Pesquisadores lançam Instituto Amazônico do Mercúrio
Em um esforço conjunto para enfrentar a contaminação por mercúrio nos estados da Amazônia, diversas instituições públicas, incluindo universidades federais, lançam no dia 21 de maio o Instituto Amazônico do Mercúrio – IAMER. A iniciativa agrega esforços de grupos de pesquisa para enfrentar um grave problema da região, preencher o “apagão” de dados e desenvolver estratégias de enfrentamento à contaminação por mercúrio na Amazônia.
O instituto nasce com a ambição de expandir e estabelecer ao menos um polo de testagem de contaminação em cada estado amazônico. Com essa estrutura, o IAMER se posiciona como a primeira rede dedicada especificamente ao problema da contaminação por mercúrio com uma abordagem holística, integrando pesquisa científica, treinamento profissional e engajamento comunitário para enfrentar um dos principais problemas ambientais e de saúde pública na Amazônia.
Maria Elena Crespo López, coordenadora do IAMER e professora da Universidade Federal do Pará, destaca que o Instituto surge da necessidade de ter acesso a dados confiáveis e realistas para embasar políticas públicas com efeitos duradouros na Amazônia. Atualmente tramita no Senado um Projeto de Lei (nº 1011/2023) que visa estabelecer a Política Nacional de Prevenção da Exposição ao Mercúrio no Brasil, os dados produzidos na Amazônia podem ser um exemplo em nível nacional do que esta política prevê em termos de um sistema de controle para exposição ao mercúrio.
Ela afirma: “O problema da contaminação por mercúrio na Amazônia necessita de uma abordagem multifacetada que integra conscientização, monitoramento, alternativas econômicas e políticas públicas inclusivas. Com essas estratégias, é possível proteger a saúde das populações amazônicas, preservar o meio ambiente e garantir a sustentabilidade econômica da região”, explica.
A eliminação completa do uso de mercúrio é uma questão complexa, devido aos fatores socioeconômicos e culturais envolvidos. Para enfrentar esses desafios de maneira eficaz e duradoura, as estratégias que o IAMER pretende desenvolver incluirão ações que promovam a capacitação, a conscientização e o monitoramento da exposição ao mercúrio.
A presença de mercúrio na Amazônia é um problema sistêmico de grande complexidade, com efeitos devastadores sobre a segurança alimentar, a saúde pública e o meio ambiente das comunidades da Amazônia. O mercúrio não se decompõe facilmente no meio ambiente, o que o leva a entrar em um ciclo contínuo de deposição e remoção entre o solo, os corpos d’água e a atmosfera. Esse ciclo permite que a substância percorra grandes distâncias, afetando não apenas aqueles que estão no entorno das áreas contaminadas como , povos e comunidades tradicionais, incluindo ribeirinhos e indígenas, mas também aqueles que vivem nas áreas urbanas da Amazônia.
Dados recentes indicam que peixes contaminados com mercúrio estão disponíveis para consumo humano em mercados de várias cidades amazônicas, tanto nas regiões mais afetadas pela mineração, como a bacia do Rio Tapajós, quanto em áreas metropolitanas como Belém, onde não há atividade mineradora. “A contaminação por mercúrio representa um risco significativo para a saúde pública, pois o consumo de peixe contaminado pode levar a graves problemas de saúde, incluindo danos neurológicos e outras doenças crônicas. Portanto, é crucial implementar medidas eficazes para combater o uso irregular e monitorar continuamente os níveis de contaminação em peixes e outros alimentos, a fim de proteger a saúde da população e preservar o meio ambiente”, afirma a professora.
A cerimônia de lançamento do IAMER ocorrerá no dia 21 de maio, em evento fechado para convidados da comunidade acadêmica, poder público, sociedade civil e convidados no Instituto de Ciências da Arte da UFPA, em Belém. A iniciativa conta com o apoio do Ministério da Justiça, Universidade Federal do Pará, Universidade Federal do Amapá, Universidade Federal de Rondônia, Universidade de Gurupi, Universidade do Estado do Amazonas, UFOPA – Universidade Federal do Oeste do Pará e do WWF-Brasil.
FONTE: WWF BRASIL