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Programa do MEC prepara futuros professores para educação de grupos sub-representados

No cenário dinâmico e diversificado das instituições de ensino superior, uma ação da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) tem a missão de preparar os futuros professores do Brasil para atuar em sala de aula. Ao participar do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), os alunos de licenciatura irão contribuir para a formação de uma sociedade mais moderna, em dia com as novas demandas e necessidades do século 21. Neste contexto, a reflexão sobre a inclusão de grupos sub-representados no ambiente acadêmico leva em consideração necessidades, diversidades e especificidades.

Em Tacaratu, Pernambuco, a identidade do povo Pankararu é componente essencial das dinâmicas pedagógicas trabalhadas por Flávia Elís de Oliveira Silva, indígena e moradora na aldeia Brejo dos Padres. Bolsista do Pibid, Flávia é graduanda em Licenciatura Intercultural Indígena na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e tem atuado em conjunto com outras beneficiárias do Programa, em projetos que incluem a língua Pankararu, as danças tradicionais, o artesanato, a culinária típica e os patrimônios materiais e imateriais. Flávia também é graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e pós-graduada em Coordenação Pedagógica Escolar e Gestão de Projetos pela Faculdade Dinâmica Vale do Piranga (Fadip).Flávia Elís de Oliveira Silva é Tacaratu (PE). Arquivo Pessoal

Para Flávia Elís, participar do Pibid é um desafio. Uma vez por mês, ela viaja mais de 300 quilômetros para chegar a Caruaru, onde as aulas são ministradas. Já as dificuldades no processo de estudo, ela acredita, variam conforme cada estudante, “mas alguns desafios comuns são a adaptação ao ambiente universitário, a demanda de leituras e atividades acadêmicas, a conciliação entre os estudos e o trabalho na comunidade, e a valorização e preservação da cultura indígena frente a influências externas”.

Flávia explica que, considerando demandas especificas e promovendo ambientes adequados, os indígenas se sentem acolhidos. E acrescenta que a formação pedagógica intercultural, que alia os saberes próprios das comunidades indígenas às práticas educativas, atenuam dificuldades e tornam o estudo mais leve

A aprendizagem que resulta da troca de conhecimentos também é apontada como aspecto significativo do Pibid pelo estudante Elvis Gley Silva dos Santos Filho, 22 anos, licenciando em Letras-Libras/ Língua Portuguesa como segunda língua, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Para Elvis, essa interação acontece tanto na universidade, na condição de estudante, quanto na escola pública, em Natal, onde pratica as atividades do Pibid.

Elvis, que é surdo, conta que teve uma trajetória de aprendizado difícil até a graduação, por frequentar escolas sem metodologia de ensino para surdos. Ele revela que ao entrar na universidade encontrou um lugar acolhedor “com educadores competentes, especializados no ensino de Libras e Português para surdos”. Através do Pibid, vivenciou uma experiência de ensino que analisa as curiosidades, dificuldades e dúvidas dos alunos surdos de modo a desenvolver metodologias para melhorar o conteúdo da sala de aulaElvis Gley Silva dos Santos Filho é licenciando na UFRN. Arquivo Pessoal

A bandeira por mais pessoas surdas ocupando escolas e universidades também é levantada por Thaís Helen Cortez, estudante de Libras na UFRN e bolsista do Programa Residência Pedagógica da CAPES. Ela afirma que a comunidade surda precisa de respeito e equidade e as singularidades e especificidades de aprendizagem de cada um/uma precisam ser levadas em conta. “É preciso mais diálogos, fomento às universidades para equipar melhor os cursos de Letras-Libras, Pedagogia Bilíngue e Educação Especial, além de investir em cursos como esses em universidades que ainda não os oferecem”, enfatiza.

A ideia de que o respeito à diversidade será capaz de formar futuros professores mais preparados também está presente na outra ponta do Programa, onde coordenadores de áreas das universidades elaboram metodologias inclusivas para grupos sub-representados.

O Pibid História Podcast, série de conteúdos em áudio feito por bolsistas do Programa vinculados à Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), tem contribuído para a qualificação profissional dos estudantes de História nas escolas ao debater, de forma criativa, as trajetórias de povos africanos e afro-brasileiros. Para a idealizadora do podcast, Maria Emília Vasconcelos, professora de História e Cultura Afro-brasileira e coordenadora de área do Pibid, “é desejável que futuros professores tenham formação adequada para lidar, em sala de aula e fora dela, com temas sensíveis e dolorosos, como o preconceito racial”. Responsável por elaborar e conduzir o projeto, a coordenadora entende que “cabe à disciplina de História abordar processos de lutas, interpretações sobre o passado, expectativas para o futuro, e a construção de imagens positivas sobre africanos e afrodescendentes no País”.Maria Emília Vasconcelos é professora na UFRPE. Arquivo Pessoal

Flávia, Élvis, Thaís e Maria Emília têm a certeza de que essa educação com “cara de Brasil” será capaz de formar profissionais mais preparados, que valorizem verdadeiramente a singularidade e a diversidade do povo brasileiro

Por Capes. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC)

Link: https://www.gov.br/capes/pt-br/assuntos/noticias/pibid-educacao-com-cara-de-brasil

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