Conferência de Bonn: WWF insta países a impulsionarem acordo que transforme o financiamento climático
Os governos devem usar a Conferência sobre Mudança Climática em Bonn (3-13 de junho) para trabalhar em direção a uma nova meta transformadora do financiamento climático e demonstrar progresso em relação aos novos planos climáticos nacionais alinhados com a meta de 1,5°C, de acordo com o WWF.
A conferência reúne negociadores de todo o mundo seis meses antes da cúpula climática da ONU, a COP29, em Baku, Azerbaijão, em novembro. Este é um momento crucial para os países criarem impulso em direção às decisões-chave que são necessárias em Baku, particularmente a concordância em uma nova meta de financiamento climático para substituir a meta anterior de US$ 100 bilhões por ano, um compromisso que começou a ser cumprido apenas em 2022, de acordo com um relatório recente da OCDE.
“O Brasil faz parte da Troika, que é uma iniciativa das presidências das COP 28, que ocorreu em Dubai ano passado; da COP 29, em Baku, neste ano; e da COP 30, que será em Belém, em 2025. Então temos a expectativa de um envolvimento mais político do Brasil, colocando de fato os países na rota do 1,5ºC (meta do Acordo de Paris), preparando o terreno para que a COP 30 seja um sucesso. E a Conferência de Bonn é um passo importante para que acordos concretos sejam firmados daqui até Belém”, diz Alexandre Prado, líder em mudanças climáticas do WWF-Brasil.
“Nesse caminho, é essencial que é o Brasil seja protagonista em iniciativas focadas em transição energética, conservação da natureza e, em especial, desmatamento zero, com a eliminação das emissões de carbono associadas à agropecuária e um olhar não apenas sobre a Amazônia, mas também para outros dos nossos biomas ameaçados, como Cerrado e Pantanal”, afirma o especialista.
No documento de expectativas da COP29 do WWF, a organização de conservação também destaca a necessidade de os países dobrarem o financiamento para adaptação em relação aos níveis de 2019 até 2025 para atender à crescente necessidade de proteção contra os impactos agravantes do aumento das temperaturas e eventos climáticos extremos, como as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul. O Fundo de Perdas e Danos também requer substancialmente mais fundos para cumprir seu propósito.
“Um dos Programas de Trabalho da Convenção Quadro das Nações Unidas busca delimitar metas e indicadores para adaptação a nível global e faz referência ao caminho entre a COP 28 (Emirados Árabes), em 2023, e a COP 30, de Belém, no ano que vem. Nesse intervalo de dois anos, no entanto, a implementação de medidas de adaptação já se faz urgente, e ainda assim, encontra barreiras principalmente por falta de vontade política, de confiança nas projeções científicas sobre cenários climáticos e falta de financiamento. A nível de diplomacia internacional as barreiras podem ser resumidas no pedido dos países em desenvolvimento aos países desenvolvidos por financiamento para adaptação e para perdas e danos e apoio técnico para implementação de medidas que previnam desastres como os que vimos no Rio Grande do Sul”, afirma Flávia Martinelli, especialista em mudanças climáticas do WWF-Brasil.
Com os países devendo apresentar sua próxima rodada de planos climáticos nacionais (Contribuições Nacionalmente Determinadas) em 2025, Bonn e a COP29 também serão momentos importantes para os países fortalecerem a cooperação internacional e avançarem em direção a novos planos que possam reduzir credivelmente as emissões em 43% até 2030, 60% até 2035 e atingir zero emissões líquidas até 2050.
O WWF também está propondo que um novo fluxo de trabalho clima-natureza seja estabelecido dentro da arquitetura do Acordo de Paris para ajudar a impulsionar soluções conjuntas para as crises climática e da natureza. Coordenar políticas para abordar ambos os problemas é fundamental se quisermos maximizar os benefícios para as pessoas, o clima e a natureza.
FONTE: WWF BRASIL