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O que esperar da Cúpula do Futuro, evento-chave antes da Assembleia Geral da ONU

Existe outra maneira de administrar o mundo? E, diante de tanta turbulência, como tornar o futuro mais justo? Este mês, um grande evento na sede da ONU está sendo anunciado como uma oportunidade única para a comunidade internacional traçar um novo caminho, para o benefício de todos.

Em 2020, a ONU completou 75 anos e marcou a ocasião iniciando uma conversa global sobre esperanças e medos para o futuro. Começava um processo que levou a convocação da Cúpula do Futuro, quatro anos depois. O evento acontece neste mês de setembro em Nova Iorque, pouco antes do debate anual de alto nível da Assembleia Geral.

O que é a Cúpula do Futuro

A cúpula foi concebida no auge da pandemia da Covid-19, quando havia uma percepção nas Nações Unidas de que, em vez de cooperar para enfrentar essa ameaça global que afetava a todos, os países e as pessoas se distanciavam.

“Fomos realmente confrontados com a lacuna entre as aspirações de nossos fundadores, que estávamos tentando celebrar no 75º aniversário, e a realidade do mundo como ele é hoje”, diz Michele Griffin, diretora de Políticas da Cúpula. “Os problemas que enfrentamos, as ameaças, mas também as oportunidades e as imperfeições na forma como respondemos”.

Greta Thunberg, ativista climática de 16 anos da Suécia, se une a jovens ativistas climáticos em protesto dem frente à sede da ONU em 30 de agosto de 2019.

ONU/Manuel Elias

Greta Thunberg, ativista climática de 16 anos da Suécia, se une a jovens ativistas climáticos em protesto dem frente à sede da ONU em 30 de agosto de 2019.

Os Estados-membros da ONU pediram ao secretário-geral António Guterres que apresentasse uma visão para o futuro da cooperação global. A resposta foi a Nossa Agenda Comum, um relatório de referência com recomendações sobre uma cooperação global renovada para enfrentar uma série de riscos e ameaças, e uma proposta para realizar uma cúpula voltada para o futuro em 2024.

O evento consistirá em sessões e plenárias baseadas em cinco trilhas principais (desenvolvimento sustentável e financiamento; paz e segurança; um futuro digital para todos; juventude e gerações futuras; e governança global) e outros tópicos que abrangem todo o trabalho da ONU, incluindo direitos humanos, igualdade de gênero e crise climática.

O resultado imediato será uma versão finalizada de um Pacto para o Futuro, com um Pacto Digital Global e uma Declaração para as Gerações Futuras em anexo, que deverão ser adotados pelos Estados Membros durante a cúpula.

Por que a cúpula é importante?

Embora esses temas tenham sido abordados no passado e acordos inovadores, como o Acordo de Paris sobre o clima e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, tenham sido alcançados, há uma percepção geral de que as estruturas da ONU, muitas das quais estabelecidas há décadas, não são mais suficientemente justas ou eficazes.

Para a organização, a Cúpula do Futuro oferece uma chance de cumprir mais plenamente as promessas que já foram feitas, de preparar a comunidade internacional para o mundo que está por vir e de restaurar a confiança.

“O ingrediente mais importante da cooperação internacional é a confiança”, diz Michele Griffin. “Confiança uns nos outros. Um senso de nossa humanidade compartilhada, nossa interconexão. E a cúpula foi criada para lembrar a todos nós, não apenas aos governos e às pessoas que estarão na ONU em Nova Iorque em setembro, mas a todos, que precisamos trabalhar juntos para resolver nossos maiores problemas comuns”.

Delegados jovens participando do Fórum da Juventude que está sendo realizado antes da Quinta Conferência das Nações Unidas sobre os Países Menos Desenvolvidos, LDC5, em Doha, Catar.

UN News/Anold Kayanda

Delegados jovens participando do Fórum da Juventude que está sendo realizado antes da Quinta Conferência das Nações Unidas sobre os Países Menos Desenvolvidos, LDC5, em Doha, Catar.

Quem são os principais participantes?

A Cúpula do Futuro será precedida por dois Dias de Ação, também realizados na sede da ONU. Representantes da sociedade civil, do setor privado, do meio acadêmico, autoridades locais e regionais, jovens, Estados-membros e muitos outros terão a oportunidade de se envolver nos principais temas do evento.

“Quando olhamos para a ONU, pensamos que os governos são os principais atores”, diz Griffin. “E isso é verdade. Eles são os que se sentam à mesa, mas o fazem em nome de seu povo.” “Os atores da sociedade civil e os jovens estiveram envolvidos o tempo todo e estarão na cúpula”, explica Griffin.

“O setor privado estará aqui em reconhecimento ao enorme papel que desempenha na formação da vida e das oportunidades das pessoas hoje. Esta cúpula é para e por todos, e todos devem se ver refletidos nela”, adiciona.

O que acontecerá em seguida?

Os organizadores da cúpula enfatizaram que o encerramento do evento não será o fim das discussões e das questões levantadas durante os quatro dias. Michele Griffin descreve a reunião de líderes como o início de um processo: “A maioria das sementes que plantamos nesta cúpula levará algum tempo para crescer e florescer”, diz ela, “e todos nós temos que estar envolvidos na responsabilização dos governos para que cumpram seus compromissos no cenário internacional”.

Após o evento, o foco passará a ser a implementação das recomendações e promessas contidas no Pacto para o Futuro.

Em novembro, o Azerbaijão sediará a 29ª Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, COP29, na qual o financiamento climático será uma das principais prioridades da agenda. Em dezembro, ocorrerá a Conferência das Nações Unidas sobre Países em Desenvolvimento Sem Litoral, em Botsuana, na qual serão buscadas soluções para o desenvolvimento sustentável.

Em junho de 2025, os esforços para reformar a arquitetura financeira internacional, incluindo órgãos como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, que decidem como e sob quais condições conceder empréstimos, subsídios e assistência técnica aos países em desenvolvimento, serão intensificados na Espanha, na Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento.

Como as pessoas se podem envolver?

A iniciativa Act Now, ou Aja Agora, é a campanha global da ONU para incentivar todas as pessoas a defenderem um futuro melhor, mais pacífico e sustentável.

A plataforma tem como objetivo aumentar o número de pessoas que estão se manifestando e fazendo uma diferença de forma positiva, seja por meio de trabalho voluntário em sua comunidade local, participando da tomada de decisões locais ou simplesmente mudando seus hábitos de consumo para viver uma vida mais ambientalmente responsável.

Na preparação para a cúpula, o Escritório da Juventude da ONU também está estimulando os jovens e seus aliados com o lançamento da campanha #YouthLead, ou liderança juvenil, um apelo aos líderes mundiais para que tornem a formulação de políticas globais mais representativa das comunidades às quais servem.

FONTE:ONU NEWS

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