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Empresário de Marília tem história de superação e empreendedorismo

O empresário mariliense Francisco Mateus Del Hoyo, mais conhecido como Mateus da K2, tem uma história de superação e empreendedorismo, que o transformou em uma pessoa bem sucedida e que promove a geração de empregos em Marília. Ex-catador de recicláveis e vendedor de doces em cruzamentos de Marília, Mateus da K2 conquistou a estabilidade financeira e hoje é um dos empresários mais bem sucedidos de Marília, no interior de São Paulo. O empresário nasceu no distrito de Amadeu Amaral e passou sua infância e adolescência na Vila Jardim, zona Oeste de Marília.

Quando tinha cerca de 8 anos, por iniciativa própria, decidiu recolher materiais recicláveis, para vender no ferro velho Luna. “Ninguém me pediu, mas eu via que tínhamos necessidade em casa e queria ajudar. Eu pegava vidro, lata (não existia as latinhas de aluminío que tem hoje), panelas velhas e pedaços de ferro para vender”, relembra.

Com espírito empreendedor, percebeu que poderia ter mais receita, se mudasse sua estratégia. Recolher materiais recicláveis demandava tempo e não representava grandes ganhos. “Foi aí que eu tive a ideia de comprar doce em uma fábrica e vender nos cruzamentos. Eu comprava, vamos dizer, em dinheiro de hoje, por R$ 1,00 e vendia por até R$ 5,00. Era um lucro muito bom e eu entregava tudo para minha mãe”, relambra.

Já adolescente, Mateus foi estudar na Escola Estadual Monsenhor Bicudo, localizada na avenida Rio Branco. Foi um período dificil, pois já era adolescente e se sentia excluído pelos demais alunos. “Lá tinha um sistema de doação de material e até roupas para quem precisava. Era uma caixa, de onde vinham as doações. A professora perguntava quem não tinha determinado material e apenas eu e um amigo, que era preto, éramos “da caixa”, ou seja, ganhavámos o que precisávamos em doações”, relembra, destacando que isso era muito constrangedor.

*Em busca da felicidade*

Já adulto e descontente com essa situação, decidiu alterar essa condição e isso implicava em mudar até de cidade. Com isso, acabou se mudando para São Paulo. “Lá a situação era outra. Eu era ‘só mais um’ e não passava pelo constrangimento de Marília. Fui morar numa pensão e muitas vezes fiquei sem comer. E quando tinha comida, às vezes era só a janta e durante a semana. Isso porque, trabalhava como garçom no colégio judeu Sholen Aleixem, no Bom Retiro. Nos fins de semana, passava a seco, sem nada”, relembra com tristeza.

O hoje empresário relembra que, apesar de todas estas dificuldades, nunca desanimou e sempre procurou meios de se manter. Foi morar em uma pensão, onde a proprietária percebeu sua dificuldade e permitiu que ele que almoçasse e ainda fizesse uma “marmita” para a janta. “Ela viu minha dificuldade e daquele dia em diante, não passei mais fome. Eu podia almoçar e ainda tinha a janta”, comemorou. Sua passagem pela capital paulista foi rapida, pois logo em seguida se mudou para Porto Alegre (RS). Em pouco tempo, conseguiu levar os pais para morar com ele e as coisas começaram a melhorar. “Meus pais trabalhavam, minha irmã tinha emprego e eu comecei a fazer o curso de direito, por incentivo de uma namorada. Tudo estava correndo bem e devagar estávamos prosperando”, comentou.

Para ir até a faculdade, Mateus “cortava caminho” por um centro de compras, onde funcionava as Lojas Americanas. Um dia, ao passar pelo local, viu um anúncio de emprego. Era a oportunidade que estava esperando, para ter sua renda e ajudar ainda mais a família. “Eu fui lá e me candidatei a uma das quatro vagas. No dia da entrevista, eu estava lá na fila e não me senti bem. Todos estavam bem vestidos e eu estava com a pastinha da escola, com uma ropinha simples. Pensei em sair da fila, mas quando olhei para traz, era grande o número de pessoas e fiquei com vergonha de desistir. Acabei ficando”, contou.

Ao chegar para a entrevista com a psicóloga, Mateus foi informado que talvez não fosse contratado, porque o trabalho era em período integral, mas a faculdade consumia o período da manhã. “Eu insisti com a mulher e disse que isso não seria problema, pois se fosse preciso, deixava a faculdade. Eu queria trabalhar e faria qualquer coisa pelo emprego”, afirmou.

*Seleção profissional*

O processo de seleção envolveu uma série de atividades e a cada dia era divulgada uma lista. Quem aparecia na lista, continuava no processo de seleção. Se o nome da pessoa não constava da relação, ela tinha sido eliminada. “Eu sei que meu nome foi ficando. Até que foi reduzido a apenas quatro pessoas. Novamente meu sentimento de inferioridade bateu e eu achei que não seria selecionado. O gaúcho é muito bairrista e eles não gostam muito dos paulistas. Eu pensei: estou fora, eles vão escolher um gaúcho, que tem mais presença, é alto, olho azul e não um baixinho que nem eu”, brincou.

Na próxima entrevista, para sua surpresa, a entrevistadora era do interior de São Paulo, de Araçatuba. “Ela ficou encantada comigo, falamos sobre a nossa região, o Estado de São Paulo e das maravilhas paulistas. Foi um alívio e avancei mais uma vez no processo seletivo. Aí chegou a hora do diretor e novamente achei que não passaria. Mas ele era do Paraná (Londrina) e foi muito gentil comigo. Da sala dele dava para ver o movimento das pessoas, com pacotes na cabeça, aquela confusão. Então ele me chamou na janela e perguntou: você está disposto a trabalhar naquele ambiente? Acha que consegue?. Eu respondi que sim e ele falou que o emprego era meu. Eu falei da faculdade, que ia parar de estudar para poder cumprir o horário e ele não deixou. Ele disse: Vamos fazer o seguinte. Você entra depois da faculdade, mas não vai ter hora para sair. Vai ser o último e vai ficar enquanto tiver serviço. Pode ser? Eu topei na hora”, destacou.

