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Brasileiros são menos propensos que argentinos à adoção de dietas sustentáveis

Quando o assunto é uma dieta sustentável, brasileiros e argentinos têm opiniões bem parecidas. Existe um alto índice de possibilidade de adoção de novos hábitos alimentares na população desses países (59,6% na média), mas a probabilidade de que isso ocorra é maior na Argentina, onde 60% está aberto a aderir a novos hábitos alimentares, enquanto no Brasil, o percentual é de 59,2% dos entrevistados. 

No entanto, quanto à resistência às novas dietas sustentáveis, o índice é significativamente maior no Brasil, com 18,8% dos entrevistados afirmando que não pretendem adotar novos hábitos alimentares, em comparação com apenas 8,6% na Argentina. É o que revela uma nota técnica inédita do WWF-Brasil sobre as diferenças na disposição de brasileiros e argentinos em adotar dietas sustentáveis.

Os dados fazem parte da nota técnica Como furar a bolha da dieta sustentável no Brasil? elaborada a partir de dados do estudo Dietas sustentáveis e saudáveis para o Cone Sul, realizado por pesquisadores da FGV e da City University of London, com o apoio do WWF-Brasil e da Fundação Vidas Silvestres da Argentina.

Há significativa diferença entre brasileiros e argentinos quanto à perspectiva temporal na adoção de dietas sustentáveis. A opção por adotar uma dieta sustentável a curto prazo é escolhida por 22,2% da amostra total. Os argentinos mostram uma maior inclinação para essa perspectiva, com 30,7% considerando a adoção iminente, em contraste com apenas 13,9% dos brasileiros. Já a perspectiva de médio prazo é mencionada por 33,2% dos argentinos e 25,6% dos brasileiros. Isso sugere que um número significativo de pessoas em ambos os países está considerando a transição para dietas mais sustentáveis em breve.

Surpreendentemente, a perspectiva de longo prazo é mais mencionada pelos brasileiros: metade dos entrevistados (50,1%) disseram que considerariam adotar uma dieta sustentável apenas a longo prazo, em comparação com 29,9% dos argentinos. O percentual dos que declararam que nunca adotariam uma dieta sustentável também difere nos dois países: 6,1% dos argentinos e 10,4% dos brasileiros. Esses números demonstram que a resistência à mudança alimentar é pequena em ambos os países, embora seja  mais pronunciada no Brasil.

Os dados qualitativos do estudo Dietas sustentáveis e saudáveis para o Cone Sul revelam aspectos importantes sobre a percepção e a disposição dos consumidores em relação às dietas sustentáveis. A simples comunicação dos atributos sustentáveis dos produtos não é suficiente para garantir uma maior valorização desses itens por parte dos consumidores. Foi constatado que a maioria dos consumidores que já adquirem produtos sustentáveis são aqueles com altos níveis de motivação para questões ambientais, indicando a existência de uma “bolha” na qual há uma maior propensão à adoção de dietas sustentáveis.

Reflexão e ação coletiva

Essas descobertas têm implicações importantes para as empresas alimentícias e os formuladores de políticas públicas. A reflexão sobre as perspectivas temporais de adesão às dietas sustentáveis e a percepção da existência de uma “bolha” de consumidores mais engajados podem auxiliar na formulação de estratégias mais eficazes para promover a mudança de hábitos alimentares em diferentes segmentos da população.

Luiza Soares, analista de Conservação do WWF-Brasil salienta que a promoção de dietas sustentáveis é fundamental para enfrentar os desafios das mudanças climáticas, preservar os recursos naturais e proteger a biodiversidade, além de impactar positivamente a saúde pública, e que uma abordagem multissetorial é necessária. “Sabemos que o desafio de furar a bolha da dieta sustentável é um processo complexo que precisa impactar pessoas para além dos grupos dos já adeptos e dos propensos. É um compromisso com a justiça social, com a saúde do planeta e com o bem-estar de todas as comunidades. Essa transformação coletiva só é possível com uma ação igualmente diversa, realizada por atores de diferentes setores da sociedade. Somente juntos, podemos fazer a diferença”, afirma.

FONTE: WWF BRASIL

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