Negócios da Sociobio marcam presença em Congresso Internacional de Nutrição Funcional 2024
Uma das maneiras de conhecer a sociobiodiversidade brasileira é através do prato: cada bioma tem sua identidade impressa em alimentos icônicos. Para que mais pessoas estejam próximas da nossa diversidade de sabores e, por consequência, mais conectadas com a natureza, uma das estratégias dos negócios da sociobiodiversidade é estar mais próximo dos profissionais da nutrição.
Por isso, durante os dias 19, 20 e 21 de setembro, a Central do Cerrado e o Ecocentro marcaram presença no XVIII Congresso Internacional de Nutrição Funcional, a ação teve apoio do WWF-Brasil e da Conexsus. Esse evento, o maior do setor de nutrição funcional do mundo, reúne profissionais, pesquisadores e empresas. Foram cerca de 5.000 pessoas e 110 marcas participando do congresso em 2024, durante os três dias, na capital de São Paulo.
Os produtos da sociobiodiversidade e a cozinha
A participação da Central do Cerrado e do Ecocentro aconteceu em dois espaços. O primeiro, um estande com produtos de associações e cooperativas de 10 estados, reunindo produtos dos biomas Cerrado, Caatinga e Amazônia, como mel de abelha sem ferrão, castanha de baru, farinhas de babaçu e buriti, óleo de coco babaçu, mix de castanhas brasileiras, licuri, barutela, geleia de umbu, castanha de pequi, cerveja de umbu, entre outros. O público pôde experimentar a variedade de sabores e aromas, vislumbrando a contribuição de povos e comunidades tradicionais tanto para a gastronomia, quanto para uma economia sustentável. O local contou também com o apoio da USAID.
O segundo espaço, inédito na nossa atuação no evento, foi a cozinha-show. A atração foi comandada pela chef Roberta Azevedo e trouxe chefs importantes, como Rodrigo Oliveira (chef e proprietário do restaurante Mocotó, em São Paulo), Fran Tonello (que comanda uma escola de culinária homônima) e Dona Socorro (quebradeira de coco babaçu e liderança comunitária no território do Bico do Papagaio, em Tocantins). No total, foram mais de dez cozinheiros preparando pratos com ingredientes da sociobio, como flocão de milho crioulo, farinha de mesocarpo de coco babaçu, óleo de macaúba, nibs de cacau, mel de abelha nativa, e pimenta de macaco, entre outros.
Ambos os espaços fizeram a ponte entre gastronomia sustentável, alimentação, natureza e valorização das comunidades tradicionais. “Esses eventos são uma oportunidade da população ter mais proximidade e construir uma relação com os produtos da sociobioversidade,” nas palavras de Ana Carolina Bauer. “E, nesse sentido, [são uma oportunidade de] promover a conservação da biodiversidade através do seu consumo”, completa a analista de conservação do WWF-Brasil.
O Congresso Internacional de Nutrição Funcional se mostrou também um ambiente estratégico para o fortalecimento de parcerias, troca de experiências e expansão de redes de contato. Ao integrar nutrição clínica funcional e culinária sustentável, o evento ressaltou o valor do pequeno produtor e das práticas que colocam a terra e a biodiversidade no centro das questões alimentares. “Promover os produtos da sociobiodiversidade em feiras como essa reforça a importância desses itens na composição de uma alimentação mais saudável,” aponta Ícaro Carvalho, analista de conservação do WWF-Brasil. É uma relação em que todo mundo ganha: “ali tínhamos uma diversidade de produtos que fazem bem para o paladar, para a saúde e também para o planeta”, aponta Ícaro. A iniciativa gera também impactos positivos na cadeia de valor, já que ajuda a impulsionar negócios de impacto social e ambiental, ao dar visibilidade aos insumos e aos negócios da sociobiodiversidade.
O que são negócios da sociobiodiversidade?
Chamamos assim os negócios que atuam com produtos e cadeias da biodiversidade brasileira, manejadas ancestralmente por comunidades e povos tradicionais. No Cerrado, se destacam a cadeia do baru, do capim dourado, buriti, pequi e do babaçu. Na Amazônia, se destacam a cadeia da castanha, óleo de andiroba, manteiga de cupuaçu, borracha nativa e do mel de abelha nativa.
Esses negócios são, ao mesmo tempo, atividade econômica e serviço ambiental, uma vez que o bioma conservado gera alternativa de renda e contribui para a diminuição dos impactos das mudanças climáticas. Além disso, na medida em que permitem às populações tradicionais se manterem em seu território, com as suas tradições, possui impacto social e cultural positivo.
FONTE;WWF BRASIL