Mateus relembra que chegou em casa radiante, mas preocupado. Comunicou a mãe que conseguiu um emprego espetacular, com um salário enorme, que era cinco vezes o que ele ganhava antes. Mas tinha um problema: era preciso trabalhar com terno e sapato social. “Mais eu não tinha esse tipo de roupa. Não sabia nem usar. Aí minha mãe (e mãe sempre socorre a gente) falou que poderíamos comprar a roupa usando o crédito da minha irmã, que trabalhava no banco e podia parcelar. Foi assim que eu comprei meu primeiro terno. Nem conseguia andar direito, no primeiro dia”, afirmou rindo.

Mateus se destacou entre os demais funcionários das lojas Americanas e chamou a atenção de uma empresa de Manaus (AM), que fez uma oferta irrestível e que o levou para o Estado manauara. “Lá eu tinha veículo e residência por conta da empresa, um salário extraordinário e que me garantia uma boa condição de vida. Era possível poupar e até mesmo investir. Mandava dinheiro para minha família, em Porto Alegre e investia em imóveis e negócios próprios”, explicou.

Algum tempo depois, sentindo a necessidade de voltar para Porto Alegre a fim de cuidar dos pais, Matheus Del Hoyo pediu demissão do emprego em Manaus, sob protesto dos responsáveis pela empresa. “Eles acharam que eu estava louco. Emprego com salário bom, estrutura, carro à disposição e desempenho impecável. Ninguém deixaria um trabalho desse. Mas eu senti que era hora de voltar para a família”, contou.

*Empreendedorimo e crescimento*

De volta à capital gaúcha, o empresário começou a investir em diferentes negócios. Um deles, no ramo de sorvete, começou a prosperar e se destacar. “Eu alugava espaços em lojas, áreas pequenas, para instalar as máquinas. Eu oferecia o equivalente ao valor do aluguel do comerciante, para usar aquele pequeno espaço. E lógico que ele aceitava, porque livrava o valor do aluguel dele só com o meu negócio” pontuou.

Já estabelecido no Sul e sem querer voltar para Marília, Mateus foi surpreendido pela visita de um primo (Carlão), que sugeriu ele levar as máquinas de sorvete para Marília. “Ele disse que seria aniversário da cidade (4 de abril) e que a Esquadrilha da Fumaça ia se apresentar no aeroporto. Seria uma ótima oportunidade de experimentar o sorvete em Marília. Eu topei e fique surpreso. Nunca vendi tanto. A máquina não vencia. Nem dava tempo de o sorvete ficar firme”, relembrou.

Com isso, acabou instalando lojas do Shorbet Ice, que foi a primeira sorveteria ao estilo do Mc Donald’s em Marília. As unidades estavam localizadas na avenida das Esmeraldas (a primeira loja), avenida João Ramalho, rua 9 de Julho, São Luiz e outras regiões. Em pouco tempo o sorvete era o mais conhecido e o que mais vendia na cidade.

*Conhecendo o mundo*

Entre os vários negócios iniciados por Mateus Del Hoyo, o ramo de tatuagens foi o que lhe proporcionou as experiências internacionais. Foi ele quem inaugurou um dos primeiros ateliês de tatuagens em Marília, com o nome de Lalux de Jesus Taguagens e Piercings, K2 Tattoo Shop e Max Tatoo, por influência do irmão, um eximio tatuador, com atividade em Porto Alegre. “Nós fizemos um negócio diferente, trazíamos tatuadores do Sul, nossos desenhos eram inéditos, a técnica era revolucionária e o preço acessível, popular. E com isso conquistamos Marília. Chegamos a ter cinco lojas no Marilia Shopping, Esmeralda, Galeria Athenas (02) e na rua José Sanches Cibantos”, apontou.

O sucesso no mundo da tatuagem levou inclusive o empresário a comandar um programa de televisão, chamado Tatoo Ink. A atração mostrava as tendências do segmento, com a produção de arte, o uso de produtos e equipamentos de última geração. Por iniciativa de um investidor acabou tendo a oportunidade de levar a loja de tatuagem para o então Aquarius Shopping (hoje Marília Shopping).

“Um pessoa influente e bem sucedida, me convidou para abrir uma loja no shopping e foi um sucesso. Em pouco tempo, já estávamos viajando pelo mundo, vendendo as artes para a produção de tatuagens. E a nossa tatoo é diferente, mais colorida, mais viva. Então o pessoal da Europa, dos Estados Unidos, gostam muito das nossas artes”, explicou.

Mateus já visitou mais de 40 países, acumulando vivências e experiências que contribuem para os seus negócios e na sua relação com o meio ambiente, Marília e o convivio com as pessoas. “Eu observo bastante o comportamento das pessoas, a estrutura das cidades e vejo que muita coisa que existe lá fora, pode ser aproveitada aqui dentro. Nosso país é riquíssimo, pela natureza que tem, pelas condições que nós temos. E para sermos melhores, só depende de nós, das escolhas que fazemos. Eu, com essa história de vida, quero fazer muito pela minha cidade. Pelas pessoas que trabalham comigo, que incentivo a empreender e crescer como eu cresci. Eu dou a elas a mesma oportunidade que tive. Acredito que assim podemos ser e fazer as pessoas felizes”, finalizou.

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