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Projeto em Xerém beneficia agricultores familiares e propicia inclusão social

O projeto de Agricultura Urbana e Periurbana que vem sendo desenvolvido em Xerém, distrito do município de Duque de Caxias (RJ), visitado hoje (30/07) pelo ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, autoridades, parlamentares, acadêmicos e artistas, representa bem mais do que uma política pública de estímulo à agricultura familiar. Também é muito mais que uma contribuição, por meio do trabalho desses agricultores, para a segurança alimentar e a agroecologia.

Marca uma ação que leva mais inclusão social para a população das grandes cidades e das regiões metropolitanas, reduzindo vulnerabilidades e, por consequência, desigualdades sociais do país. Além disso, propicia a estudantes de graduação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) legítimas experiências no campo da extensão universitária — o que tem tudo para ser replicado em outras universidades.

A informação é da coordenadora do projeto no âmbito da UFRRJ, Betty Nogueira Rocha, economista e doutora em ciências sociais. O trabalho está sendo desenvolvido em Xerém por meio de várias parcerias, dentre as quais, o Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), a UFRRJ, por meio do seu campus lá localizado, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Instituto Zeca Pagodinho (IZP) e a Organização Cidades Sem Fome.

A iniciativa tem atendido os agricultores numa dinâmica de formação e orientação para que se capacitem e estruturem bem as atividades que desenvolvem. A partir da lei que institui a Política Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana, sancionada na última semana pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estes agricultores poderão ser beneficiários dos programas voltados para a agricultura familiar — tais como acesso ao crédito, máquinas e compras públicas. Também foi anunciado, durante o evento, a cessão de terreno do IZP para a implementação de um Sistema Agroflorestal Urbano com a produção de plantas medicinais e árvores nativas da Mata Atlântica.

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Índices altos
A Baixada Fluminense, explicou Betty Nogueira, tem um dos maiores números de insegurança alimentar do país, assim como vulnerabilidades sociais diversas, motivo pelo qual ela conta que a equipe toda vê a experiência com expectativa grande e positiva. “Esse trabalho consiste num esforço importante para a população como um todo. A pandemia deixou latente o impacto da falta de acesso aos alimentos em muitos locais e mostrou o quanto a agricultura urbana e periurbana é fundamental neste sentido”, destacou.

O trabalho tem consistido também, segundo ela, em uma experiência única para a universidade. “Por meio do programa estamos oferecendo para os nossos alunos não apenas pesquisa teórica, mas extensão universitária. Esse não é um projeto de pesquisa apenas, mas de extensão, uma vez que muitos dos nossos alunos são moradores de Xerém e fazem parte da vida da comunidade,” explicou.

O distrito de Xerém, localizado em Duque de Caxias, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro – considerada a segunda maior área metropolitana do país em termos populacionais, com 21 municípios – tem 65 mil habitantes e 28,5 mil domicílios.

Coexistência de realidades
“Apesar da intensa dinâmica urbana, um olhar mais atento para a Baixada Fluminense permite identificar as potencialidades e coexistências das ruralidades observadas em espaços onde o modo de vida se distancia da rigidez do que comumente é definido como rural e urbano, uma vez que a vida pulsante da cidade é entrecruzada com as paisagens dos quintais produtivos, feiras livres, bancas improvisadas nas esquinas com ervas medicinais, hortas, pessoas andando à cavalo e carroceiros em atividade pelas ruas”, destacou ela, em documento da equipe da UFRRJ.

“Essa dimensão de cidade associada às práticas do rural se configura como importante estratégia para produção de alimentos saudáveis e em quantidades suficientes para autoconsumo, trocas, doações ou comercialização”, acrescentou.

“Com isso, a estruturação e fortalecimento da Agricultura Urbana e Periurbana se apresenta como fundamental instrumento de política pública para produção de alimentos, geração de renda e trabalho, articulando os espaços das ruralidades e o urbano, reduzindo distâncias, fortalecendo circuitos curtos de comercialização com redução de custos de transporte”, enfatizou a coordenadora do trabalho.

Ampliação de acessos
Segundo Betty Nogueira, a iniciativa representa ampliação do acesso à alimentação e garantia da segurança alimentar e nutricional, especialmente para populações mais vulneráveis como mulheres e crianças.

“Se de um lado observamos um cenário demarcado pelas desigualdades sociais, por outro, identificamos um conjunto diverso de pessoas, majoritariamente mulheres, que constroem em seus territórios alternativas produtivas mais solidárias, mais justas, integrando suas vivências territoriais às práticas agroecológicas e constituindo redes de apoio e trocas que denotam as potencialidades da agricultura urbana em Xerém”, destacou o sumário executivo do programa, distribuído durante o evento.

Link: https://www.gov.br/mda/pt-br/noticias/2024/07/projeto-em-xerem-beneficia-agricultores-familiares-e-propicia-inclusao-social-para-a-populacao

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