 anos.
Benefícios – Presidente do Bunkyo, Renato Ishikawa iniciou sua fala explicando um pouco “o que é o Bunkyo”, entidade fundada em 1959, que congrega mais de 400 entidades nikkeis espalhadas pelo território brasileiro e que administra o Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, o Pavilhão Japonês – no Parque do Ibirapuera – e o Parque Bunkyo Kokushikan, em São Roque.
Segundo Ishikawa, até hoje poucas pessoas conseguem enxergar os benefícios do projeto. “Como resultado, tivemos a extinção de enchentes que aterrorizavam os moradores desta metrópole de São Paulo, além de despoluir a calha do Rio Tietê, um grande problema sanitário ambiental”. “Era algoi impossível de se imaginar naquela época”, afirmou Ishikawa.
Representando a ABJICA, Fábio Maeda destacou que a “Jica tem escrito lindas histórias de norte a sul do Brasil, seja no desenvolvimento da soja no cerrado, das lindas maçãs em São Joaquim, das doces uvas no Vale do Rio São Franscisco, do cacau em Tomé-Açu e também no alagamento da calha do Rio Tietê, transformando adversidades em oportunidades para o desenvolvimento do Brasil, ajudando o povo brasileiro e a comunidade nipo-brasileira a caminhar para o futuro”.
Valores – Já o subsecretário da Semil manifestou seu respeito pelo povo e pelos valores japoneses. “Isso faz com que a gente se sinta realmente dentro de uma comunidade, abraçado por pessoas que são pessoas realmente que fazem a diferença do Estado de São Paulo. E as cooperações que o Estado de São Paulo tem feito com a Jica, a gente enxerga realmente uma cooperação, algo que tem vontade de melhorar o Estado”. Segundo ele, a cooperação entre os dois países “vai muito além de educação ambiental”. “É uma relação muito rica e envolve os laços de amizade entre Brasil e Japão”, destacou.
Futuramente, a ideia é realizar o plantio definitivo de 50 mudas de cerejeiras, além de cem mudas de espécies nativas no local. A data sugerida foi 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente. Masayuki Eguchi propôs ainda a colocação de placas explicando as razões do plantio.
Segundo apurou o Nippon Já, o parque costuma receber, num único dia de final de semana, cerca de 30 mil visitantes.
(Aldo Shiguti)