Bloco governista perde maioria em eleição realizada no Parlamento no domingo
O bloco governante, composto pelo Partido Liberal Democrático (PLD), que está no poder, e seu parceiro Komeito, não conseguiu a maioria das cadeiras na Câmara dos Representantes do Parlamento na eleição realizada no domingo (27). A coalizão conseguiu 215 assentos, muito longe da maioria de 233. Já o maior partido da oposição, o Partido Democrático Constitucional do Japão (CDPJ), obteve ganhos significativos, passando de 98 para 148.
A situação força o primeiro-ministro Shigeru Ishiba (PLD), que assumiu recentemente seu posto, a buscar apoio adicional às decisões do governo fora da coalizão PLD-Komeito, noticiou a Kyodo News.
Ishiba, no entanto, não pareceu preocupado. Ele expressou entusiasmo em formar um novo governo liderado por seu partido, sabendo que a oposição, composta por forças liberais e de direita, também devem ter dificuldades para cooperar na formação de uma coalizão devido a diferenças em seus objetivos políticos.
O resultado desanimador da eleição ressaltou a desconfiança do eleitorado no PLD após o escândalo de mal-uso de fundos partidários, sinalizando uma mudança sísmica no apoio que lhe permitiu retornar ao poder em 2012 após um período na oposição.
Ishiba entendeu que o PLD “estava longe de ganhar a compreensão do público” sobre o escândalo dos fundos secretos. Mas expressou esperança de continuar liderando o governo para promover as políticas da coalizão.
Tiro saiu pela culatra
Analistas dizem que o “tiro” de Ishiba, de dissolver a poderosa Câmara Baixa apenas oito dias após assumir o cargo em 1º de outubro e convocar uma eleição, saiu pela culatra.
Os problemas do PLD se agigantaram nos últimos dias da campanha eleitoral quando foi revelado que a sigla havia fornecido 20 milhões de ienes para capítulos locais liderados por alguns candidatos não endossados e atingidos pelos escândalos financeiros.
Os líderes da oposição rapidamente aumentaram as críticas, acusando o partido governante de apoiar secretamente os candidatos.
O líder do Komeito, Keiichi Ishii, que assumiu o cargo há apenas um mês, perdeu seu mandato, tornando-se o primeiro chefe do parceiro de coalizão a sofrer uma derrota desde 2009. O partido apoiado pela organização leiga budista Soka Gakkai, que detinha 32 assentos antes da eleição, perdeu cerca de 10 deles.
O ministro da Fazenda Yasuhiro Ozato foi derrotado por seu rival do partido da oposição. O ministro da Justiça Hideki Makihara também perdeu seu assento.
O oposicionista CDPJ garantiu mais de 140 assentos, um aumento acentuado de 98. “Os eleitores escolheram qual partido seria o mais adequado para pressionar por reformas políticas. É por isso que recebemos tanto apoio”, disse o chefe do CDPJ, o ex-primeiro-ministro Yoshihiko Noda.
Analistas dizem que uma opção para o PLD é buscar a cooperação do Partido Democrático para o Povo, que viu seus assentos mais que quadruplicarem.
Mas o líder do partido, Yuichiro Tamaki, no entanto, rejeitou a ideia de se juntar à coalizão governante, enquanto o Partido da Inovação do Japão, outra força da oposição, também é contrário à ideia de trabalhar com o PLD-Komeito.
A participação dos eleitores foi de 53,81%, segundo estimativa da Kyodo News, ou cerca de 2 pontos percentuais a menos do que na eleição anterior em 2021 e provavelmente a terceira menor na era pós-guerra. O número de legisladoras chegou a 55, um recorde.
Na votação realizada no domingo, cada eleitor deu dois votos, um para escolher um candidato em um distrito eleitoral de assento único e o outro para selecionar um partido na seção de representação proporcional.
Embora Ishiba tenha prometido priorizar várias frentes de batalha, como o impacto da inflação no orçamento das famílias, a defesa do Japão contra as ameaças de vizinhos, o impacto do escândalo dos fundos partidários reduziu o apoio do eleitor.
O resultado da eleição da Câmara Baixa representa agora um desafio assustador para Ishiba, enquanto ele busca reconstruir o PLD antes da eleição da Câmara dos Conselheiros no próximo verão.
Foto: Reprodução/NHK
Primeiro-ministro Shigeru Ishiba
FONTE: ALTERNATIVA ON LINE