GeralPolítica

Alesp lança Frente Parlamentar do Funk, primeira na Casa a discutir gênero musical

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo promoveu, nesta quarta-feira (14), o lançamento da primeira Frente Parlamentar do Funk na Casa. A cerimônia, que aconteceu no auditório Teotônio Vilela, foi promovida pela deputada Ediane Maria (Psol) e recebeu diversas personalidades ligadas ao gênero musical.

Na cerimônia, a deputada Ediane afirmou que o lançamento da Frente é fundamental para valorizar movimentos culturais historicamente marginalizados. Ela também defendeu a existência de mais espaços públicos de cultura. “O nosso objetivo é ouvir as várias vozes que ocupam o funk e que ocupam a periferia”, afirmou.

A Frente Nacional de Mulheres do Funk foi uma das entidades da sociedade civil que participaram da articulação da iniciativa. Renata Prado, liderança da organização, afirmou que o preconceito com esse movimento cultural e musical é fruto do histórico racista do Brasil. “A gente percebe que esses jovens que fazem parte do movimento funk não desfrutam das políticas públicas que estão garantidas em nossa Constituição. E eles têm direito de ocupar os espaços públicos e fazer uma disputa política a partir de participação social”, defendeu Renata.

O artista e produtor musical Murillo Santos, também conhecido como “MU540”, reforçou que o lançamento da Frente Parlamentar é algo histórico para a comunidade do funk. Ele ainda falou sobre a importância de pessoas da periferia ocuparem espaços públicos. “Cada vez mais gente tem que estar por aqui – na Assembleia – para dar a sua opinião. Isso é algo de todos nós.”

Frente Parlamentar é a associação de deputados, em caráter suprapartidário, destinada a promover a discussão e o aprimoramento de políticas públicas referentes a um determinado setor.

Inclusão

O músico Marcelo Abdinego, o Nego Bala, convidado da cerimônia, trouxe a experiência própria para defender o funk como promotor do bem-estar social. Durante a infância, teve que lidar com a dependência química vivida pela mãe e a cultura o ajudou a superar esse momento.

“O funk me abraçou. Me tratou como um pai, um irmão, uma mãe, um filho, uma irmã, um amigo, uma amiga. Tudo isso eu encontrei no funk. E um pouco mais: eu encontrei uma identidade”, destacou.

Defesa de paz nas periferias

Maria Cristina Quirino, integrante do Movimento de Familiares das Vítimas do Massacre de Paraisópolis e pesquisadora do Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CARF), estava presente na mesa e afirmou que é vital que a juventude possa se divertir e expressar sua cultura em segurança na periferia. Ela perdeu o filho no caso que ficou conhecido como Massacre de Paraisópolis e, muito emocionada, leu um poema em sua homenagem.

A Justiça de São Paulo marcou para janeiro de 2025 uma nova audiência para julgar os 12 policiais militares acusados pela ação que terminou com nove jovens mortos e outros 12 feridos, em dezembro de 2019, durante um baile funk na comunidade da Zona Sul.

FONTE: ALESP

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *