Alesp já homenageou cidadão japonês com trabalho semelhante ao vencedor do Nobel da Paz de 2024
Na manhã desta sexta-feira (11), a organização japonesa Nihon Hidankyo venceu o prêmio Nobel da Paz de 2024. O grupo reúne sobreviventes dos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki em 1945 e luta pela abolição das armas nucleares. Eles foram premiados pelo “esforço em alcançar um mundo livre desse tipo de arma e por demonstrar, por meio de relatos de testemunhas, que armas nucleares nunca mais devem ser usadas”.
Há cinco anos, em 2019, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo concedeu a maior honraria do Legislativo Paulista a um japonês que realizava um trabalho muito semelhante ao da associação laureada com o Nobel da Paz. O ex-soldado da Guarda Imperial Japonesa, Takashi Morita sobreviveu ao bombardeio de Hiroshima e, em 1984, fundou a Associação Hibakusha-Brasil pela Paz, que também lutava, do outro lado do globo, pelo fim das armas nucleares.
“Eu tenho 95 anos de idade e estou muito emocionado. Muito obrigado aos brasileiros. Precisamos muito de paz, desse pensamento. Na época eu era soldado da Polícia Militar. Estava andando na rua quando a bomba caiu a 1,3 quilômetro de mim. A cidade, de repente, estava tomada pelo fogo. Em 73 anos, não me esqueci. Graças a Deus eu tenho sorte, minha vida parou só por dois anos. Nunca mais o mundo deve ter pensamentos [desse tipo], e guerras não devem mais acontecer”, contou Takashi Morita na Sessão Solene que o homenageou com o Colar de Honra ao Mérito Legislativo.
A história
Quando presenciou o lançamento das bombas nucleares no Japão, Takashi Morita tinha 21 anos.
Nove anos depois, em 1956, ele veio para São Paulo com a esposa e dois filhos. Assim como muitos dos japoneses que chegaram ao Brasil, ele desembarcou no Porto de Santos e seguiu para a Capital paulista. Cerca de 28 anos depois, decidiu fundar uma organização de apoio aos hibakushas – nome em japonês dado aos afetados pelos bombardeios de 1945.
O objetivo do grupo sempre foi buscar suporte do governo japonês para os sobreviventes que viviam do outro lado do mundo e lutar pela paz e contra a proliferação de armas nucleares. Na Alesp, o grupo participou de debates sobre desarmamento nuclear, em 2009, e de uma homenagem aos atingidos pelo tsunami de 2011 no Japão.
Além do Colar de Honra ao Mérito, Takashi Morita foi homenageado na Alesp pelo menos em mais três oportunidades – 2011, 2016 e 2015. Esta última rendeu à Assembleia um quadro e uma obra de arte em celebração à cultura da paz. As peças estão expostas há quase dez anos no Espaço Villas Boas, no andar Monumental.
Em 2011, a Casa eternizou, por meio da Lei 14.497/2011, o nome de Takashi Morita na Escola Técnica Estadual Santo Amaro. A Etec na Zona Sul foi palco, em março de 2024, do aniversário de cem anos de Morita. Cinco meses depois, em agosto deste ano, Morita faleceu.
FONTE: ALESP